segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Na Estrada 100 no Rancho Ventania - Primeiro encontro de 2016



Primeiro encontro do motogrupo Na Estrada 100. 
Dia 24 de Janeiro de 2016, Rancho Ventania, em Osório - RS. 
  
Estar entre tantos irmãos é um privilégio de poucos. 

Na Estrada 100





Os Irmãos

As nossas cunhadas



segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Expedição 2015 – Argentina e Chile



Inicio aqui o relato de nossa viagem pela Argentina e Chile entre os dias 04 e 15 de dezembro de 2015, realizada por mim (moto Triumph Tiger 800 XCX, ano 2015), partindo de Porto Alegre, RS e pelo amigo Jorge Luiz Campos Moreira (Honda CB 500 F ano 2015), partindo da cidade de Pinheiro Machado, RS. O destino final são as cidades de Santiago, Viña de Mar e Valparaíso, no Chile.
Optamos por não fazermos reservas prévias de hotéis nas cidades por onde planejamos passar, pois desta forma nos permite maior liberdade nas possíveis alterações de roteiro que porventura sejam necessárias. Os hotéis foram escolhidos no momento da chegada em cada cidade, tomando informações com pessoas locais e pela indicação do GPS. Planejamos paradas de descanso a cada 150 a 200 Km percorridos, sempre acompanhas de reabastecimento do combustível das motos.
Dia 04 de dezembro de 2015, sexta-feira. Saí de Porto Alegre em torno das 4:15 horas da manhã em direção à fronteira oeste do estado do Rio Grande do Sul.
Neste primeiro dia o plano é ir até a cidade de Uruguaiana, fronteira com a Argentina, onde encontrarei o amigo Jorge Luiz Campos Moreira, vindo da cidade de Pinheiro Machado.  De lá seguir até a cidade de Federal, já na Argentina, onde passaremos a primeira noite.
O trajeto foi feito  pela BR 290 até Uruguaiana. A primeira parada para abastecer foi a 169,6 Km, no posto de combustíveis Müller no Km 262,  município de Cachoeira do Sul. Ao lado tem um paradouro com restaurante e lanchonete chamado Papagaio.  A segunda parada foi com 300 Km, às 7:55 h, na localidade de Santa Margarida do Sul, porém o posto de combustíveis estava sem gasolina. Optei por tomar um café no restaurante Santa Margarida, ao lado do posto, no Km 392. O local é bastante simples e muito agradável, com um atendimento muito simpático e amável. Segui adiante por mais de 29,3 km onde, parei para abastecer no km 421, no posto Batovi, já no município de São Gabriel às 8:35 h. A próxima parada para abastecimento foi às 10:08 h, no posto Texacão, no Km 575, já com 484 Km rodados, no município de Alegrete. Antes de entrar em Uruguaiana, em torno das 12:15 h, ainda fiz mais uma parada para tomar um café e espantar o sono, desta vez no posto Conesul, no Km 714, já na entrada da cidade. Até ali havia rodado 623 Km desde minha saída de Porto Alegre.
Uruguaiana - RS
Em Uruguaiana almocei na casa do colega e amigo Eduardo Costa. Mais tarde, em torno das 15 horas, encontrei o Jorge que acabara de chegar para darmos seguimento a nossa viagem. Antes de sairmos ainda passamos pela praça da cidade onde existe uma cafeteria muito interessante e agradável, chamada Café da Praça. Ali conhecemos um escritor local, chamado Paulo Ricardo Aguirre Moreira, que nos presenteou com uma de suas obras.
A cidade de Uruguaiana está localizada no extremo oeste do Rio Grande do Sul, fazendo fronteira com a cidade de Paso de los Libres, província de Corrientes, na Argentina. Possui uma população de cerca de 116.000 habitantes e está às margens do rio Uruguai. Tem uma posição importante nas rotas de comércio na América do Sul por sua situação equidistante em relação às cidades de Porto Alegre, Buenos Aires, Montevideo e Assunção. A economia está baseada na plantação de arroz e na pecuária. Para se entrar na Argentina a partir de Uruguaiana, é necessário atravessar uma ponte que está sobre o rio Uruguai, que faz a união dos dois países, cujo nome é Ponte Getúlio Vargas – Agustín Pedro Justo.
Antes de sairmos de Uruguaiana abastecemos as motos, pois a gasolina na Argentina é mais cara do que no Brasil. Chegamos na aduana argentina em torno das 17 horas, pelo horário de Brasília. Na Argentina e no Chile não há horário de verão, o que nos coloca uma hora à frente. A passagem pela aduana argentina é bem tranquila. Os documentos necessários são o licenciamento da moto, carteira de identidade ou passaporte e a carta verde. Para veículos que estejam alienados é necessário a liberação da instituição financeira para que possa sair do país. Também é necessário, caso o veículo esteja em nome de outra pessoa, autorização do proprietário legal.
Após entrarmos na Argentina, pela província de Corrientes, seguimos pela RN 117 por cerca de 11 Km até atingirmos a RN 14, uma autoestrada de muito boa pavimentação, com duas pistas de cada lado. No caminho paramos para abastecer na “estácion de servicios” (que é como chamam os postos de combustíveis na Argentina) El Narajal, com cerca de 100 Km rodados desde Uruguaiana, na localidade de Colonia Libertad Monte Casero, no Km 429. São cerca de 77 Km desde a aduana e 66 Km desda o acesso à RN 14. O atendimento no local é muito gentil, desde os frentistas até as funcionárias da loja de conveniências.  Seguindo mais cerca de 28 Km entramos na RN 127, que é uma rodovia de duas vias simples, com um pavimento bastante ruim, talvez o pior que passamos em toda Argentina já que, via de regra, as estradas do país são excelentes. Andamos por cerca de 126 Km até chegarmos na cidade de Federal, em torno das 20 horas, horário local (21 horas de Brasília). Foram cerca de 230 Km desde Uruguaiana.
Federal é a capital do departamento do mesmo nome, localizado na província de Entre Rios, no nordeste do país. O departamento tem uma popupalção de cerca de 25.000 habitantes. A cidade, em si, é bastante pequena e distribuída ao longo da RN 127.
Ao chegarmos em Federal fomos procurar um hotel para nossa hospedagem. Ali tivemos a primeira amostra da hospitalidade do povo argentino. Perguntamos a um casal, que conversava naquele final de tarde em frente sua casa, onde poderíamos encontrar hospedagem. O senhor levantou-se e, subindo em sua scooter, nos conduziu até um local onde poderíamos ficar.  Naquela noite ficamos no Hotel Yatay (Boulevard Antello, 1195). O valor da diária para um quarto duplo foi de 400 pesos argentinos, o equivalente a cerca de R$ 100,00, não aceitando cartões de crédito ou outra moeda que não seja Peso argentino. Como eles dizem é somente “en efectivo”, ou seja, em dinheiro local. Ali descobrimos que na cidade ninguém aceita Dólar nem Real e que cartão de crédito também é muito difícil. O hotel é bastante simples porém com estacionamento fechado e com segurança para as motos, assim como os quartos bem higienizados.
Naquela noite jantamos em um restaurante próximo ao hotel, onde comemos um “assado con acompanhamento” ou seja, uma carne assada na parilla, espécie de grelhado, acompanhado com salada verde e batatas fritas. Terminamos o dia com 879,2 Km rodados e, segundo o computador da moto, com 10:09 horas de pilotagem.
No dia seguinte, 05 de dezembro, tomamos o pior café da manhã de toda a viagem. No hotel servem envelopes com café instantâneo, leite em pó, açúcar e adoçante, água quente em uma garrafa térmica e alguns croissants, que eles chamam de “media lunas”, sem qualquer acompanhamento. Foi a única vez em toda viagem que vi o Jorge indignado.
Abastecemos as motos em um posto próximo ao hotel, já na saída da cidade. Ali conhecemos duas senhoras muito simpáticas que também estavam viajando e desejavam saber sobre nossa viagem e sobre as motos. Após algum tempo de conversa, seguimos nosso caminho. Eram cerca de 9:30 horas da manhã. Nosso destino neste dia era a cidade de Rio Cuarto.
Continuamos pela RN 127 por cerca de 136 Km até chegarmos à RN 12, seguindo até a cidade de Paraná, capital da província de Entre Rios, distante cerca de 30 Km de Santa Fé. As duas cidades são separadas pelo rio Paraná. A grande atração local é um túnel que passa sob as águas do rio Paraná, o túnel Subfluvial Uranga-Silvestre Begnis. À medida que vamos chegando próximo a sua entrada, a autopista começa a descer gradativamente. Em pouco tempo já estamos dentro do túnel, sob as águas do rio Parana. Tem uma extensão de cerca de 3 Km, unindo a ilha de Santa Cándida, vizinha à Santa Fé, com a cidade de Parana. Foi montado com 37 cilindros de 67 metros de comprimento, 10 metros de diâmetro e espessura de 50 centímetros, a uma profundidade que chega a 30 metros sob leito do rio e com um sistema de segurança muito bem elaborado.
Chegamos em Santa Fé em torno das 12:30 h onde, após um pequeno lanche, reabastecemos as motos com 225,4 Km rodados desde a saída de Federal. Tentamos fazer câmbio de moeda o que, por se tratar de um sábado, não foi possível.
A caminho de Santa Fé

     
Túnel Subfluvial entre Parana e Santa Fé
Havíamos conhecido Santa Fé durante viagem feita em dezembro de 2014, quando ali paramos para abastecer as motos. Naquele momento conhecemos um motociclista local chamado Rafael, que estava pilotando uma moto Gilera, dos anos 50 e que faz parte de um grupo de motos antigas chamado Agrupación Santafesina de Motocicletas Antiguas (A.S.M.A.). Rafael nos honrou com o convite para fazer parte da página do grupo no Facebook,  mesmo nós não tendo motos antigas e também sem sermos moradores de Santa Fé. Alguns meses antes de viajarmos, entrei em contato com o grupo avisando de nossa passagem pela cidade, pensando em nos encontrarmos. Enquanto estávamos no posto de combustíveis, por aquelas coincidências que não se explicam, um motociclista que por ali passava veio conversar consosco. Descobrimos se tratava de Javier, um dos membros da A.S.M.A. com o qual eu já havia conversado pela internet. Combinamos um encontro quando estivéssemos retornando ao Brasil, pois novamente passaríamos por ali.
Seguimos pela RN 19 até a cidade de San Francisco, já na província de Cordoba, onde paramos para abastecer com 138,6 Km rodados desde Santa Fé. No posto de combustíveis encontramos um grupo de seis motociclistas argentinos que estavam em viagem, Após algum tempo de conversa, fomos convidados a seguir  com eles. Fomos juntos até a cidade de Villa Maria, por mais 164,8 Km pela RN 158, onde novamente paramos para abastecer as motos. Em Villa Maria nos despedimos dos companheiros de viagem e continuamos pela RN 158 em direção à Rio Cuarto, por mais 134 Km.
Nossos companheiros de viagem -Amigos  Motociclistas Argentinos
Chegamos em Rio Cuarto já no final da tarde. Procuramos um hotel sendo escolhido o hotel Menossi (Av. España, 41).  O hotel é bem melhor do que o que havíamos nos hospedado em Federal. O valor cobrado pelo quarto duplo foi de 600 pesos argentinos, cerca de R$ 150,00, e aceitam cartões de crédito.
Optamos por deixarmos as motos abastecidas e revisadas naquele mesmo dia. Fomos a um posto próximo ao hotel onde já estava formada uma grande fila de veículos para abastecimento. Imaginamos que o posto fecharia naquela noite e não abriria no domingo. Permanecemos por um longo tempo na fila até que, ao chegar nossa vez, descobrimos que alguns postos tem um tipo de programa de fidelidade e descontos, o que atrai um maior número de usuários e que, em determinados horários, o movimento é maior.
À noite jantamos pizza em um restaurante ao lado do hotel. As pizzas na Argentina são bastante populares e com preços bem em conta, de maneira geral. Neste dia rodamos 663,9 Km.
Rio Cuarto é a segunda maior cidade da província de Cordoba, com uma população de 60.000 habitantes. Está localizada às margens do rio que lhe denomina e é um ponto importante nas rotas comerciais do país. A economia é baseada no comércio e agropecuária, além de outras indústrias.
Na manhã seguinte, dia 06 de dezembro, domingo, antes de sairmos de Rio Cuarto, fizemos um breve passeio pela cidade. O local é muito agradável e bastante limpo. Algumas pessoas se aproximaram de nós, sempre atraídas pelas motos. Nosso destino neste dia foi a cidade de Mendoza.
Rio Cuarto
Saímos de Rio Cuarto em torno das 9 horas da manhã seguindo por 126 Km pela RN 8 até Villa Mercedes, chegando em torno das 11 horas. Ali reabastecemos as motos e descansamos um pouco. Saindo de Villa Mercedes, seguimos pela RN 7 até San Luis por mais 91,5 Km. Tínhamos a informação de que entre San Luis e Mendoza não existiria postos de combustíveis, o que nos fez realizar novo abastecimento para podermos chegar em Mendoza com tranquilidade. Informação completamente equivocada, pois existem algumas opções de abastecimento na RN 7 entre San Luis e Mendoza. Continuamos pela RN 7 por mais 165,8 Km onde paramos para descansar e abastecer novamente as motos. Retomamos a viagem pela mesma rodovia por mais 114,4 Km até chegarmos no Hostel Mendoza Inn,  local em que ficamos hospedados na cidade. Ficamos em um quarto compartilhado com quatro camas e banheiro privativo, ao preço foi de 180 pesos argentinos (cerca de R$ 45,00) por pessoa sendo que, após uma boa conversa com o recepcionista, conseguimos que não fossem ocupadas as duas camas restantes naquela noite. Não aceitam cartões de crédito nem outra moeda que não seja Peso argentino. Conseguimos fazer câmbio de moeda na rua (literalmente) onde, mesmo aos domingos, existem pessoas à procura de turistas para efetuarem câmbio e oferecerem hospedagem. Por incrível que pareça, é bastante seguro.
      
Saída de Villa Mercedes

RN 7
O Hostel Mendoza Inn (Arístides Villanueva 470, Ciudad, Mendoza) é um local extremamente agradável, com um atendimento que nos faz sentir em casa. O único problema é a falta de estacionamento. Martin, o recepcionista do hostel, conseguiu que guardássemos as motos no interior de uma oficina de bicicletas contígua à casa. Em relação aos quartos, não se pode dizer que as camas eram as melhores do mundo, mas foram o suficiente para descansarmos pois, no dia seguinte, enfrentaríamos a Cordilheira dos Andes. Naquela noite jantamos em um restaurante próximo, chamado Aldea. Um jantar com os já costumeiros dois litros de cervejas saiu por 225 pesos por pessoa (cerca de R$ 56,00). A rua onde o Mendoza Inn está localizado é o local mais badalado da noite na cidade, com diversos bares e restaurantes e muita gente na rua. Um lugar muito legal e que vale à pena ser conhecido.
Ao retornarmos ao hostel, conhecemos um motociclista argentino chamado Nahuel Gouveia, vindo de Buenos Aires e que, no dia seguinte, também iria para Santiago. Estava em uma moto Honda Titan 150 cilindradas, muito organizada e preparada para uma viagem longa. Pode-se dizer que mais preparada do que muitas motocicletas de maior cilindrada que já vi. Combinamos de cruzarmos juntos a Cordilheira dos Andes, seguindo até Santiago, no Chile. Neste terceiro dia rodamos 497,2 Km desde que saímos de Rio Cuarto.
Mendoza é a capital da província de Mendoza, no oeste da Argentina. Tem uma população de cerca de 115.000 pessoas, sendo a quarta maior cidade do país. É referência na produção de vinhos e azeite e um dos locais turísticos mais visitados da Argentina. Produz 70% do vinho argentino e é a 5ª maior produtora mundial da bebida, com cerca de 1 bilhão de litros por ano.
Hostel Mendoza Inn 
Na manhã do dia 07 de dezembro, segunda-feira, levantamos cedo e, após o café da manhã (muito bom, para os parâmetros argentinos), abastecemos as motos e seguimos viagem em direção ao Chile. Eram cerca de 9:30 horas da manhã. Rodamos cerca de 32 Km pela RN 40 em direção sul onde entramos à direita na RN 7, por mais cerca de 93 Km até a cidade de Uspallata, onde chegamos em torno das 12:20 horas, com 125 Km rodados. Por que levar 3 horas para rodar apenas 125 Km? Simples: O trajeto é belíssimo, com uma vista da cordilheira à distância que vem se aproximando aos poucos, à medida que prosseguimos a viagem. Isso faz com que as paradas para fotografias sejam muito freqüentes, aumentando muito o tempo de viagem.

RN 7 - A caminho da Cordilheira dos Andes

RN 7 - A caminho da Cordilheira dos Andes
                         
RN 7 - A caminho da Cordilheira dos Andes
RN 7 - A caminho da Cordilheira dos Andes
Cordilheira dos Andes
Uspallata é uma pequena cidade, com cerca de 3.500 habitantes, localizada aos pés da Cordilheira dos Andes, no lado argentino. Ali paramos para reabastecer as motos e nos hidratarmos.
Partimos de Uspallata pela RN 7 em direção à cordilheira. Esta rodovia nos leva até a fronteira com o Chile. Estar aos pés de tamanha obra da natureza nos faz sentir como se estivéssemos aos pés de Deus. À medida que vamos subindo, a beleza e a imponência da paisagem vai invadindo nossa alma e nos enchendo de emoção. As paradas para tirar fotografias são tão frequentes e nos fazem esquecer do tempo. O horário previsto para chegar em Santiago perde toda a importância. É como se não quiséssemos que aqueles quilômetros terminassem. A preocupação maior é saber o que encontraremos adiante. A subida é quase imperceptível, só nos fazendo tomar conhecimento da altitude quando, lá em cima, a baixa pressão atmosférica nos faz ter os primeiros sintomas de uma leve dificudade para respirar, que não chega a comprometer qualquer função. A Titan de nosso novo amigo sofreu um pouco durante a subida, obrigando-o a retirar o filtro de ar.  
Uspallata
Dentre as várias paradas para contemplar a natureza, é obrigatório o local denominado Ponte Inca. A Ponte Inca é uma formação rochosa da era glacial que, por um processo natural, sofreu solidificação e recebeu uma coloração peculiar em tons de amarelo, laranja e ocre. Está localizada no Departamento de Las Heras, distrito de Las Cuevas a uma altitude de 2.700 metros acima do nível do mar. A população, segundo dados de 2001, era de 132 pessoas. Lá existem as ruínas de um hotel que fora construído em 1925 e destruído por uma avalanche em 1965, restando apenas uma pequena capela que ainda se mantém em pé. No local existe um comércio de artesanatos típicos, com diversas tendas e algumas pequenas lojas.
Muito perto dali, a cerca de 250 metros a oeste, está a entrada do Parque Nacional do Aconcágua, que dá acesso ao morro do Aconcágua, ponto mais alto da América do Sul, com 6962 metros acima do nível do mar.


Subindo a Cordilheira
Subindo a Cordilheira
Subindo a Cordilheira



Ponte Inca - Nahuel, Jorge e Marcos
Jorge
Chegamos na aduana do Chile em torno das 15:30 horas, com 94 Km desde Uspallata, ou seja, levamos quase três horas para percorrermos esta distância. O movimento era intenso e as orientações precárias, o que nos fez ali permanecer por cerca de 3 horas até que completássemos a burocracia necessária para ingresso no país. Posteriormente descobrimos que dia 7 de dezembro era feriado no Chile e na Argentina, fazendo com que o movimento estivesse acima do habitual.
A estrada, tanto no lado argentino como no lado chileno da cordilheira, tem diversos túneis, alguns sob os morros outros apenas cobrindo a estrada, onde se destaca o túnel Cristo Redentor, que liga a Argentina ao Chile, estando a 3175 metros de altitude e com extensão de 3180 metros, com metade em cada país.




Entrada no Chile
Eu e o amigo Matias, motociclista chileno.
O tempo passado na aduana nos proporcionou aproveitar um pouco mais aquela paisagem e nos presenteou com o convívio com outras pessoas, em especial o casal de motociclistas chilenos Matias e Natalia, em uma Kawasaki Vulcan. Algumas amizades nascem sem que haja uma explicação lógica. Foi o que aconteceu, pois permanecemos mantendo contato com o casal e cultivando uma amizade nascida na estrada.
Após a saída da aduana, seguimos pela ruta 60 descendo a cordilheira. A estrada é muito bem pavimentada e com tantas curvas que pode ser comparada a uma serpente. São mais de 25 curvas muito fechadas em um ângulo de 180 graus e, muitas delas, sem proteção ao lado da rodovia. A adrenalina e a beleza são intensas. A sensação de estar passando no meio da cordilheira é algo indescritível. Neste momento se percebe o quão pequenos somos perante a natureza.
Após “serpentearmos” com nossas motos descendo a cordilheira, chegamos à cidade de Los Andes, no Chile. Às margens da rodovia, no Km 63 (Ruta 60 – Carretera de San Martin), paramos para um lanche em torno das 18:45 horas, no restaurante Estero Verde. Um lugar muito agradável e com um atendimento bastante simpático e cortês. Foi nosso primeiro contato com o povo chileno, nos deixando uma excelente impressão inicial.

Ruta 60 - Descida da Cordilheira no lado chileno.
Chegamos em Santiago em torno das 20:30 horas ainda sem lugar para ficar. Caímos em um lugar belíssimo e com prédios bastante modernos chamado Comuna Providencia. Procuramos alguns hotéis e descobrimos que os preços estavam muito acima do que planajávamos pagar, embora soubéssemos que em Santiago os valores seriam mais altos do que na Argentina. Depois descobrimos que estávamos no que os chilenos chamam de “Sanhatan”, uma mistura de Santiago e Manhatan, que é o local mais caro da cidade. Buscamos informações de hospedagem em uma cafeteria chamada Morning Café (Rua Santa Magdalena, 90), onde fomos recebidos pela Sra. Claudia que foi extremamente prestativa, ajudando-nos na busca pela hospedagem. Naquela noite ficamos em um apart hotel cujo apartamento era de propriedade de uma amiga de Claudia.  Mesmo com preço mais baixo do que os hotéis que havíamos pesquisado, ainda assim estava acima do que planejávamos, além de não aceitarem cartões de crédito e, muito menos, Reais. Apenas pesos chilenos ou dólares (“solamente en efectivo o dollar”). A diária foi de US$ 80,00, o equivalente a R$ 320,00.
Após nos instalarmos, fomos jantar em um dos vários restaurantes próximos. O escolhido, aleatoriamente, foi o restaurante Tip y Tap. Comida excelente com alguns chopps por cerca do equivalente a R$ 87,00 por pessoa.

Santiago - Chile

       
Santiago - Chile


Santiago - Chile

Santiago - Chile

Santiago é a capital e maior cidade do Chile, localizada no vale central chileno, com a Cordilheira dos Andes à leste, a Cordilheira da Costa à oeste,  Cordão Chacabuco ao Norte e Angostura de Paine, ao sul. É a sétima cidade mais populosa, com 5,128 milhões de habitantes, segundo dados de 2014 e a terceira capital com melhor qualidade de vida da América Latina, estando atrás de Montevideo e Buenos Aires. É considerada uma Cidade Global Alfa e o principal centro urbano, financeiro, administrativo e cultural do país, sendo um dos mais importantes centros financeiros da América Latina. Foi fundada em 1541, pelo conquistador espanhol Pedro Valdivia que lhe deu o nome em homenagem ao Apóstolo Santiago, padroeiro da Espanha, se tornando a capital em 1818, quando da independência do Chile. É a terceira cidade latino americana mais poluída, ficando atrás da Cidade do México e de São Paulo.
No dia seguinte, 08 de dezembro, terça-feira, também era feriado em Santiago em homenagem à Inmaculada Concepción, santa padroeira da cidade. Logo cedo fomos procurar um hotel menos caro, tendo encontrado um outro apart hotel no centro da cidade chamado Apart Hotel San Francisco (Rua San Francisco, 415, centro), com um custo de US$ 36,00 a diária, o equivalene a cerca de R$ 144,00, sem café da manhã e com um adicional de US$ 5,00 para estacionar as duas motos. O local é bastante simples e de construção aparentemente dos anos 70, um pouco deteriorada, porém com boa segurança e higiene razoável, embora sem serviço de camareira enquanto estávamos hospedados. O sinal de wi-fi não chega nos quartos, sendo acessável apenas na recepção. Também não aceitam cartões de crédito ou Reais (mais uma vez  “solamente en efectivo o dollar”). O valor de US$ 41,00 (R$ 164,00) por dia é muito caro pela qualidade oferecida no local, quando comparado com os preços no Brasil ou Argentina, porém considerado barato em relação aos preços praticados no Chile. Cabe ainda alertar que, quando nos fornecem o valor não estão incluídos os impostos, que serão somados ao valor final da conta, o que nos pegou de surpresa na hora do pagamento. As atendentes são bastante simpáticas e comunicativas, como de costume no povo chileno. Fiquei com a impressão que se tivéssemos procurado com mais calma, poderíamos ter conseguido hospedagem um pouco melhor. Quando optamos por não fazermos reservas antecipadas, sabíamos que corríamos o risco de não conseguirmos o local mais adequado. De qualquer forma, não se pode dizer que o apart hotel San Francisco seja um lugar que não possa ser recomendado para o tipo de viagem que fizemos. Foi uma escolha razoável.
Ainda pela manhã fomos a um shopping center que, apesar do feriado e para nossa sorte, estava com as lojas em funcionamento. Lá buscamos um quiosque de turismo da empresa Turistik, onde compramos três pacotes de turismo para os três dias que permanecemos em Santiago. Optamos pela visita à vinícola Concha y Toro, por um city tour em ônibus de turismo e por uma excursão à Viña del Mar e Valparaiso. Os três passeios juntos custaram cerca de R$ 440,00 por pessoa.
Naquele primeiro dia fomos visitar a vinícola Concha y Toro. No site da vinícola existem dicas de como chegar lá por conta própria, porém uso da empresa de turismo nos pareceu uma melhor opção. Nos buscaram em um local marcado previamente, dentro do horário combinado, nos levando para a Concha y Toro, com guia de turismo a bordo dando as diversas explicações. A viagem durou cerca de uma hora. A vinícola está localizada no vale do Maipo, na zona rural. O local é belíssimo e com visita guiada de forma muito organizada. É um local que não deve deixar de ser conhecido, principalmente para os apreciadores de vinhos.
Vinícola Concha y Toro

Casillero del Diablo - Vinícola Concha y Toro
No dia 09 de dezembro fizemos o city tour por Santiago em um ônibus de turismo da Turistik. O circuíto inteiro dura cerca de três horas e meia, passando pelos principais pontos da cidade e com diversas paradas de subida e descida. Foi a opção de passeio que nos pareceu mais razoável, visto ao pouco tempo que permanecemos na cidade. Com isso foi possível termos uma idéia geral de Santiago. O ônibus conta com guia de turismo e áudio em cada assento, em diversos idiomas. Ainda existe a possibilidade de descer em qualquer das paradas, conhecer o local e retomar o próximo ônibus. A cidade é muito grande e com diversos pontos turísticos interessantes. Optamos por conhecer o Cerro San Cristóbal.

Cerro San Cristóban

Inmaculada Concépcion - Cerro San Cristóban
O Cerro San Cristóbal é uma montanha com 880 metros de altitude, sendo um resquício da Cordilheira dos Andes, localizado na rua Pio Nono. A maneira mais fácil de se chegar ao topo é utilizando o funicular, que são dois conjuntos de vagões puxados por um cabo de aço que funcionam como um sistema de contra peso. Enquanto um conjunto sobe, o outro desce. Em cima do cerro, no Terraza Belavista, se tem uma visão panorâmica e privilegiada de toda cidade de Santiago. Mais acima está o da Santuário Inmaculada Concepción, com uma uma estátua da Virgen de la Inmaculada Concepción com 14 metros de altura sobre um pedestal de 8,5 metros. No local, aos pés da estátua, existe um grande templo religioso a céu aberto, em formato de anfiteatro e, ao lado, uma pequena igreja de pedras. A sensação que se tem ao estar naquele local é algo indescritível. Por mais queira, não há palavras que expressem a emoção que sentimos. É um lugar que não pode deixar de ser visitado em Santiago do Chile.
Logo abaixo do Cerro San Cristóbal e bem próximo está o museu La Chascona, que é a casa do poeta Pablo Neruda. La Chascona é uma referência aos cabelos da mulher que foi o amor secreto do poeta, chamada Matilde, e que o levou a construir a casa para os dois.
No nosso quarto dia, 10 de dezembro, quinta-feira, fomos conhecer Viña del Mar e Valparaiso. Como de costume, a empresa de turismo nos buscou pontualmente no horário combinado. As duas cidades estão localizadas no litoral do oceano Pacífico, a 121 Km de Santiago e podem ser visitadas em um só dia. A viagem é feita com guia de turismo, com explicações em espanhol, inglês e português.
Viña del Mar, fundada em 1874, é uma comuna da província de Valparaiso. Tem uma população de cerca de 290.000 pessoas. É considerada a capital do turismo no Chile e também conhecida como Cidade Jardim. Um dos cartões postais é o Relógio de Flores, um jardim onde foi construído um relógio com  flores diversas.  A origem do nome da cidade vem dos vinhedos locais, plantados, no passado, na fazenda Las Siete Hermanas, que se fundiu com a fazenda Viña del Mar, dando origem à cidade. Outra atração é o Parque Quinta Vergara, uma grande área verde que abriga o Palácio Vergara, bastante afetado pelo terremoto de 2010 e hoje em reconstrução. Também no parque Vergara está  o Museu de Belas Artes e um anfiteatro com capacidade para 16 mil pessoas que é sede dos principais eventos culturais de Viña del Mar, sendo o principal deles o Festival Internacional da Canção de Viña del Mar, que ocorre anualmente  em fevereiro e onde se apresentam artistas de todo o mundo. Outro ponto que deve ser visitado é o Cassino de Viña del Mar que, além de muito bonito, tem um restaurante com um buffet livre de muito boa qualidade e com preço equivalente a cerca de R$ 50,00. Dentre as cidades irmãs de Viña del Mar, está Florianópolis, em Santa Catarina.

Relógio de Flores - Viña del Mar

Viña del Mar
Saindo de Viña del Mar, fomos para Valparaiso.  Valparaiso é uma cidade portuária, comuna da província de Valparaiso, fundada em 1544. Tem uma população de cerca de 300.000 habitantes e é a sede do poder legislativo do Chile. Em 1827 foi fundado o jornal El Mercurio de Valparaiso, em circulação até os dias de hoje. Foi a sede do primeiro telégrafo da América Latina, em 1852. Tem uma arquitetura muito peculiar, com casas bastante coloridas e ruas construídas nos 42 morros e colinas em direção ao mar, formando verdadeiros labirintos entre estes morros, o que faz com que seja muito fácil ficar perdido. Devido à inclinação dos morros, alguns setores se tornam inacessíveis por veículos, se fazendo necessário o uso de elevadores que comunicam a região costeira com a parte alta da cidade. São um total de 15 elevadors distribuídos entre os diversos setores, declarados como monumentos nacionais. A educação é bastante importante em Valparaiso, com um ensino primário de alto nível onde, dentre as várias escolas, se destaca o Colégio dos Sagrados Corações de Valparaiso, fundado em 1837 sendo a escola particular mais antiga da América do Sul.  Também teu um ensino superior de destaque, abrigando as mais importantes universidades do Chile.

Valparaiso

Valparaiso

Elevadores de Valparaiso

Valparaiso
No dia seguinte, 11 de dezembro, sexta-feira, saímos de Santiago pela manhã. O trânsito intenso e as rotas traçadas pelo GPS nos fizeram rodar muito pela cidade até que conseguíssemos sair. Foi bastante difícil encontrar o caminho, pois as diversas obras nas ruas da cidade faziam com que o GPS recalculasse as rotas a todo instante. Aliado a isto, o calor intenso também foi uma fator complicador bastante grande. Finalmente, após cerca de três horas e meia rodando, conseguimos sair da cidade e rumamos novamente para a Cordilheira dos Andes. A segunda passagem por aquela obra fantástica da natureza é tão emocionante quanto a primeira. A passagem na aduana, saindo do Chile e entrando na Argentina foi muito mais simples do que a entrada no Chile, não sendo demorada.

Saindo de Santiago
Entrando na Argentina, retomamos a RN 7 e fomos até Mendoza, onde novamente nos hospedamos no mesmo hostel (Mendoza Inn). No hostel estavam hospedados dois casais belgas que viajavam em uma moto Honda Falcon NX 400 e uma camionete, saindo do Alaska e tendo a Argentina como destino final, percorrendo 50.000 Km. Naquela noite não conseguimos deixar as motos na oficina de bicicletas, sendo necessário deixá-las em um estacionamento próximo. Neste dia rodamos 394,3 Km.
Despedida do Chile - Subida da Cordilheira

No sábado pela manhã, dia 12 de dezembro, saímos de Mendoza em direção à cidade de Villa Maria. Abastecemos as motos na saída da cidade e continumos pela RN 7, onde passamos por duas praças de pedágio, uma ainda na província de Mendoza onde as motos são isentas e outra já na província de San Luiz, onde motos pagam 5 Pesos argentinos, o equivalente à cerca de R$ 1,25. Chegamos em San Luiz às 11:30 horas, com 270 Km rodados desde a saída do hostel, em Mendoza e com 278 Km desde que abastecemos as motos. Foi o maior trajeto feito sem paradas e sem abastecimento durante a viajem. 108 Km após San Luiz acessamos a RN 8, à direita, em direção a Rio Cuarto. Em Rio Cuarto entramos na RN 158, indo até Villa Maria, onde chegamos em torno das 18:30 horas.
No caminho entre San Luiz e Villa Maria pegamos a primeira chuva da viajem. Foi uma chuva intensa, com um período de queda de granizo, durando desde antes de chegarmos a Rio Cuarto até estarmos próximos à Villa Maria.
Em Villa Maria ficamos hospedados no Hotel Vito (Rua José Ingenieros 571). Um hotel de boa qualidade, com um café da manhã bem razoável e com um preço de 450 pesos a hospedagem em quarto duplo e 50 pesos o estacionamento para as motos, cerca de R$ 125,00, ou seja, R$ 62,50 para cada um de nós. Um local bem recomendável. Foram 646,5 Km rodados no dia.
Villa Maria foi uma agradável surpresa para nós. A cidade é muito limpa, bonita e agradável. Fica na província de Cordoba, no departamento de San Martin, às margens do Rio Tercero o que proporciona um local de lazer e  balneabilidade. A economia é basicamente a pecuária, agricultura e indústrias diversas. A população é de 80.000 habitantes. Enquanto passeávamos pela cidade na manhã do dia 13 de dezembro, paramos em diversos locais, com diversas pessoas vindo conversar sobre as motos e nossa viajem. O carinho e hospitalidade da cidade foi o mesmo encontrado em todo o interior da Argentina.

Villa Maria

Villa Maria

Rio Tercero - Villa Maria

Novos amigos, em Villa Maria
Partimos de Villa Maria em torno das 11:40 horas pela RN 158, andando por 162 Km até San Francisco.  Ali entramos na RN 19 seguindo por mais 38,4 Km parando para abastecer (Estación de Sevicios Shell) com 200,4 Km rodados desde Villa Maria. Neste local, após abastecermos e limparmos as motos, descobrimos que a loja de conveniência fecha por cerca de meia hora para a troca de pessoal e fechamento do caixa do turno. Enquanto esperávamos a loja reabrir, chegou uma família que aguardavam um ônibus que passaria por ali. Uma senhora desta família se aproximou para tirar fotografias ao lado das motos. Inevitavelmente iniciamos uma conversa muito alegre com todos. Após algum tempo, descobrimos terem o mesmo sobrenome do Jorge (Moreyra). A festa foi grande e em poucos minutos nasceu uma bela amizade que hoje se prolongou através de redes sociais. O carinho da família Moreyra conosco foi algo surpreendente. Pessoas encantadoras e muito amáveis.

Família Moreyra
Seguimos viagem até Santa Fé, por mais cerca 105 Km, onde chegamos em torno das 17 horas com 304,9 Km rodados no dia. Em Santa Fé ficamos hospedados no Hotel Corrientes (Rua 25 de Mayo 2025). Um hotel muito bom e com preço bastante barato, custando 720 pesos argentinos, ou R$ 180,00, o quarto duplo.
Santa Fé foi outro local que nos proporcionou uma excelente recordação. Fomos recepcionados pelos amigos Javier e Daniel, da Agrupación Santafesina de Motocicletas Antiguas. Javier nos recebeu em sua casa, onde os amigos nos brindaram com um excelente assado (churrasco argentino, feito em uma grelha sobre brasas) regado com cervejas locais maravilhosas. Foram algumas horas de muita conversa e estreitamento de laços de amizade, antes apenas virtual, agora real. Mais uma vez veio aquela sensação de sermos conhecidos de longa data. Nos sentimos em casa e entre amigos. Não temos palavras para expressar a gratidão pela atenção de Daniel e Javier para conosco. Para completar, Daniel chegou pilotando uma impecável moto  BMW ano 1956.

Santa Fé

Santa Fé

Santa Fé

Javier e Marcos - Santa Fé

Jorge, Daniel e Javier
Santa Fé de la Vera Cruz, ou Santa Fé, é a capital da província de Santa Fé. Está localizada na região centro-leste do país e tem uma população de cerca de 415.000 habitantes. A região metropolitana chega a ter 526.000 habitantes. Santa Fé é um dos maiores centros educacionais da Argentina, se destacando a Universidad Nacional del Litoral. A cidade é conhecida como o berço da constituição, pois lá foi assinada a constituição Argentina assim como todas suas alterações. Também é conhecida por sua tradição cervejeira, que data do início do século XX. Lá são produzidas as melhores cervejas do país. Uma curiosidade é que desde 2010 existe a campanha “Regreso Seguro”, onde os bares pagam um taxi ou remis para quem tomou cerveja retornar para casa em segurança.
Devido ao pouco tempo que permanecemos na cidade não foi possível conhecer locais recomendados pelos guias de turismo o que, aliado aos amigos que lá fizemos, nos faz querer retornar à cidade. Santa Fé se tornou minha referência na Argentina devido à hospitalidade e amizade recebidas, características do povo do interior do país.
Partimos de Santa Fé no dia seguinte, 14 de dezembro, em torno das 9:30 horas da manhã em direção ao Brasil, tendo como destino a cidade de Uruguaina. Cruzamos novamente o túnel sob o rio Parana e fizemos um breve passeio pela cidade de Parana. Seguimos pela RN 12 por aproximadamente 48 Km continuando pela RN 127 em direção ao nordeste argentino. No caminho iniciou a chover com muita intensidade. A RN 127, por onde já havíamos passado no dia em que entramos na Argentina, tem uma pavimentação bastante ruim. Paramos em Federal para abastecermos seguindo, após, por mais cerca de 54 Km até a localidade de Los Conquistadores, sob chuva intensa. Neste ponto existe uma rotatória onde a RN 127 encontra a Ruta Provincial 2 (RP 2).  A chuva intensa aliada às péssimas condições do trecho que teríamos à frente seguindo pela RN 127, nos fez optar por mudarmos a rota e seguirmos pela RP 2, pois a rodovia tem uma pavimentação muito boa e vai até a RN 14, que é uma autoestrada de muito boa qualidade. A distância entre a RP 2, no ponto onde a acessamos, e a RN 14 é de 48 Km. Este trajeto aumenta a viagem em 54 Km, porém o risco oferecido pela RN 127 é bem maior assim como a velocidade empregada necessariamente teria que ser bem menor do que a desenvolvida na RP 2.
Chegamos na fronteira em torno das 17:00 horas, horário do Brasil (16:00 horas na Argentina), com chuva em praticamemte todo o trajeto. Após passarmos pela aduana, entramos em Uruguaiana. Fomos direto para o único local que estava reservado para nós em toda viagem, gentileza feita por nossos amigos Eduardo e Adriana. O local recomendado foi o Hostel Marquês de Carabás (Rua Sete de Setembro, 2341. Fone: 55-99486451). O local é de propriedade da Marília, uma pessoa encantadora e muito simpática. A casa é muito agradável, bem decorada e com um astral altíssimo. O preço do quarto duplo com ar condicionado é de R$ 50,00 por pessoa (R$ 40,00 sem ar condicionado), incluindo o café da manhã e um ambiente sem igual. A Marília tem uma grande experiência no ramo de hotelaria, tendo trabalhado muito tempo fora do Brasil e em cruzeiros por diversos lougares. Natural de Uruguaiana, resolveu retornar para casa e abriu o próprio negócio, aliando experiência, bom gosto e uma simpatia sem igual.
Naquela noite jantamos com os amigos Eduardo e Adriana assim como com os seus filhos. Foi uma noite muito agradável como sempre é quando estamos junto a verdadeiros amigos e pessoas muito especiais. Pode-se dizer que o último jantar encerrou a viagem com chave de ouro. Tive o privilégio de estar à mesa com grandes amigos de longa data. Encerramos o dia com 519,5 Km rodados.

Hostel Marquês de Carabás - Uruguaiana
A terça-feira, dia 15 de dezembro, amanheceu com sol. Antes de sairmos de Uruguaiana passamos na loja da Honda para que o Jorge revisasse um ruído que surgiu na moto. Felizmente nada de mais. O pessoal da Spengler, autorizada Honda em Uruguaiana (Av. Presidente Vargas, 4997) foram muito gentis e atenciosos, fazendo uma boa inspeção na moto.
Seguimos nossa viagem pela BR 290 por cerca de 397 Km (Posto Ipiranga no Km 332, no município de São Sepé), onde fizemos a segunda parada para abastecer desde que saímos de Uruguaiana. Estávamos a 750 metros do ponto onde eu e o Jorge nos separaríamos, no cruzamento da BR 290 com o BR 392. Enquanto estávamos no posto de combustíveis conhecemos um casal da cidade de Santana do Livramento. Conversamos por algum tempo, já sendo o suficiente para nos convidarem a visitá-los em sua cidade e trocarmos contatos.
Saímos do posto de combustíveis e em poucos metros chegamos ao ponto onde terminaria nossa viagem juntos. Após as fotos de despedida e a comemoração por termos chegado ao fim de nossa viagem, seguimos em direção as nossas cidades. Eu, pela BR 290 até Porto Alegre, por mais 241 Km. O Jorge pela BR 392 até a BR 153, por 29 Km. Após 111 Km acessou a BR 293 em direção a Pinheiro Machado, chegando após mais 65 Km.

Despedida - BR 290 em São Sepé
Nossa viagem foi algo fantástico. Posso dizer que cruzar a Cordilheira dos Andes sobre uma motocicleta foi uma das melhores sensações que experimentei. Sozinho com nossos pensamentos e emoções, com a cabeça dentro do capacete e o corpo vulnerável sobre a moto, estamos em contato total com a natureza e inseridos naquela paisagem imponente o que nos permite outra percepção da viagem e da vida. A subida ao Cerro San  Cristóbal também foi outro momento mágico, cuja energia do lugar contamina até mesmo os mais céticos.
Cheguei em Porto Alegre em torno das 20:30 h, com 4991 Km rodados em 12 dias de viagem. O Jorge completou 4911 Km, chegando em Pinheiro Machado também em torno do mesmo horário.
Valeu cada quilômetro rodado, cada lugar conhecido, cada sorriso e abraços recebidos, cada dor nas pernas e nas costas, cada gota de suor sob a roupa, cada “suerte”, “te vaja bién”,  “buena viajen” e tantas outras manifestações de carinho. Valeu a saudade de casa e da família. Valeu a parceria do amigo e irmão Jorge Moreira. Valeu tudo.
Já estamos planejando a expedição 2016.