segunda-feira, 20 de maio de 2019

Botas Steitz



O objetivo do blog Rotas de Moto é divulgar e deixar dicas sobre os roteiros que percorro de moto, assim como compartilhar experiências sobre duas rodas. Quando o assunto se refere a equipamentos, sempre teremos muitas dúvidas e centenas de opiniões diversas, desde as mais técnicas até as mais empíricas. Hoje eu gostaria de compartilhar minha experiência pessoal com as botas Steitz, fabricadas na cidade de Campo Bom, no Rio Grande do Sul.
Comprei um par destas botas em meados de 2016 por parecer ser mais confortável em relação às que usei anteriormente, tendo escolhido o modelo 1015 por ser impermeável. Logo na compra fui orientado sobre alguns cuidados para prolongar o tempo de impermeabilização e alertado que, no futuro, perderia esta propriedade e passaria a infiltrar água.
Após poucos meses de uso ainda estava apertando um pouco o pé. Surgiu aí a primeira surpresa agradável. O Sérgio, responsável pela venda na fábrica, imediatamente ofereceu a troca por um novo par com um número maior, entregando a nova e recolhendo a usada em minha residência.
No dia 19 de maio completei cerca de 2 anos e meio de uso e aproximadamente 28.500 Km de viagens com as botas Steitz.  Elas foram submetidas a uso extremo, viajando comigo desde os locais mais tranquilos e urbanos, até lugares inóspitos como a Transapantaneira e a Transamazônica, pilotando em asfalto e off road, caminhando em calçamentos, areia, pedras, barro, garimpos, águas, etc. Somente em março deste ano apresentou os primeiros sinais de infiltração mais importante, mesmo assim em uma viagem sob chuva intensa e transposição de cursos de água. No último sábado coloquei-a à prova mais uma vez e, para minha surpresa, somente houve um pouco de infiltração após muitas caminhadas por dentro de rios quando da viagem para o Cânion Fortaleza, nas trilhas do cânion e da Pedra do Segredo, no município de Cambará do Sul.
As botas Steitz são um produto brasileiro de excelente qualidade, com preço justo, quando comparado com as botas importadas de marcas famosas e que é uma grande alternativa e mais econômica. Sem dúvida, é uma bota confiável, segura e confortável. 


Dia 18 de maio de 2019, no Cânion Fortaleza. Pés secos.
Julho de 2018. Garimpo na Transamazônica.
Transposição de lama. 

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Expedição Transamazônica - Julho de 2018




Essa viagem surgiu de uma conversa despretensiosa entre mim e o amigo Humberto Gassen durante o ano de 2016. Desde então iniciamos os preparativos para a Expedição Transamazônica, a qual programamos para 2018. Foram dois anos de estudos e planejamento, onde mapeamos todas as cidades e locais de possíveis paradas ao longo do caminho, tentamos prever imprevistos, estudamos a logística do uso das motos, pequisamos os perigos possíveis, tempo necessário, equipamentos, época do ano, enfim, tudo aquilo que poderia estar envolvido nessa jornada. Nosso objetivo sempre foi percorrer toda a extensão da BR 230, a Transamazônica, entre os estados da Paraíba e Amazonas, já que a maioria dos relatos que encontramos compreendiam apenas o trecho dos estados do Amazonas e Pará que são os mais difíceis devido às estradas não pavimentadas e à presença da Floresta Amazônica.
Durante o planejamento de nossa viagem levamos diversos fatores em consideração. O primeiro deles foi saber qual melhor época do ano. No Amazonas e Pará existem apenas duas estações: a época das chuvas, de novembro a junho, e a época da seca, de junho a novembro. No período das chuvas a rodovia fica praticamente intransponível devido à lama. No período da seca a poeira faz com que a visibilidade fique muito prejudicada. Optamos pelo período da seca, que é considerado verão no norte do país.
Após a escolha da época do ano, estudamos o percursso, a distância e tempo necessário para percorrê-la. Nos poucos relatos que encontramos, os motociclistas optaram por partirem da região com mais recursos e terminarem a viagem no final da rodovia, no sentido de leste para oeste. Optamos por fazermos a rota no sentido contrário, ou seja de oeste para leste, pois faríamos o trajeto mais difícil logo no início quando ainda estávamos descansados e, em caso de alguma situação que levasse à interrupção da viagem no trecho com menos recursos, ainda teríamos tempo para organizarmos o retorno para Porto Alegre sem prejudicar nossas atividades profissionais. Planejamos percorrer os 4.223 Km da Transamazônica em 11 dias, distribuídos em menores percurssos no trecho sem asfalto. Como o nosso início seria na cidade de Lábrea, teríamos que chegar até lá para então iniciarmos a Expedição. O problema é que não existe nenhuma rodovia fora da Transamazônica que leve até Lábrea. O ponto mais próximo na região em que se tem acesso à outras cidades é em Humaitá, já na Transamazônica, que tem conexão com Porto Velho, em Rondônia, através da BR 319. Humaitá está distante cerca de 215 Km à leste de Lábrea e 200 Km ao norte de Porto Velho. A única opção viável seria partir de Porto Velho, passarmos por Humaitá e seguirmos em direção oeste até Lábrea, para depois fazermos o trajeto inverso a partir do final da rodovia. Isso significava aumento de cerca de 415 Km em nosso percursso e pelo menos mais um dia em nosso cronograma. Planejamos todos os pontos onde iríamos dormir para que não corrêssemos o risco de ficarmos à noite na estrada. Mapeamos todas as cidades e lugares possíveis para passarmos a noite na Transamazônica, principalmente no Amazonas e Pará. Nosso trajeto passaria por toda a Transamazônica chegando em Cabedelo, na Paraíba, e de lá terminaria em Recife, no Estado de Pernambuco.
Outra dúvida era qual logística das motocicletas que seria melhor para fazermos a viagem. Não tínhamos o tempo necessário para irmos rodando com nossas motos desde Porto Alegre até o Amazonas, percorrer a BR 230 e ainda retornar com elas para o Rio Grande do Sul. Inicialmente pensamos em enviarmos as motos para Porto Velho e, ao término da viagem, as reenviarmos para Porto Alegre a partir de João Pessoa ou Recife. Após várias cotações de transportes percebemos que os valores eram muito parecidos entre as diferentes empresas, ficando próximo de R$ 4.000,00 por motocicleta. O custo do transporte, o período de tempo em que ficariam em trânsito (quase dois meses entre a ida e a volta), o peso maior por se tartar de big trails, os possíveis danos a que estariam sujeitas com reparos caros e a possibilidade de falha mecânica ou eletrônica que obrigariam interromper a viagem por falta de concessionárias especializadas na região, fizeram com que procurássemos outras alternativas. Nossa segunda opção seria alugar as motos em Porto Velho e devolvê-las em João Pessoa ou Recife, o que se tornou bastante caro, com preços que variaram entre R$ 6.000,00 e R$ 11.000,00 por motocicleta. Optamos, então, por comprarmos as motos em Porto Velho e as revendermos no final da viagem, ainda no Nordeste. Através de um conhecido chegamos ao nome de uma empresa que faz turismo de motocicleta na região, de quem compramos duas motos Honda XRE 300 cc, ano 2015. Isso faria com que tivéssemos que permanecer pelo menos mais um dia em Porto Velho. Já estávamos com um cronograma mínimo de viagem de 13 dias.
Sabíamos que não teríamos muito espaço para bagagens. Levamos apenas o mínimo necessário de roupas, material de higiene, repelente de insetos, protetor solar, um cabo para rebocar as motos, espátula raspadeira para lama, equipamentos fotográficos e de vídeos, mochila de hidratação e equipamento de segurança para pilotagem. Devido ao calor da região que nos esperava utilizamos roupas leves e armadura para pilotagem. Em Porto Velho compramos, da mesma empresa que nos vendeu as motos, material para possíveis reparos à beira da estrada tais como pastilhas de freio, cabos de acelerador e embreagem, câmaras de ar, espátulas para retirada de pneu e ferramentas. Além da bagagem e materiais, levamos um rastreador satelital Spot Gen 3 para que pudéssemos ser localizados em todo o nosso trajeto.
Ainda dentro de nosso cronograma optamos por deixarmos mais três dias de sobra no final para algum possível atraso no trajeto. Compramos as passagens aéreas em vôos noturnos, pois teríamos os dias inteiros para resolvermos situações. A saída de Porto Alegre foi marcada para a noite do dia 11 de julho de 2018 e o retorno, partindo de Recife, para a madrugada do dia 28 de julho. Dessa forma teríamos o dia 12 de julho inteiro para acertarmos detalhes necessário das motos, passearmos por Porto Velho e ainda teríamos todo o dia 27 de julho para chegarmos em Recife, em caso de atraso.
Cerca de dois meses antes da data programada para iniciarmos a viagem, o amigo e instrutor de pilotagem André Vargas aceitou convite feito por nós meses antes para que participasse dessa expedição. O André também comprou uma Honda XRE 300, porém zero Km, em uma concessionária Honda em Porto Velho.
A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do mundo, com uma área de 5.500.000 m2, cobrindo a maior parte da bacia Amazônica na América do Sul e abrangendo nove países, sendo eles o Brasil, com 60% da floresta em seu território. Nela está a maior biodiversidade do planeta dentre as florestas tropicais, contando com uma de cada dez espécies existentes no mundo, sendo um dos seis biomas do Brasil.  A variedade de plantas é considerada a mais alta do planeta. A fauna conta com diversas espécies predatórias como a onça pintada e a suçurana ou puma, o jacaré e a sucuri, além de várias espécies de sapos venenosos e outros animais vetores de doenças.  No rio Amazonas se encontra o pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do mundo. Ali também existem enguias elétricas e piranhas, que podem causar danos aos seres humanos. Doenças como a malária, dengue e febre amarela são encontradas na região.
O desmatamento da Amazônia vem acontecendo desde os anos 60 do século XX para dar espaço à agricultura. O solo pouco fértil faz com que sua capacidade produtiva seja por tempo limitado, levando os agricultores a mudar constantemente de local, desmatando cada vez mais. Entre os anos de 1991 e 2000 a área desmatada subiu de 415.000 Km2 para 587.000 Km2, dando espaço à pastagens para criação de gado. O desmatamento vem caindo desde o ano de 2004, porém o relatório Assessment of the Risk of Amazon Dieback do Banco Mundial afirma que 75% da floresta pode ser perdida até o ano de 2025 e restando apenas 5% da floresta em 2075. Os conflitos agrários são uma constante, frequentemente terminando em homicídios.
A floresta ocupa 49,29% do território brasileiro, abrangendo Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Seu nome foi dado pelo explorador espanhol Francisco de Orellana que foi a primeira pessoa que se tem conhecimento a descer o rio Amazonas em toda sua extensão, entre os anos de 1540 e 1542. Durante sua navegação, Orellana encontrou uma tribo de índias guerreiras sem maridos, as quais chamou de Amazonas em referência às mulheres guerreiras da mitologia grega. O rio passou, então, a se chamar Amazonas. No século XIX a região passou a se chamar Região do Amazonas.
A BR 230, conhecida como Rodovia Transamazônica, foi anunciada em 16 de junho de 1970 e inaugurada em 27 de setembro de 1972 durante o regime militar. O início da rodovia, seu Km zero, está localizado na cidade de Cabedelo, no Estado da Paraíba e seu final está na cidade de Lábrea, no Estado do Amazonas, com extensão de 4.223 Km, sendo a terceira rodovia mais longa do Brasil. O projeto inicial deveria deveria ligar o Atlântico ao Pacífico, se estendendo por oito mil quilômetros. Posteriormente foi modificado, devendo terminar na cidade de Benjamin Constant na fronteira com o Peru, porém nunca foi concluído ficando faltando 687 Km. Diz-se que seria uma estrada para ser vista da lua. O projeto do governo, chamado de Programa de Integraçao Nacional – PIN – criado no ano de 1970 e implantado em 1971 pelo Governo Federal, era levar agricultores de várias regiões do Brasil, principalmente os nordestinos que viviam sob o flagelo da seca, para a Amazônia. A rodovia serviria para escoar a produção brasileira para o pacífico, porém alguns fatores importantes não foram levados em consideração. Um deles foi que no período das chuvas, que dura seis meses, a rodovia fica intransitável impedindo o transporte da produção. Também o solo da região não é adequado para a agricultura, o que fez com que a produção fosse muito abaixo do esperado. Essas duas características levaram ao fracasso do projeto assim como trouxeram grande impacto ambiental, pois a floresta começou a ser desmatada surgindo fazendas de gado, madeireiras e garimpos ao longo da rodovia. A rodovia que teve o início das obras e sua entrega em tempo recorde até hoje está inacabada, com cerca de 2.250 Km sem asfalto nos estados do Pará e Amazonas, sendo considerada um fracasso econômico e social.
Iniciamos a viagem partindo de Porto Alegre na noite de 11 de julho de 2018, chegando em Porto Velho durante a madrugada, a 1h30min. Ficamos hospedados no Hotel Nativo, de propriedade de um motociclista local.
Na manhã do dia 12 de julho após buscarmos as motos fomos fazer um passeio por Porto Velho. Almoçamos tambaqui frito no Mercado Central onde a higiene não é o ponto mais forte. Após, fomos conhecer o museu da estrada de Ferro Madeira-Mamoré, situado em frente ao Mercado. O local é um parque às margens do rio Madeira onde estão as sucatas dos trens, sem qualquer cuidado maior com sua preservação. Uma boa restauração do lugar traria um visual ainda mais bonito do que já é. Ainda no Mercado Central foi ao nosso encontro o Thiago, membro da facção Porto Velho do MC Bodes do Asfalto. Mais tarde se juntaram a nós o Cisne e o Dudu, também ambos do Bodes do Asfalto de Porto Velho. No final da tarde fizemos um passeio de barco pelo rio Madeira, onde foi possível admirar o pôr do sol. À noite jantamos com o amigo Cisne no Bar do Ceará II, onde saboreamos uma caldeirada de Dourado.
Porto Velho é a capital do Estado de Rondônia, no norte do Brasil, situada na margem leste do rio Madeira, sendo a única capital estadual que faz fronteira com outro país, nesse caso a Bolívia. É a capital com maior extensão territorial e o quarto município mais populoso do norte do país, com 494.013 habitantes, segundo o CENSO de 2013. O clima é o tropical superúmido, bastante quente e úmido, com uma estação seca de três meses entre junho e Agosto. Fundada pela empresa norte Americana Madeira Mamore Railway Company em 1907, só foi oficilamente considerada cidade em 1914 como município do Amazonas e passando a ser a capital do estado de Rondônia em 1943. Ao redor da ferrovia se instalaram os trabalhadores que ali chegaram formando, assim, os primeiros povoados que deram origem à cidade.
Dia 13 de julho, sexta-feira. Saímos do hotel em torno das 7h45min. Fomos até as famosas Três Caixas D’água para tirarmos algumas fotografias. As Três Caixas D’água, localizadas na parte alta do centro antigo de Porto Velho na praça das Três Marias, foram trazidas dos Estados Unidos no início da segunda década do século XX e tiveram a função de abastecimento de água. Saímos da cidade em torno das 8h50min pela BR 319 em direção à Humaitá, distante 205 Km. A BR 319 é uma rodovia muito bem pavimentada e com grandes retas, cruzando a divisa dos estados de Rondônia e Amazonas. Chegamos em Humaitá em torno das 11h10min. Almoçamos no restaurante Fogão à Lenha, que serve uma comida caseira bastante simples e saborosa ao preço de R$ 10,00 por pessoa. Reabastecemos as motos e saímos em direção à Lábrea, em torno das 13h30min. Seguimos pela BR 319 por cerca de 30 Km até o entroncamento com a BR 230, sendo esse trecho ainda asfaltado. A partir dali entramos na Transamazônica. A estrada, sem pavimentação, apresenta trechos bastante firmes onde se pode desenvolver velocidades maiores assim como trechos com areia solta semelhante a talco, que dificultam muito a pilotagem. Além disso, a poeira levantada pelos veículos que passam, conhecida como puaca, é muito densa e faz com que a visibilidade seja bastante prejudicada, deixando a trajeto mais perigoso. Faltando 76 Km para chegarmos em Lábrea existe uma balsa sobre o Rio Mucuim, com o valor de R$ 15,00 por moto para fazer a travessia. Em torno de 20 Km antes de Lábrea a rodovia passa a ser asfaltada. Havíamos lido, enquanto preparávamos a viagem, que este seria o pior trajeto da Transamazônica o que, mais tarde, descobrimos não ser verdade. Chegamos em Lábrea em torno das 18 horas indo direto ao marco final da Transamazônica. No local não existe nada que identifique o fim da rodovia. A rua termina em uma escadaria que desce em direção ao rio Purus, onde está fixado no chão um parafuso que servia como ponto georreferencial da rodovia. O máximo de referência ao fim da Transamazônica é uma incrição em uma parede feita aparentemente com restos de carvão e quase ilegível. Em Lábrea ficamos hospedados no hotel Danny’s junto à praça central da cidade. Um hotel bastante simples, com café da manhã e sem estacionamento, necessitando deixar as motos em frente, ao preço de R$ 50,00 o quarto individual sem banho quente ou R$ 60,00 com chuveiro quente. Embora tenhamos optado pelo banho quente, nenhum dos três quartos tinha chuveiro aquecido funcionando e, no meu quarto, não havia sequer água no chuveiro. À noite fomos caminhar em um calçadão às margens do rio Purus onde existem alguns quiosques de lanches. Um lugar bastante agradável. Neste dia rodamos 447,9 Km.
A cidade de Lábrea é onde termina a Rodovia Transamazônica, às margens do rio Purus. O município pertence ao Estado do Amazonas e tem uma população estimada de 44.017 habitantes, segundo o IBGE em 2016. Sua fundação data da segunda metade do século XIX pelo coronel Antônio Rodrigues Pereira Labre em uma época de grandes imigrações de nordestinos devido à extração da borracha. A maior parte de seu território está dentro da Floresta Amazônica e o acesso terrestre se dá apenas através das cidades de Porto Velho e Humaitá.
Na manhã do dia 14 de julho saímos de Lábrea às 8h23min com objetivo de chegarmos até Santo Antônio do Matupi, o Km 180. Retornamos pela BR 230 até Humaitá, onde chegamos às 12h15min, com 221 Km rodados, sendo asfalto apenas nos 19 Km na saída de Lábrea e mais 30 Km na chegada em Humaitá. Nesse trajeto tive a oportunidade de ver ao longe uma onça preta cruzando rapidamente a estrada. Também já nesse início da Expedição Transamazônica se percebe a ação dos madeireiros, com trechos de floresta devastada ao longo da rodovia. Os demais 172 Km até Humaitá foram de puro off road. A partir de Humaitá para se continuar pela Transamazônica é necessário atravessar de balsa o Rio Madeira, com o custo de R$ 8,00 por motocicleta. Após almoçarmos em Humaitá, no mesmo restaurante do dia anterior, pegamos a balsa das 14 horas e seguimos viagem pela BR 230. A balsa sai somente a cada duas horas, sempre em horários pares e demora cerca de 15 minutos para atravessar o rio. Em Humaitá não existe uma boa sinalização que oriente o local de partida da balsa, o que nos deixou um pouco perdidos. Recomendo que antes de qualquer outra atividade que se tenha em Humaitá, se busque o local de partida da balsa para que não ocorra atraso pois, caso perca o horário, a próxima balsa será somente após duas horas. Seguimos viagem pela BR 230, porém com a estrada bastante diferente daquele entre Lábrea e Humaitá, sendo mais firme e sem os bolsões de areia solta, porém com muitos buracos. Além disso, pegamos um pouco de chuva o que faz com que a estrada fique com um barro muito escorregadio. No caminho passamos por uma grande área de reserva indígena, com os índios em seu cotidiano. Paramos sobre algumas pontes para tiramos fotografias onde também se pode observar os nativos tomando banho de rio. Chegamos em Santo Antônio do Matupi no final da tarde, em torno das 18h15min, já anoitecendo. Neste dia rodamos 425,6 Km desde Lábrea. Ali percebemos que as motos já começavam a manifestar alguns pequenos problemas. Minha moto estava com uma das setas danificada e a moto do Humberto havia perdido a proteção do escapamento. Até aqui foram 879 Km da Expedição Transamazônica.
Humaitá pertence ao estado do Amazonas, localizada na mesorregião sul Amazonense e na microrregião do Madeira, fazendo divisa ao leste com o município de Manicoré. Tem uma população estimada pelo IBGE (ano de 2017) de 53.383 habitantes. O acesso se dá pelas BR 319 e BR 230, assim como por hidrovia do rio Madeira, sendo esta uma das mais importantes do país por onde escoa a produção de grãos de Rondônia e do Centro Oeste para o exterior. Humaitá está a três dias de navegação de Manaus e um dia de Porto Velho. A cidade está coberta pela floresta Amazônica e tem uma fauna e vegetação abundantes.
Em Santo Antônio do Matupi ficamos hospedados no Hotel Amazonas, que nos foi informado ser o melhor da localidade. O preço é de R$ 50,00 por pessoa em quarto individual, com ar condicionado, televisão, banho quente, café da manhã e com higiene adequada. Jantamos em um restaurante bastante simples, chamado Lanchonete e Restaurante Central, onde comemos uma pizza bastante saborosa e farta, com quatro cervejas e um refrigerante ao preço total de R$ 72,00. Pela manhã enquanto tomávamos o café, em outras mesas estavam um fiscal do IBAMA e um madeireiro. Inicialmente conversamos com o fiscal que nos falou sobre o crime de extração ilegal de madeira. Logo após ele se retirar do local, o madeireiro passou a falar conosco, argumentando diversos motivos econômicos e sociais para a derrubada das árvores da floresta. Cada um dentro de sua razão, sempre encontramos motivos que justifiquem nossos atos, sejam eles legais ou não. Porém, independente dos motivos, a floresta Amazônica vem sendo destruída de forma criminosa, com prejuízo a sua flora e fauna.
A vila de Santo Antônio do Matupi é um distrito do município de Manicoré, no estado do Amazonas e está distante 180 Km de Humaitá sendo, por esse motivo, também conhecido como Km 180. Está localizado em ambos os lados da Transamazônica e possui um comércio bastante diversificado para seu tamanho, hotéis, oficinas, escola, agência do Bradesco e um posto de saúde.
Na manhã do dia 15 de Julho, nosso 4º dia da Expedição Transamazônica, saímos de Santo Antônio do Matupi em torno das 10 horas da manhã, em direção à Apuí. A estrada é razoávelmente boa para os padrões da Transamazônica, porém voltamos a encontrar barro no caminho devido a uma chuva de verão que caiu. Após cerca de 50 Km encontramos o Leandro, um jovem de 23 anos que trabalha junto às serrarias. Ele nos contou um pouco sobre sua vida e sobre seu trabalho. Deixa transaparecer a satisfação por ter uma fonte de renda, a pesca como lazer e sua crença religiosa. A aparência física de cerca de 30 anos anuncia uma juventude completamente diferente daquela dos jovens das grandes cidades.  Seguindo pela BR 230, após cerca de 112 Km de Santo Antônio do Matupi existe uma balsa sobre o rio Aripuanã. A travessia é feita por uma balsa grande, com capacidade de transportar caminhões, bastante segura ao custo de R$ 12,00 por motocicleta. Também existe a opção de atravessar o rio em uma pequena balsa, do tamanho de uma jangada, onde mal cabem as motos e com segurança bastante duvidosa, ao preço de R$ 10,00 por moto. É claro que meus companheiros de viagem optaram pela balsa pequena alegando que buscavam não a economia de R$ 2,00, mas a aventura. Continuamos na Transamazônica em direção à Apui, com bastante buracos, pedras e muita poeira, a famosa puaca que, além de impedir a visão nos deixa impregnados com o pó da estrada. Em determinado momento passei sobre uma pedra que furou o pneu dianteiro da minha moto, nos obrigando a trocar a câmara de ar à beira da estrada, perdendo um tempo bastante grande. Imediatamente após a troca da câmara de ar parou uma camionete para nos oferecer ajuda. Nela estava o Deja, proprietário da oficina mecânica de motos autorizada da Honda, em Apuí. Combinamos ir visitá-lo no dia seguinte, já que necessitávamos fazer as revisões e reparos das motos. No trajeto tivemos a oportunidade de observar algumas araras azuis. Chegamos em Apuí em torno das 17h50min, com 227 Km rodados desde o Km 180. Em Apuí ficamos hospedados no Hotel Guarani, com banho quente, televisão, internet e café da manhã. Completamos 1107,6 Km de nossa Expedição.
Apuí é um município da região sul do Estado do Amazonas. Criado em 1987, tem uma população estimada de 21.031 habitantes segundo estimativa do IBGE 2016. A economia se destaca por seu grande potencial agropecuário e sua grande extensão florestal. No âmbito cultural o principal evento é a Festa do Peão de Boiadeiro, que acontece nos meses de maio e setembro, há cerca de 30 anos.
Na manhã seguinte fomos até a oficina do Deja. O local é extremamente simples, sem qualquer semelhança com o que estamos habituados e fácil de ser encontrado, bastando perguntar para qualquer morador da cidade. Após as revisões e reparos necessários almoçamos e seguimos em direção à Jacareacanga. Saímos de Apuí em torno das 12h15min. Após rodados cerca de 106 Km, em torno das 13h20min chegamos na localidade de Sucunduri, distrito de Apuí, às margens do rio Sucunduri o qual se atravessa de balsa. Ali, próximo ao ponto de embarque da balsa, está o bar da Dona Flor, um estabelecimento muito simples assim como tudo o que existe por lá. Conversamos um pouco com a Dona Flor que nos contou um pouco sobre a vida que levam, suas necessidades e limitações. A pobreza é muito grande e a ausência do Estado é uma das marcas dessa região da Transamazônica. Após atravessar o rio, seguimos em direção à Jacareacanga, distante cerca de 170 Km de Sucunduri. A rodovia nesse trecho é péssima, com muitos buracos e valas profundas por cerca de 130 Km, além da tradicional puaca. Jacareacanga está a cerca de 5 Km da Transamazônica, por onde se segue por outra rodovia sem pavimentação. Chegamos em Jacareacanga em torno das 18h10min, com 293,8 Km rodados e 1.401,4 Km da Expedição Transamazônica. Após abastecermos as motos fomos procurar hospedagem. Ficamos em um hotel nos mesmos padrões dos anteriores chamado Hotel Tucumã, porém sem banho quente. Após nos instalarmos no hotel, fizemos um lanche em uma lanchonete ao lado, chamada Lanchonete do Gaúcho, de propriedade de uma família do Rio Grande do Sul. Ali o atendente, com forte sotaque nortista, nos ofereceu um chimarrão que estava tomando.
O município de Jacareacanga está localizado no extremo sudoeste do estado do Pará, no norte do Brasil. Foi criado em 1961 como distrito de Itaituba e sua emancipação se deu no ano de 1991. A população estimada é de 41.487 habitantes, sgundo IBGE em 2016, com cerca de dez mil índios formando uma das maiores populações indígenas do Pará.
No sexto dia da Expedição Transamazônica, dia 17 de Julho, saímos de Jacareacanga em torno das 7h30min por cerca de 5 Km até a BR 230. Naquele dia, além da tradicional puaca, enfrentamos uma intensa neblina. Nosso destino final seria a cidade de Itaituba. Nesse dia levamos dois litros de gasolina extra, já que as informações eram bastante contraditórias quanto à necessidade de combustível reserva nesse trajeto. Tínhamos um percursso previsto de 390 Km, onde passaríamos pela reserva da Floresta Nacional do Tapajós, trecho que nos fora informado não haver qualquer ponto de apoio e ser de mata fechada. Continuamos pela BR 230 que estava em condições excelentes para seus padrões, permitindo uma pilotagem mais rápida e segura. Assim fomos por cerca de 200 Km até uma outra localidade também chamada de Km 180, que serve de apoio para os viajantes, pois logo em seguida se entra na área da Reserva. Durante esse trajeto entramos em uma estrada secundária para conhecermos um garimpo ilegal que está a cerca de 3 Km da Transamazônica. Ali conversamos com os garimpeiros e foi possível observarmos a destruição que o garimpo causa à terra onde é explorado o ouro.
Retornamos à BR 230, seguindo até um outro ponto de apoio onde nos indicaram um outro garimpo às margens do Rio Tapajós. Entramos em outra estrada secundária e seguimos até a Vila de Penedo, distante cerca de 20 Km da Transamazônica e à beira do Tapajós. No trajeto passamos por mais alguns garimpos. Penedo é uma vila de garimpeiros, onde chegamos em torno do meio-dia. Lá almoçamos em um restaurante bastante simples e limpo, onde nos foi servido um peixe frito muito saboroso. Saímos de Penedo em torno das 14 horas, retornando para a BR 230 seguindo até o Km 180. No caminho colocamos os dois litros de gasolina extra que levamos e, chegando no ponto de apoio, colocamos mais dois litros de gasolina nas motos como garantia. Tínhamos a informação que a estrada a partir dali estaria em boas condições. Após cerca de 20 Km além do Km 180 inicia a Reserva da Floresta Nacional do Tapajós. Embora todas as recomendações eram de não pegar noite em nenhum local da Transamazônica, principalmente na Reserva, devido ao horário em que estávamos entrando sabíamos que seria inevitável escaparmos da noite naquele trajeto. Logo no início da Reserva fomos surpreendidos com um trecho de aproximadamente 4 Km de barro, onde a minha moto e a do Humberto travaram a roda dianteira por mais de uma vez, se fazendo necessário a remoção do barro acumulado entre a roda e o pára-lamas. Além do travamento da roda, eu e o Humberto não conseguimos escapar de duas quedas leves cada um. Chegou um momento em que, após já ter anoitecido e nosso percursso não evoluir, tendo a roda dianteira da minha moto novamente travada pelo barro, parou uma camionete para nos oferecer ajuda. O motorista nos emprestou algumas ferramentas e optamos por remover o pára-lamas dianteiro da minha moto, facilitando nossa pilotagem. A partir dali também já não encontramos mais barro, seguindo por um piso seco porém já noite e em plena floresta Amazônica com mata fechada. Nos fora informado que a aproximadamente 50 Km de onde estávamos teria uma pousada, ainda dentro da reserva. Seguimos viagem pela noite e o medo que havia se instalado, aos poucos foi se transformando em uma sensação de enorme prazer ao percebermos que estávamos em plena Floresta Amazônica completamente fechada tendo apenas a estrada como abertura e o céu negro muito estrelado nos olhando, assim como possivelmente os animais da floresta, com nossa visão limitada aos faróis de nossas motocicletas. Sem dúvida, esse foi um momento mágico da viagem, sendo um dos mais belos. Posso considerar que esse foi um grande aprendizado, não só em relação à pilotagem noturna em off road, como principalmente pelo manejo do stress sem perder o controle da situação. Pilotamos até encontrarmos a placa indicativa da pousada chamada Buburé, onde se entra e uma estrada secundária rodando por cerca de 500 metros. Lá chegamos em torno das 21 horas e fomos recepcionados pelo Sr. Peres, funcionário responsável pelo local. A pousada está às margens do Rio Tapajós, de onde se tem uma vista sensacional. A diária é de R$ 80,00 por pessoa em quarto individual. Um lugar também muito simples, limpo, bem organizado, porém com banho frio. O Sr. Peres nos preparou um jantar com peixe frito o qual havia sido pescado no mesmo dia no rio Tapajós. Nesse dia não foi possível cumprir o trajeto entre Jacareacanga e Itaituba que havíamos programado, parando 70 Km antes do destino final. Somando com o trajeto até o garimpo de Penedo, rodamos 391 Km durante o dia, completando 1.792,4 Km da Expedição Transamazônica. No local não havia sinal de telefone celular nem de internet, o que fez com que ficássemos incomunicáveis. Para sinalizar às pessoas que nos acompanhavam virtualmente disparei o sinal do GPS que avisa que chegamos a um destino e estamos em segurança. O café da manhã teve um custo adicional de R$ 20,00. A pousada é o único local de apoio dentro da Reserva, ali permanecendo por já existir antes da sua criação.
Na manhã seguinte, sétimo dia da Expedição Transamazônica, fizemos um passeio de voadeira, uma espécie de embarcação pequena e com motor de popa, pelo Rio Tapajós juntamente com o Sr. Peres que nos mostrou as corredeiras que o Tapajós tem naquele ponto. Após retornarmos do passeio de barco, organizamos as motos e saímos da pousada em torno das 9h45min, já pelo horário do Pará que é o mesmo de Brasília, em direção à cidade de Rurópolis. Continuamos ainda pela Reserva por mais cerca de 70 Km até Itaituba. Após o término da Reserva da Floresta Amazônica a paisagem muda, surgindo novamente as fazendas à beira da estrada. Foi necessário abastecer novamente minha moto, o que fiz em um dos pontos de apoio ao longo da Transamazônica no Km 28, ou seja, 28 Km antes de chegarmos à Itaituba em um pequeno comércio à beira da estrada. A gasolina nesses pontos de apoio é mais cara, custando R$ 6,00 o litro enquanto que nos postos está menos que R$ 5,00. Chegamos em Itaituba em torno do meio dia, onde vistamos uma aldeia indígena, sendo recepcionados com extrema cordialidade pelo cacique e seus familiares.
Após almoçarmos no centro da cidade, próximo à saída da balsa que cruza o rio Tapajós, seguimos nossa viagem para Rurópolis. A distância entre Itaituba e Rurópolis é de 160 Km, com trechos sem pavimentação e trechos com asfalto em excelente condição. Logo saindo de Itaituba se pega um trecho de 30 Km de asfalto. Após se entra em um trajeto de 25 Km de rodovia sem pavimentação, retornando a trechos de asfalto e estrada sem pavimentação intercalados. Nessa região a Transamazônica passa ser a BR 163.
Neste dia, em determinado trecho, encontramos um jovem de 35 anos que viajava em uma motocicleta Honda CG 125 cc e que havia saído da estrada, caindo da moto. A motocicleta em péssimo estado de conservação era seu meio de transporte. Após conversamos um pouco com ele, que nos contou ser trabalhador das madeireiras, cuja função é a limpeza e abastecimento das motosserras. A cada 5 alqueires de madeira cortada ele recebe o valor de R$ 50,00 e um rancho de alimentos. Além disso, ele tem a sua moto e sua namorada, o que lhe faz feliz. Após alguns instantes de conversa e nos contando sua história de vida, a emoção começou a tomar conta fazendo com que me afastasse para não chorar. A exploração de quem vive ao longo da Transamazônica faz com que tenham um trabalho quase escravo, o que nos causa uma indescrtível dor na alma ao nos tornarmos conhecedores da vida dessas pessoas.
Chegamos em Rurópolis em torno das 19 horas, com muita dificuldade de enxergar devido à grande quantidade de poeira levantada pelos caminhões que passam. Foram 268 Km rodados durante este dia e 2.060,9 Km de Expedição Transamazônica. Lá nos hospedados no Hotel Aleixo, talvez o melhor que ficamos até aquele momento para os padrões da Transamazônica. Mais tarde fomos até a praça da cidade, local onde as pessoas se reunem para assistir jogos de futebol em televisões colocada na lanchonete existente. Parece ser o evento social da cidade. Ali fizemos um lanche e retornamos para o hotel.
Rurópolis é um município do Estado do Pará, pertencendo à mesorregião do Sudoeste Paraense. A população estimada em 2017 pelo IBGE era de 49.093 habitantes. Está localizada no entroncamento da Transamazônica com a rodovia Cuiabá-Santarém, a BR 163. A cidade foi fundada em 1974 com o nome Rurópolis Presidente Médici com objetivo de ser um centro urbano no planejamento da construção da Transamazônica dentro do projeto de colonização dirigido pelo INCRA. Foi a primeira cidade da Transamazônica.
No oitavo dia, 18 de julho, partimos de Rurópolis em torno das 7h45min, com planejamemto de chegarmos em Altamira. Cerca de 100 Km após Rurópolis paramos na cidade de Pacas para fazermos a lubrificação das correntes das motos. Em Pacas existe uma revenda autorizada Honda, porém não fazem serviços de assistência, o que pode ser realizado em uma oficina que está ao lado. Nessa parte da Transamazônica a rodovia permanence com mais trechos asfaltados intercalados com poucos trechos de areia. Nas estradas asfaltadas ainda permanecem as pontes de madeira. Nestes locais a rodovia apresenta alguns metros sem pavimentação onde a ponte está colocada. O perigo, nesse caso, é o fato de podermos estar em uma velocidade maior no asfalto e, repentinamente, nos depararmos com o final brusco da pavimentação já com uma ponte de madeira logo em seguida. Neste dia, logo cedo ao sairmos de Rurópolis, o André e o Humberto começaram a sentir os efeitos do lanche da noite anterior, apresentando náuseas e vômitos. Isso nos obrigou a pararmos antes do destino planejado. Naquele dia ficamos na cidade de Medicilândia, 90 Km antes de Altamira. Paramos com cerca de 266,1 Km rodados naquele dia, completando 2.327 Km da Expedição.
Medicilândia pertence ao Estado do Pará e tem uma poulação estimada de 30.315 habitantes, segundo IBGE em 2016. A cidade é bastante movimentada e com um comércio diversificado.
No dia seguinte, dia 19 de julho, nono dia de viagem, saímos de Medicilândia em torno das 8 horas da manhã com destino a Marabá. No caminho passamos pela cidade de Altamira onde foi possível observar a usina de Belo Monte, porém não foi permitida a visitação. É uma construção grandiosa, com um ar imponente.
Altamira está localizada no Estado do Pará. Foi o maior município do mundo em extensão territorial até o ano de 2009, ocupando hoje a terceira posição. Sua população, segundo estimativas de 2017, é de 111.435 habitantes. A cidade, às margens do rio Xingu, é atravessada pela Transamazônica no sentido leste-oeste. Em 1972 o presidente Médici implantou em Altamira o marco zero da Transamazônica, iniciando o período de exploração da floresta e o Programa de Integração Nacional.
Seguimos até Novo Repartimento, onde paramos para almoçar em um restaurante muito simples chamado Churrascaria do Gordão, cujo proprietário passa o tempo assistindo desenho animado japonês na televisão em alto volume, além de não ser de muita conversa. Até ali a rodvia é praticamente toda asfaltada. Após Novo Repartimento pegamos um novo trecho sem asfalto de cerca de 60 Km, com muitos buracos e puaca. Saímos do trecho de off road já era noite, seguindo em direção à Marabá. No caminho, faltando cerca de 42 Km para chegarmos em Marabá, próximo ao acesso à cidade de Itupiranga a moto do Humberto parou. A solução imediata foi chamar o socorro da seguradora para enviar a moto para Marabá e deixar para tentar resolver a situação no dia seguinte. Após uma longa espera fomos informados que o socorro ainda levaria cerca de duas horas para chegar. Para piorar a situação, estávamos em um local com muito risco de assaltos, não sendo recomendável nossa permanência. Resolvemos rebocá-lo com a moto do André até Marabá, o que fez com que lá chegássemos em torno da meia-noite, com 620 Km rodados no dia. Ficamos hospedados em um hotel na própria Transamazônia. Completamos 2.947 Km da Expedição. Em Marabá a Transamazônica atravessa a cidade, sendo uma de suas avenidas.
Marabá está localizado no Sudeste do Pará, a 500 Km da capital, Belém. Sua origem data do início do século XIX e sendo elevado à cidade em 1923. O município é considerado o centro administrativo e econômico da região da Fronteira Agrícola da Amazônia. Segundo o IBGE, sua população em 2017 era de 271.594 habitantes, com uma grande miscigenação de pessoas e culturas. A etmologia da palavra significa fruto da união entre índia com branco, originando a índia “Marabá”.
No dia seguinte, 20 de julho e décimo dia da Expedição Transamazônica, levamos a moto do Humberto para uma oficina próxima ao hotel onde estávamos. O diagnóstico não poderia ter sido pior. O motor havia estragado, necessitando reparos que demorariam vários dias, além de ter um custo bastante elevado. Não tinha mais jeito. Ali acabou a viagem do Humberto. Acionamos o seguro novamente, que enviou a moto e o Humberto para Porto Alegre. Foi, sem sombra de dúvida, o pior dia de nossa viagem assim como de qualquer outra viagem de moto que eu tenha realizado. Ali a Expedição Transamazônica perdia um de seus membros, o cara que idealizou a viagem e nos incentivou a fazê-la. A moral do grupo ficou seriamente abatida. Em nenhum momento, mesmo nos de perigo e medo, havíamos deixado qualquer tipo de tristeza se aproximar de nós. Até ali tudo havia sido sensacional e estava perfeito. Mesmo dos momentos tensos tiramos lições que os fizeram fantásticos. Porém, agora, estávamos sem saber o que pensar. Ainda estávamos na metade do caminho e tínhamos muita estrada pela frente, embora o trecho de off road praticamente já havia terminado. Teríamos apenas mais 12 km adiante de estrada sem pavimentação, ainda no Pará, até a divisa com o Tocantins junto à ponte sobre o Rio Araguaia. Seguimos viagem saindo de Marabá em torno das 13h30min. Neste dia percorremos apenas 280 Km, parando na cidade de Aguiarnópolis onde chegamos em torno das 17h30min. A rodovia é excelente, porém se percorre longas distâncias com pouco fluxo de veículos e sem qualquer sinal de cidades, comércio de beira de estrada ou postos de gasolina. São longos trechos quase desertos. Neste dia chegamos a 3.227,2 Km de nossa jornada.
Em Aguiarnópolis ficamos hospedados em um hotel às margens da BR 230 chamado Hotel Jerusalém, que está localizado ao lado de uma Igreja Evangélica e de propriedade do pastor daquela igreja. O hotel é bastante simples, mas serviu bem para que pudéssemos descansar naquela noite, já que estávamos mais cansados pelo que havia acontecido com a moto do Humberto do que propriamente pelos poucos Km rodados após saírmos de Marabá. À noite jantamos em uma lanchonete próxima ao hotel e logo nos recolhemos para descansar ainda bastante cedo. Completamos 2.330 Km da Expedição Transamazônica. Aguiarnópolis está localizada no Estado do Tocantins, na divisa com o Maranhão, conurbada com o município maranhense de Estreito. O município tem uma população de 5.158 habitantes, segundo IBGE  2010. É conhecida por ser o ponto onde a Transamazônica, a Rodovia Belém-Brasília (BR 226) e a Ferrovia Norte-Sul se cruzam, sobre o rio Tocantins.
No dia seguinte, dia 21 de julho e 11º dia de viagem, saímos de Aguiranópolis em torno das 7h20min seguindo pela BR 230 onde paramos para abastecer na localidade de Carolina, no Maranhão. No caminho passamos pela Chapada das Mesas, onde se pode observar a belíssima paisagem característica da região. Também ali está o município de Riachão, onde se localiza o parque Poço Azul que nos fora recomendado conhecer. Na cidade de Riachão entramos na rodovia estadual MA 334 que tem uma pavimentação excelente, onde rodamos 10 Km até o ponto onde se entra em uma estrada sem pavimentação à direita, seguindo por mais 15 Km até a entrada do parque onde está o Poço Azul. O movimento de pessoas era bastante grande, talvez por ser domingo, com dezenas de veículos na área de estacionamento que fica do lado de fora do parque. Optamos por não entrarmos no parque, já que é um lugar para se passar o dia e isso não estava em nossos planos. Resolvemos seguir pela mesma estrada por mais 6 Km até outro parque menor, chamado Encanto Azul. Ali existem cachoeiras e piscinas naturais de águas cristalinas onde se pode desfrutar de um excelente banho em meio à natureza dentro de uma mata fechada. O local é lindíssimo. Para entrar no parque se paga um ingresso de R$ 20,00. Toda esta região faz parte da Chapada das Mesas. Saindo do Encanto Azul retornamos para a BR 230 e seguimos até a cidade de São João dos Patos, que está às margens da Transamazônica, chegando em torno das 19 horas com 664,5 Km rodados e agora com 3.801,7 Km de Expedição Transamazônica. Ficamos hospedados no hotel Montesino, bastante agradável, na beira da BR 230. O hotel conta com serviço de restaurante e pizzaria, onde jantamos naquela noite.
São João dos Patos está no Estado do Maranhão e conta com uma população de 25.520 habitantes (IBGE 2017). É conhecida no Estado como a Capital do Bordado, prática artesanal hereditária entre as mulheres e que faz parte da cultura local. Outra característica da cidade é a política muito forte. A cidade está distante 547 Km da capital, São Luis, pela rodovia BR 135 em direção ao norte.
No 12º dia saímos de São João dos Patos em torno das 7h20min. Seguimos pela Transamazônica por 97 Km até a cidade de Floriano, no Piaui, parando na concessionária Honda Cajueiro Motos para manutenção das motos, onde fomos muito bem recebidos. Após, seguimos viagem passando pelo Estado do Piauí e entrando no Estado do Ceará. Chamou nossa atenção que no Ceará as pessoas a quem pedimos informações desconhecem quase totalmente a Transamazônica, inclusive a própria Polícia Rodoviária Estadual não teve certeza da informação quando paramos em um posto policial para nos informarmos. Não existe quase placas com referência à rodovia e em determinado trecho a BR 230 está sob domínio do Estado do Ceará, tendo se tornado uma rodovia estadual. Isto fez com que nos perdêssemos e saíssemos da rota por alguns quilômetros, porém conseguimos nos localizar novamente. Seguimos até a cidade de Farias Brito, onde chegamos em torno das 18h30min, já tendo anoitecido, com 645,5 Km rodados no dia. Ficamos no Nossa Casa Hotel, que tem uma aparência externa simples porém com acomodações muito boas para os padrões que estávamos encontrando na viagem. O detalhe é que não tem banho quente, assim como todos os hotéis da região. Também não tem café da manhã. Neste dia completamos 4.537,2 Km de viagem. Jantamos em um pequeno restaurante onde nos foi servido um prato da culinária local bastante farto e barato. O suficiente para saciar a fome que naquela hora era bem acentuada. Embora tenhamos ficado poucas horas em Farias Brito, fiquei com uma ótima impressão da cidade. Naquela noite ficamos sabendo que a esposa do André havia apresentado um problema de saúde, necessitando atendimento médico. Embora já estivesse com a situação controlada e em casa, o preocupação tomou conta de nós, pois estávamos a mais de 3.700 Km de Porto Alegre.
Farias Brito está localizado no Estado do Ceará, na região metropolitana do Cariri e na microrregião do Caririaçu. Tem uma população de 18.861 habitantes (IBGE 2015). O início do município data do final do século XVII, às margens do rio Cariús, onde era terra indígena. Inicialmente fora chamado de Quixará e elevado à categoria de município em 1890. Em 1920 o município perdeu sua autonomia política, ficando sob a dependência do município de Santana do Cariri. Nos anos subsequentes Quixará passou pelo domínio de outros municípois vizinhos sendo restituído à categoria de município em 1936. Em 1956 teve seu nome trocado para Farias Brito em homenagem ao filósofo Raimundo de Farias Brito. A economia local é baseada na agricultura, pouca pecuária, comércio e funcionalismo público.
Na manhã do dia 22 de julho, nosso 13º dia da Expedição, saímos de Farias Brito em torno das 5h30min da manhã parando em Lavras da Mangabeira, cerca de 75 Km após, para abastecermos as motos e tomarmos nosso café da manhã. A seguir continuamos pela BR 230 parando apenas em São Mamede e Gurinhem para abstecer as motos, e na concecionária Honda na cidade de Pombal para revisão. As rodovias do Ceará e da Paraíba são de boa qualidade e totalmente asfaltadas. Chegamos em João Pessoa em torno das 15 horas e seguimos em direção à Cabedelo. Ainda em João Pessoa, faltando poucos Km para chegarmos no marco zero da Transamazônica, o pneu traseiro da minha moto furou. Após o conserto fomos direto ao marco zero, onde chegamos em torno das 16h20min. Estava concluída a Expedição Transamazônica! Conseguimos cumprir nosso roteiro dentro do prazo planejado, porém a ausência do Humberto deixou uma lacuna nesta conquista. Foi um momento emocionante. Tiramos algumas fotografias e conversaos um pouco com um caminhoneiro que estava ali parado. O dia de céu azul e limpo e com um entardecer belíssimo fez aquele momento ainda mais sensacional. Não foi difícil chegar no marco zero, pois a BR 230 nos conduz até lá, bastando seguí-la pelo interior das cidades de João Pessoa e Cabedelo. Saindo do marco zero da BR 230 fomos até a Ponta do Seixas em João Pessoa, que é o ponto mais oriental do continente Americano, onde já chegamos à noite. Tivemos um pouco de dificuldade para encontrar o local, sendo necessário solicitar informações do trajeto aos moradores locais. De lá seguimos em direção à cidade de Recife, no Estado de Pernambuco, distante cerca de 120 Km de João Pessoa pela BR 101. No estrada, faltando cerca de 50 Km para chegarmos em Recife, novamente furou o pneu trazeiro da minha moto. Estávamos a cerca de 4 Km de uma borracharia, que nos serviu de ponto de apoio. Chegamos à conclusão que o problema deveria estar na estrutura do pneu ou no aro que, devido às constantes pancadas que sofreram durante a viagem estavam bastante danificados, e que um novo conserto poderia fazer com que voltasse a furar antes de chegarmos em Recife em algum local ainda mais deserto da rodovia. Além disso nos fora informado que estávamos em um trecho perigoso em relação a assaltos, não sendo recomendável ficarmos em locais sem apoio. Como já havíamos cumprido com nosso propósito e a Expedição Transamazônica estava concluída, resolvemos não arriscar. Entramos em contato com a seguradora para que a moto fosse enviada para Recife em um guincho.
João Pessoa é a capital do Estado da Paraíba. Tem uma popupalcão de 811.598 habitantes (IBGE 2017), sendo a oitava cidade mais populosa do nordeste brasileiro. É conhecida como Porta do Sol, devido à Ponta do Seixas ser o local onde primeiro o sol nasce nas Américas. A cidade foi considerada a segunda capital mais verde do mundo em 1992, perdendo apenas para Paris, na França. João Pessoa tem duas grandes reservas de Mata Atlântica que são o Parque Arruda Câmara e a Mata do Buraquinho, atual Jardim Botânico. A economia da ciadade está baseada no turismo e comércio, além de um parque industrial com diversas indústrias.
Cabedelo é um município portuário que faz parte da região metropolitana de João Pessoa, estando estas duas conurbadas e tendo a BR 230 como a principal via de ligação entre as duas cidades. Tem uma área de 31,42 Km2, com medidas bastante peculiares. São 18 Km de comprimento e 3 Km de largura, com o oceano Atlântico à leste e o rio Paraíba à oeste formando uma península, com a extremidade norte da cidade localizada no ponto onde o rio Paraíba encontra o oceano. Desde sua fundação perdeu e conquistou sua autonomia para a cidade de João Pessoa por algumas vezes, voltando definitivamente à categoria de município do Estado da Paraíba no ano de 1956. Hoje Cabedelo é o município mais rico do Estado, com um PIB de 2,2 bilhões de Reais.
A BR 230 em seu início, no Estado da Paraíba, representa o principal elo de ligação entre os principais polos econômicos, que são o porto de Cabedelo e os municípios de João Pessoa, Campina Grande, Patos, Pombal, Sousa e Cajazeiras.
Chegamos em Recife já no início da madrugada do dia 23 de julho, quarta-feira. Após deixarmos as motos na casa de um amigo que nos aguardava fomos até o aeroporto onde o André, ainda preocupado com a saúde de sua esposa, conseguiu trocar a passagem e embarcou na mesma madrugada para Porto Alegre. No dia seguinte, após conversar com a seguradora, esta autorizou embarcar minha moto para fazer os reparos em Porto Alegre, assim como antecipou minha passagem de retorno para casa para o final daquela tarde. Estava encerrada a viagem.
A Transamazônica é uma estrada muito heterogênea com, pelo menos, metade do trajeto muito diferente do que estamos habituados, não só pela péssima estrutura ao longo da rodovia com também pelas condições do terreno percorrido. No período da seca, época em que lá estivemos, a poeira existente conhecida na região por “puaca” toma conta da estrada. Ao longo da Transamazônica existem diversas cidades ou localidades com condições de acolher os viajantes. A grande maioria são locais muito simples, com infraestrutura mínima necessária. Sempre se encontra oficinas de motocicletas, restaurantes, postos de combustíveis e hotéis. Em alguns pontos se pode conseguir gasolina em pequenos comércios à beira da estrada. O único local onde não se encontra qualquer ponto de apoio é no trajeto dentro da Reserva da Floresta onde, mesmo assim, ainda existe a pousada Buburé a poucos metros da BR 230. Com um mínimo planejamento dificilmente não se chegará em alguma localidade onde se possa passar a noite. Mesmo em caso de problemas na motocicleta, sempre passam diversos caminhões e camiotetes que podem nos prestar algum tipo de socorro. Durante o planejamento da viagem mapeamos todas as cidades ao longo da Transamazônica, assim como os locais de apoio entre elas. No trajeto entre Lábrea e Itaituba as cidades estão mais distantes entre si, porém existem várias vilas e pontos de apoio no caminho. Após Itaituba as distâncias entre as cidades passam a ser bem menores.
O final da viagem contou, na minha moto, com 5269 Km rodados desde a saída de Porto Velho até o momento em que o pneu traseiro furou pela segunda vez na BR 101, entre João Pessoa e Recife. Deste percursso, rodamos cerca de 2250 Km em off road. Sem qualquer dúvida, foi uma experiência acima do esperado, onde os aprendizadose e emoções ficarão marcados para sempre em nossa memória. Em cada viagem, seja pelos locais mais inóspitos do planeta ou pelos arredores de nossa cidade, sempre trazemos um novo aprendizado que irá nos acompanhar pelo resto de nossa vida. Viajar é crescer no mais íntimo da nossa alma.


DIA
DATA
PERCURSSO
Km diário
Km acumulado
1
12 de julho
Porto Velho (RO)
2
13 de julho
Porto Velho (RO) - Lábrea (AM)
449
449
3
14 de julho
Lábrea (AM) - Km 180 (AM)
430
879
4
15 de julho
Km 180 (AM) - Apuí (AM)
228,6
1107,6
5
16 de julho
Apuí (AM) - Jacareacanga (PA)
293,8
1401,4
6
17 de julho
Jacareacanga (PA) - Buburé(PA)
391
1792,4
7
18 de julho
Buburé (PA) - Rurópolis(PA)
268,5
2060,9
8
19 de julho
Rurópolis (PA) - Medicilândia(PA)
266,1
2327
9
20 de julho
Medicilândia (PA) - Marabá(PA)
620
2947
10
21 de julho
Marabá (PA) - Aguiarnópolis(TO)
280,2
3227,2
11
22 de julho
Aguiarnópolis (TO) - São João dos Patos (MA)
664,5
3801,7
12
23 de julho
São João dos Patos (MA) - Farias Brito (CE)
645,5
4537,2
13
24 de julho
Farias Brito (CE) - João Pessoa/Cabedelo (PB) - Recife
731,8
5269
14
25 de julho
Recife (PE)

Saída de Porto Alegre (RS), no aeroporto Salgado Filho
Da esquerda para a direita: Marcos André, Humberto Gassen e André Vargas


Museu da estrada de ferro Madeira Mamoré - Porto Velho  (RO)

Museu da estrada de ferro Madeira Mamoré - Porto Velho (RO)

Museu da estrada de ferro Madeira Mamoré - Porto Velho (RO)
Rio Madeira - Porto Velho (RO)
Rio Madeira - Porto Velho (RO)



Com os Irmãos da Facção Porto Velho do Moto Clube Bodes do Asfalto

As Três Caixas D'Água - Porto Velho (RO)

Porto Velho (RO)

BR 319 entre Porto Velho (RO) e Humaitá (AM)

BR 319 entre Porto Velho (RO) e Humaitá (AM)

Já na Transamazônica (BR 230), entre Humaitá e Lábrea (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Humaitá e Lábrea (AM)
Condições de transporte muito comum na região.

Transamazônica (BR 230), entre Humaitá e Lábrea (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Humaitá e Lábrea (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Humaitá e Lábrea (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Humaitá e Lábrea (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Humaitá e Lábrea (AM)
Marcos André e André Vargas

Transamazônica (BR 230), entre Humaitá e Lábrea (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Humaitá e Lábrea (AM)

Chegada em Lábrea (AM)
Ponto georreferencial do final da Transamazônica

Praça principal de Lábrea (AM)
Lábrea (AM)
Calçadão às margens do Rio Purus. Local para lanches e um belo passeio

Igreja Nossa Senhora de Nazaré, na praça principal de Lábrea (AM)

Rio Purus - Lábrea (AM)

Praça principal de Lábrea (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Lábrea  e Humaiá (AM)
Balsa sobre o rio Mucuim
Retornando para Humaitá e iniciando o trajeto até Cabedelo (PB)

Transamazônica (BR 230), entre Lábrea  e Humaiá (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Lábrea  e Humaiá (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Lábrea  e Humaiá (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Lábrea  e Humaiá (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Lábrea  e Humaiá (AM)
Cotidiano dos nativos da região
Transamazônica (BR 230), entre Lábrea  e Humaiá (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Lábrea  e Humaiá (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Lábrea  e Humaiá (AM)
Comunidade às margens da Transamazônica.
Exemplo da preocupação com a educação


Humaitá (AM)

Humaitá (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Humaiá e Santo Antônio do Matupi (Km  180) (AM)
Escola dentro da reserva indígena. 





Transamazônica (BR 230), entre Humaiá e Santo Antônio do Matupi (Km  180) (AM)
As motos já começam a dar sinais de estrada. Aqui o Humberto mostra a quebra do pisca traseiro da minha moto

Saída do Km 180 em direção à Apuí (AM)
Em frente ao Hotel Amazônia
Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Comunidade às margens do Rio Aripuanã



Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Comunidade às margens do Rio Aripuanã

Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Comunidade às margens do Rio Aripuanã
Detalhe da entrada de uma das casas, onde os moradores deixam seus calçados do lado de fora, cuidando a higiene da residência.

Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Travessia do Rio Aripuanã na "balsa-jangada"


Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Travessia do Rio Aripuanã na "balsa-jangada"
André e Humberto

Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Humberto pensativo

Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Os perigos da estrada podem estar escondidos sob a puaca
Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Ponte de toras de árvores.

Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (Km  180) e Apuí (AM)
Puaca


Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
O único ataque de "feras" que sofremos ao longo de toda a viagem.

Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Primeira intercorrência da viagem: pneu dianteiro da minha moto furado

Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)
Enchimento do pneu com compressor após a troca da câmara de ar, às margens da rodovia.

Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)

Transamazônica (BR 230), entre Santo Antônio do Matupi (KM 180) e Apuí (AM)

Revisão das motos na Oficina do Deja, a autorizada Honda em Apuí (AM)

Revisão das motos na Oficina do Deja, a autorizada Honda em Apuí (AM)
Da esquerda para a direita: André, Deja, Marcos e Humberto

Transamazônica (BR 230), entre  Apuí (AM) e Jacareacanga (PA)
Trajeto com muitas cavas profundas ao longo da rodovia


Transamazônica (BR 230), entre  Apuí (AM) e Jacareacanga (PA)

Chegada em Jacareacanga (PA)

Jacareacanga (PA)
Novas amizades são feitas ao longo da estrada e nas cidades onde ficamos.

Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)
Ponto de apoio de garimpos. Ao fundo tem um avião para os deslocamentos necessários.

Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)

Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)
Mais um ponto de apoio

Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)
Mais amizades colhidas ao longo da estrada

Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)
Garimpo clandestino, onde fomos muito bem recepcionados pelos garimpeiros.

Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)
Estrada para a Vila de Penedo

Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)
Garimpo legalizado na estrada para a Vila de Penedo

Vila de Penedo (PA)

Vila de Penedo (PA)

Voltando da Vila de Penedo para a Transamazônica, mais uma armadilha na estrada que surpreendeu o André

Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)
Dentro da Reserva  Nacional do Tapajós após uma chuva de verão. Estrada quase intransponível devido ao barro entre as rodas e os pára-lamas.
Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)
Dentro da Reserva  Nacional do Tapajós.
Raspagem do barro entre a roda dianteira e o pára-lamas



Transamazônica (BR 230), entre Jacareacanga  e Pousada Buburé (PA)
Noite dentro da Reserva  Nacional do Tapajós.
Muito cansados. O medo se transformou em um dos momentos de maior beleza da viagem
Pousada Buburé
Após a exaustiva passagem pela Reserva, o merecido descanso.



Amanhecer na Pousada Buburé, às margens do rio Tapajós.

Vista da Pousada Buburé

Passeio de voadeira pelo Rio Tapajós
Passeio de voadeira pelo Rio Tapajós

Vista da Pousada Buburé a partir do rio Tapajós

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)
Cerca de 20 Km antes de chegarmos em Itaituba

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)
Com um casal de franceses que estão dando a volta ao mundo de bicicleta pela segunda vez

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)
Tribo indígena em Itaituba, com o cacique (à direita) e seu filho (entre mim e o André)

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)
Itaituba

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)
Mais uma amizade da estrada, o Geraldo. Esse foi um momento de muita emoção ao ouvir sua história de vida.

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis -PA
A felicidade foi nossa companheira de viajem

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)

Transamazônica (BR 230), entre a Pousada Buburé e Rurópolis (PA)
Chegando em Rurópolis (PA)

Rurópolis (PA)
Mais amizades

Rurópolis (PA)
Hotel

Transamazônica (BR 230), entre Rurópolis e Medicilândia (PA)
Os perigos da estrada são uma constante

Transamazônica (BR 230), entre Rurópolis e Medicilândia (PA)
Pacas - PA
Concessionária Honda e oficina de motos ao lado, referenciada.
Transamazônica (BR 230), entre Rurópolis e Medicilândia (PA)
Pacas (PA)
Revisão das motos



Transamazônica (BR 230), entre Rurópolis e Medicilândia (PA)
Pacas (PA)
Gabinete odontológico dentro da oficina de motos

Transamazônica (BR 230), entre Rurópolis e Medicilândia (PA)
Pacas (PA)
Sobre o balcão da loja de peças de reposição para motos, o proprietário confecciona dentaduras.
Para o Humberto, que é dentista, foi algo inusitado 

Transamazônica (BR 230), entre Rurópolis e Medicilândia (PA)
Efeitos do lanche da noite anterior, em Rurópolis.
Humberto
Transamazônica (BR 230), entre Rurópolis e Medicilândia (PA)


Medicilândia (PA)

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)
Usina de Belo Monte, em Altamira

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)
Novo Repartimento

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)
Novo Repartimento - Mais amigos

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)
A bota do Humberto se entregou e necessitou um reparo improvisado com fita Tape

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)
Sangramento do freio dianteiro por bloqueio após queda. A experiência do grande mestre André Vargas fez toda diferença neste e em muitos outros momentos da viagem.

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)
Pausa para o descanso

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)
Lanchonete à beira da estrada onde terminou a parte de off road com os três juntos. O pior estava por vir.

Transamazônica (BR 230), entre Medicilândia e Marabá (PA)
Falha do motor da moto do Humberto e socorro no município de Itupiranga.
Mais novos amigos em um momento de tensão

Marabá (PA)
Fim da viagem do Humberto. Aqui nos despedimos do grande amigo e parceiro de viagem. Foi o único momento triste da viagem. Em seguida rumamos para Aguiarnópolis (TO), com apenas mais um pequeno trecho de 12 Km off road (o último) no final do Pará.
Transamazônica (BR 230), entre Aguiarnópolis (TO) e São João dos Patos (MA).
Agora em diante somente rodovias asfaltadas


Transamazônica (BR 230), entre Aguiarnópolis (TO) e São João dos Patos (MA).
Poço Cristal, no Parque Encanto Azul - Riachão (MA)

Transamazônica (BR 230), entre Aguiarnópolis (TO) e São João dos Patos (MA).
E
strada entre a rodovia MA 334 e o Parque Encanto Azul

Transamazônica (BR 230), entre Aguiarnópolis (TO) e São João dos Patos (MA).
Concessionária Honda Cajueiro - Floriano (PI)
Mais uma revisão nas motos
Transamazônica (BR 230), entre Aguiarnópolis (TO) e São João dos Patos (MA).
Transamazônica (BR 230), entre São João do Patos (MA) e Farias Brito (CE)

Farias Brito (CE)
Jantar com culinária típica do sertão do Ceará

Transamazônica entre Farias Brito (CE) e Cabedelo (PB)

Transamazônica entre Farias Brito (CE) e Cabedelo (PB)
Concessionária Honda Pau Brasil, em Pombal (PB).
A última revisão nas motos

Transamazônica entre Farias Brito (CE) e Cabedelo (PB)
A Expedição Transamazônica está chegando ao fim.
Transamazônica entre Farias Brito (CE) e Cabedelo (PB)



João Pessoa (PB)
Pneu furado na chegada.

Cabedelo (PB)

Cabedelo (PB)
Km Zero da Transamazônica.
CHEGAMOS!!!! MISSÃO CUMPRIDA!!!
FINAL DA EXPEDIÇÃO TRANSAMAZÔNICA

Ponta do Seixas, João Pessoa (PB)
Ponto mais ao leste do Brasil




DIA
DATA
PERCURSO
Km diário
Km acumulado
1
12 de julho
Porto Velho (RO)
2
13 de julho
Porto Velho (RO) - Lábrea (AM)
449
449
3
14 de julho
Lábrea (AM) - Km 180 (AM)
430
879
4
15 de julho
Km 180 (AM) - Apuí (AM)
228,6
1107,6
5
16 de julho
Apuí (AM) - Jacareacanga (PA)
293,8
1401,4
6
17 de julho
Jacareacanga (PA) - Buburé(PA)
391
1792,4
7
18 de julho
Buburé (PA) - Rurópolis(PA)
268,5
2060,9
8
19 de julho
Rurópolis (PA) - Medicilândia(PA)
266,1
2327
9
20 de julho
Medicilândia (PA) - Marabá(PA)
620
2947
10
21 de julho
Marabá (PA) - Aguiarnópolis(TO)
280,2
3227,2
11
22 de julho
Aguiarnópolis (TO) - São João dos Patos (MA)
664,5
3801,7
12
23 de julho
São João dos Patos (MA) - Farias Brito (CE)
645,5
4537,2
13
24 de julho
Farias Brito (CE) - João Pessoa/Cabedelo (PB) - Recife
731,8
5269
14
25 de julho
Recife (PE)


Agradeço aos amigos que participaram conosco da Expedição Transamazônica, nos apoiando: Mastertrail Escola de Pilotagem Avançada, Spinelli Motos Street e Off Road, Fox, Skysulbra Rastreadores, Iesa BMW Motorrad, Steitz Botas, Loja Mais Moto, Dado Bier Microcervejaria e todos aqueles que estiveram ao nosso lado durante os dias em estivemos atravessando o Brasil de Oeste a Leste, cruzando a BR 230, a Transamazônica, em toda sua extensão.
Por fim, quero agradecer especialmente a estes dois parceiros de viagem que se tornaram meus irmãos. A cada momento tenso, de dúvida, de cansaço, de preocupação, de pressa, de sede ou qualquer outro não agradável, os dois estavam ali, sempre com um sorriso e um deboche típico de quem está curtindo qualquer situação, seja boa ou ruim. A presença deles fez dessa viagem algo muito mais divertido e tranquilo. A técnica de pilotagem e o conhecimento de motociclismo do André foram fundamentais na segurança, na prevenção e solução dos problemas decorrentes da estrada. A tranquilidade, cultura geral e a apurada sensibilidade fotográfica do Humberto foram ingredientes de grande importância no transcurso da viagem e no registro fotográfico extremamente diferenciado da Expedição Transamazônica. Por mais que eu escreva jamais conseguirei expressar em um texo a imensa gratidão por ter estes dois irmão como parceiros desta incrível jornada que foi a Expedição Transamazônica.
Valeu, Humberto e André!!! E que venham outras viagens juntos.

Muito mais da Expedição Transamazônica será publicado em breve em um livro escrito por nós três, onde as histórias serão contadas com mais detalhes, além de técnicas e preparo da viagem.