Marcos André dos Santos. Triumph
Tiger 800 XCX.
Humberto Gassen. Triumph Tiger
Explorer 1200 XC.
Sábado, dia 5 de maio de 2018.
Após passarmos na concessionária
Triumph Edisa de Porto Alegre para o tradicional café da manhã, saímos em torno
das 11:30 horas pela BR 116, com destino ao distrito de Cazuza Ferreira, no
município serrano de São Francisco de Paula.
Embora chegar a São Francisco de
Paula seja mais perto pelas ERS 239 e ERS 020, passando pelas cidades de Novo
Hamburgo, Parobé e Taquara, o caminho mais curto até o distrito de Cazuza
Ferreira é passando pela cidade de Caxias do Sul.
Seguimos pela BR 116 por cerca de 50
Km até a localidade de Scharlau, no município de São Leopoldo, onde acessamos a
ERS 240. Continuamos por mais 9 Km até a ERS 122 e por mais cerca de 73 Km até
a cidade de Caxias do Sul, onde passamos por dentro da cidade. Existe a opção
de não entrar em Caxias, contornando-a por fora pela ERS 122. Saindo de Caxias
do Sul passamos por um pequeno trecho de cerca de 10 Km da BR 116 até o acesso
à RSC 453, estrada conhecida como Rota do Sol, que liga a serra gaúcha ao
litoral do Rio Grande do Sul. Pela RSC 453 rodamos mais 38 Km até o acesso ao
distrito de Cazuza Ferreira, no Km 183 da rodovia. Neste ponto, à esquerda da via,
existe um posto de gasolina conhecido na
região como Posto do Décio Ramos, sem bandeira de distribuidora de
combustíveis. Junto ao posto também há uma lancheria bastante simples e uma
borracharia. Até aqui todo o trajeto
percorrido foi de rodovias muito bem pavimentadas.
Logo ao lado do Posto do Décio Ramos
está a estrada de acesso ao distrito de
Cazuza Ferreira, distante 25 Km da RSC 453. A rodovia não é pavimentada,
o que nos proporciona a alegria da pilotagem off road. O visual da estrada e
dos campos da região são muito bonitos, passando-se por diversas fazendas de
criação de gado e alguns poucos veículos. Pode-se dizer que os 25 Km de estrada
de chão não são difíceis de transpor, sendo um off road bastante leve. Chegamos
em Cazuza Ferreira em torno das 15:10 horas, já buscando um lugar para
almoçarmos. O local recomendado por um dos moradores a quem pedimos informação
foi um estabelecimento com uma placa identificando-o como “armazém e fruteira”,
com todas as características da simplicidade dos comércios da zona rural. Ao
solicitarmos o cardápio, a atendente nos informou que a única opção seria um
cheeseburger. Escolha feita!
Após comermos, fomos dar uma volta
pelas poucas ruas. A localidade é muito pequena, contando com um grande terreno
vazio, que seria uma praça, e poucas quadras, ao redor das quais estão as também
poucas casas do local, sendo muitas bastante antigas e construídas em madeira.
Em frente à praça está a igreja. As ruas se resumem a apenas uma ou duas quadras além da praça e quase todas sem
pavimentação. A população estimada é de cerca de 500 habitantes. Está distante
120 Km da cidade de São Francisco de Paula e 70 Km de Caxias do Sul. A vida
pacata, as casas antigas e simples, as poucas pessoas e veículos circulando nos
dão a impressão de que a localidade parou no tempo, porém nem sempre foi assim.
Entre os anos 40 e 60 do século XX o distrito apresentava uma melhor condição
devido à extração de madeira e às serrarias que ali existiam. Cazuza Ferreira,
na época, teve até um cinema chamado Cine Serraria, que se manteve em
funcionamento até o ano de 1968. Ainda existe lá o antigo Hotel Avenida, hoje
chamado de Hotel do Campo, construído em madeira. Com o fim da exploração da
madeira, a localidade perdeu a sua principal fonte econômica, aos poucos caindo
no esquecimento. Até mesmo o pequeno comércio local sofre com a dificuldade em
receber mercadorias devido ao difícil acesso, principalmente em épocas de
chuva. Hoje o distrito de Cazuza Ferreira tenta passar para o domínio do
município de Caxias do Sul. Os argumentos para tal é devido às poucas condições
que São Francisco de Paula proporciona ao distrito, sendo Caxias do Sul um
município com melhor poder econômico, assim como estar bem mais próximo de
Cazuza Ferreira.
Em Cazuza Ferreira a cada dois anos
se realizam as Cavalhadas, evento que simula a batalha entre cristãos e mouros
ocorrida no ano de 785, na França. Este acontecimento está presente na vida dos
moradores da localidade há 120 anos.
Enquanto estávamos parados em frente
à igreja para tirarmos algumas fotografias fomos abordados por uma senhora, proprietária
do Cantinho do Aconchego que, além de restaurante e cafeteria, também
disponibiliza hospedagem. Infelizmente não tivemos a oportunidade de degustar a
culinária. O lugar é bastante simples, agradável e, como diz o próprio nome,
muito aconchegante. Também conhecemos o Chico, um jovem comerciante
proprietário do único posto de combustíveis, oficina mecânica e borracharia
locais. Pessoas muito simpáticas e acolhedoras.
O nome Cazuza Ferreira se refere a
como era conhecido José Ferreira de Castilhos, tio de Júlio de Castilhos. Entre
os anos de 1850 e 1860 Cazuza teria doado terras para construção de uma capela
onde hoje é o distrito.
Saímos de Cazuza Ferreira em torno
das 17 horas, retornando pela mesma estrada sem pavimento até a RSC 453.
Seguimos pela Rota do Sol por 54 Km até o acesso à ERS 020 na localidade de
Tainhas, onde entramos em direção a São Francisco de Paula, distante mais 35
Km. A noite chegou ainda na ERS 453, ficando pior após entrarmos em um trajeto
de intenso nevoeiro que nos acompanhou até quase a cidade de São Francisco de
Paula. A péssima visibilade nos fez cogitar a possibilidade de passarmos a
noite por lá, porém não se fez necessário. Em nossos passeio sempre calculamos
o tempo e a distância de forma a não pegarmos noite na estrada ou, caso
inevitável, que seja próximo ao nosso destino. Desta vez cometemos o equívoco
de saírmos muito tarde de Porto Alegre, além de não contarmos com a
possibilidade de nevoeiro, o que é bastante comum na região por onde passamos.
Continuamos pela ERS 020 por 44 Km até
a cidade de Taquara. A estrada, descendo a serra gaúcha, é cheia de curvas e com poucos pontos de
ultrapassagem o que faz com que seja necessário muita atenção e cuidado, pois
se torna uma rodovia bem mais perigosa à noite.
Após Taquara seguimos até Novo
Hamburgo pela ERS 239 em uma rodovia duplicada, por 39 Km. Em Novo Hamburgo
entramos na BR 116, seguindo até Porto Alegre, por mais cerca de 45 Km. Foram
452,2 Km rodados durante o nosso passeio a Cazuza Ferreira.
A distância dos grandes centros, a
simplicidade da vida local e a sensação de estarmos no início do século
passado, faz com que Cazuza Ferreira seja um local que transmite muita
tranquilidade e paz.
Esta foi a última viagem que fiz com
a minha Triumph Tiger 800 XCX. Foram 32 meses onde juntos rodamos cerca de 29.000
Km de muitas alegrias, histórias e aprendizados. Por onde passamos deixamos um
pouco de nós e trouxemos um bocado desses caminhos. Essa moto foi uma paixão à
primeira vista quando a conheci, em 2013, ainda com o modelo anterior. Desejo
que traga ao seu novo proprietário tantas ou mais alegrias como me
proporcionou. Boas rotas, minha preta!!!
|
Estrada de acesso a Cazuza Ferreira |
|
Estrada de acesso a Cazuza Ferreira |
|
Estrada de acesso a Cazuza Ferreira |
|
Chegada a Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Lanchinho básico |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Hotel do Campo - Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cazuza Ferreira |
|
Cantinho do Aconchego |
|
Cantinho do Aconchego |
|
Rota |
Nenhum comentário:
Postar um comentário