segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Expedição 2014 - 1º dia.


Expedição 2014
Brasil – Uruguai – Argentina


Inicio aqui o relato de nossa viagem pelo Brasil, Uruguai e Argentina, ocorrido entre os dias 06 e 17 de dezembro de 2014. Os relatos serão colocados de forma fragmentadas, para que possam ser lidos de forma independente, conforme os locais que passamos.

Primeiro dia: Sábado, 06 de Dezembro de 2014.

Saímos de Porto Alegre às 6:55 h. Álvaro, na Yamaha XT 600 e eu na Honda NC 700 X.
Rumamos pela BR 116 em direção ao sul. O trajeto desta rodovia se dá de forma sobreposta à BR 290, até o município de Eldorado do Sul, cerca de 12 Km de Porto Alegre. No final da BR 290 existe uma praça de pedágio com um custo de R$ 5,15 para motos. Logo em seguida se continua pela BR 116.
Nossa primeira parada foi a 128 Km, na entrada da cidade de Camaquã, no paradouro SIM, para um cafezinho. Após, seguimos viagem até Pelotas.
Nesta rodovia, no trajeto até Pelotas, ainda existem mais dois paradouros recomendáveis. Um fica a cerca de 260 Km de Porto Alegre e se chama Paradouro Grill, local onde param os ônibus que fazem o trajeto de Porto Alegre para o Sul do Rio Grande do Sul. Logo em seguida a este paradouro há uma praça de pedágio onde motos são isentas. O outro paradouro fica a cerca de 286 Km de Porto Alegre (cerca de 26 Km do paradouro Grill), chamado Coqueiro. Em ambos se pode encontrar posto de combustíveis. Um pouco antes de chegar em Pelotas existe outra praça de pedágio, também isento para motos.
Tanto o trecho da BR 290 como todo o resto do trajeto percorrido na BR 116 são de boa pavimentação. A 116 está em obras para sua duplicação e ficará ainda melhor após a conclusão. Deve-se ter atenção, pois em parte do trajeto a velocidade máxima é de 100 Km/h voltando, posteriormente, a ser de 80 Km/h, o que pode nos fazer ser multados, já que é frequente o uso de radar móvel pela polícia rodoviária.
Chegamos em Pelotas em torno das 10:30 h com 267 Km rodados. Lá encontramos o Jorge e o Renan (Honda CB 300) nos aguardando em um posto de combustíveis no acesso à BR 392. Junto a eles estavam meu irmão, André Vinícius, e  o amigo Paulo. Após um período de conversas e mais um cafezinho seguimos em direção ao Uruguai. Agora eu, Álvaro, Jorge e Renan. Continuamos pela BR 392 por 36 Km até o Km 27, na Vila da Quinta, município de Rio Grande. Este trecho da BR 392, entre Pelotas e Rio Grande está totalmente duplicado, sendo uma estrada excelente para rodarmos.  Ali acessamos a BR 471 em direção ao Chuí, fronteira do Brasil com o Uruguai.

Saída de Pelotas
Percorremos a BR 471 por 107 Km, até chegarmos em nossa próxima parada, em torno das 13:05 h, no paradouro Costa Doce, onde almoçamos e abastecemos as motos. Ali estávamos com 411 Km desde a saída de Porto Alegre. O consumo de gasolina da minha NC ficou em 29 Km/l.
A BR 471 é bem pavimentada e quase não tem curvas, o que faz com que acabemos por acelerar um pouco mais que o habitual, devido à monotonia da estrada. Deve-se ter muito cuidado na localidade de Taim, onde existe uma reserva ecológica, sendo bastante comum animais, como as capivaras, atravessarem a estrada podendo ocasionar acidentes graves, principalmente com motocicletas. Neste trecho, de cerca de 15 Km, a velocidade máxima é de 60 Km/h. A atenção deve ser redobrada pois, além dos animais na estrada, existem controladores de velocidade, embora sinalizados. Encontramos cerca de 4 capivaras mortas por atropelamento à beira da estrada, dentro da Estação Ecológica do Taim. O local é muito bonito e, independente do perigo de acidentes com o animais, vale muito à pena passar devagar também para contemplar a paisagem.
BR 471
Chegamos no Chuí às 15:40 h, agora com 531 Km de estrada. As rodovias por onde passamos, desde Porto Alegre até aqui foram muito boas, sem problemas maiores em suas pavimentações.
No Chuí reabastecemos as motos (NC com 26 Km/l) e fomos em busca dos coletes reflexivos, que agora é norma para os motociclistas que trafegam nas estradas do Uruguai. Após procuramos um pouco, encontramos ao preço aproximado de R$ 15,00 cada.
Logo em seguida à saída do Chuí, seguindo pela Ruta 9, se passa pela Aduana Uruguaia, o que não traz maiores dificuldades para fazer a imigração, desde que tenhamos a documentação necessária, ou seja, carta verde, documento do veículo e documento de identidade em bom estado de conservação e atualizado (carteira de identidade ou passaporte). Vale lembrar que, em caso de veículo financiado, se deve levar a autorização do agente financeiro para circular fora do Brasil, assim como também em caso de o veículo não estar no nome do condutor, se deve ter a autorição registrada em cartório do proprietário legal.
Após passarmos pela aduana, seguimos pela Ruta 9 até a Fortaleza de Santa Tereza, no município de Castillos, departamento de Rocha. A fortificação, considerada a mais expressiva do país, se inscreve no Parque Nacional de Santa Teresa. Integrava a antiga linha raiana, denominada como Linha de Castillos Grande (Tratado de Madrid1750) e tinha a função de guarnecer o desfiladeiro de Angostura, vizinho ao monte de Castillos Grande, cerca de vinte quilômetros ao sul da Lagoa Mirim, e cerca de 40 Km do Chuí.

Ruta 9
Fortaleza de Santa Tereza
Fortaleza de Santa Tereza
Continuamos pela Ruta 9 até o município de Rocha, a 138 Km do Chuí, onde paramos para reabastecermos as motos e tomarmos mais um cafezinho, junto ao Paradouro Puerta Rocha, à esquerda da estrada. Ali tem um posto de combustíveis da ANCAP, bandeira Uruguaia. Minha NC fez 24,41 Km/l. Aqui surgiu o primeiro problema da viagem. A tampa do tanque de gasolina da XT 600 do Álvaro emperrou e não foi possível reabastecer. O combustível no tanque ainda era suficiente para chegarmos em Punta Del Este onde, no dia seguinte, tentaríamos efetuar o concerto, embora fosse domingo.
Saímos de Rocha e seguimos em direção à Punta Del Este, passando pela cidade de San Carlos. Chegamos em torno das 22:30 h e fomos direto para a pousada La Lomita del Chingolo, com 760 Km rodados desde a saída de Porto Alegre. Nesta época do ano o Uruguai também tem horário de verão, o que faz com que a hora do Brasil seja a mesma de lá.
Após descarregarmos as motos, saímos para nosso primeiro jantar em terra Uruguaia. Fomos a um restaurante onde, por R$ 56,00 por pessoa comemos entrecot recheado, picanha, salada verde, batatas fritas, arroz e refigerantes. Comida excelente.
Saída de Rocha
A pousada é um lugar muito agradável e simples. Ela é de propriedade do Rodrigo e da Alejandra que fazem do local uma residência aos seus hóspedes. A casa era de propriedade do avô do Rodrigo, cujo apelido era Chingolo. Lomita significa um pequeno morro. O café da manhã é feito pela própria Alejandra, com "sanduiches calientes com jamón e queso", ou seja, torradas de presunto e queijo, como chamamos no Rio Grande do Sul ou misto quente, como no resto do Brasil. Deve-se ter atenção, pois as casas nesta rua não tem números. Para encontrarmos a pousada, além de utilizar o GPS, necessitamos perguntar na vizinhança. O Google pode ajudar na localização. O valor da diária foi de cerca de R$ 67,00 por pessoa.


Expedição 2014 - 2º dia.




Segundo dia: Domingo, 07 de Dezembro de 2014.

Levantamos cedo. Eu e Álvaro saímos para buscar um local que abrisse o tanque de gasolina da XT, o qual haviam nos informado na noite anterior que poderia prestar tal serviço. Qual nossa surpresa que, após mais uma tentativa, o tanque reabriu como se nada houvesse ocorrido. Atribuímos o fato ao resfriamento da moto durante a noite. Aproveitamos e fomos reabastecer as motos.

Pousada La Lomita del Chingolo
Após o café da manhã, liberamos o quarto da pousada (check out às 12 horas), nos sendo permitido deixar nossas bagagens ali guardadas até a hora de sairmos da cidade.  Fomos passear por Punta Del Este. A cidade, localizada no Departamento de Maldonado, é muito bonita, com atrativos diversos e uma vida noturna intensa. As ruas principais tem um apelo comercial e turístico bastante acentuado, porém as áreas residenciais são bastante peculiares, com construções sem grades e muito bonitas, em ruas que não apresentam quadras retas. A cidade é cercada pela rambla, avenida à beira do oceano Atlântico e Rio da Prata, com belos edifícios. O local é bastante sofisticado e com preços, em geral, acima da média dos praticados no restante do Uruguai.
Punta del Este

Punta del Este

Antigamente povoada por indígenas, em 1829 o então prefeito de Maldonado fundou a Vila de Ituzaingó, que era um povoado de Pescadores que, em 1907, passou a se chamar Punta Del Este, onde famílias de Montevideo e da Argentina passavam suas férias de verão. Hoje é um dos destinos turísticos mais procurados do Uruguai, com uma população de um pouco mais de 7.000 habitantes.
Passeamos pela cidade e pelo porto, onde tem um iate clube com barcos belíssimos e de todos os tipos imagináveis, desde os mais simples até os mais luxuosos. É interessante observar os leões marinhos que chegam à beira do cais permitindo serem alimentados direto em sua boca, com restos de peixes em uma área de comércio de pescados frescos.
Renan alimentando os leões marinhos
O almoço foi em um restaurante simples chamado The Family. Comemos um “chivito com papas fritas”, que é o bauru uruguaio acompanhado de batatas fritas. Diria que o local é aceitável e cumpre com o que se propõe, embora não tenha nada da sofisticação de Punta. Caso deseje algo mais requintado, não faltam opções em Punta Del Este.
Após o almoço andamos um pouco mais pela cidade e, como se armava um possível temporal, resolvemos antecipar nossa saída. Retornamos à pousada, trocamos de roupa e equipamos as motos. Saímos de Punta Del Este em torno das 17:30 horas, em direção à Punta Ballena sob muita chuva.
Punta Ballena fica a cerca de 15 Km de Punta Del Este, pela Ruta 10. Basta seguir a rambla que se chega lá. A sinalização, assim como a estrada, é muito boa e facilita muito o acesso ao local. É uma pequena península no Rio da Prata, localizada no Departamento de Maldonado, tendo como importante atração a Casa Pueblo, antiga residência do artista plástico uruguaio Carlos Páez Vilaró. Hoje é um complexo turístico composto por uma galeria de arte, um museu e um hotel. O local oferece uma vista espetacular do Rio da Prata assim como um passeio muito interessante no seu interior. Em dias ensolarados é imperdivel contemplar o pôr-do-sol acompanhado de um poema de despedida ao sol, de autoria e recitado pelo próprio Carlos Páez Vilaró, evento denominado Cerimônia do Sol, em  uma gravação tocada nos alto-falantes da Casa Pueblo. Desta vez optamos por não entrar na casa, local por mim já visitado em outras idas ao Uruguai.
A vista da ponta da península também é lindíssima, onde se pode observar Punta Del Este a nossa esquerda. Ali se pode ter a real dimensão e imensidão do Rio da Prata, que se confunde com um oceano tamanha sua imponência.
Punta Ballena

Punta Ballena. Casa Pueblo ao fundo.
Após sairmos de Punta Ballena, seguimos pela Ruta IB (Inter Balnearia) em direção sul até Piriapolis, cerca de 29 Km de Punta Ballena. São cerca de 20 Km pela Ruta IB até chegarmos a uma rotatória onde se acessa à esquerda entrando em uma estrada chamada Camino de los Arrayanes por cerca de mais 9 Km, até chegarmos a Piriapolis.
Piriapolis é uma pequena cidade-balneário, com uma população de  cerca de oito mil habitantes, porém com uma população flutuante bem maior nos meses de verão. Foi fundada pelo Dr. Francisco Piria, em 1893. O lugar é muito bonito e bastante charmoso, valendo muito à pena ser visitado. Paramos para um lanche no restaurante La Rotonda. Ali conhecemos o argentino Guilhermo, um motociclista argentino que pertence a um clube de Kawasaki em seu país (kawaclub.com.ar) que, sabendo que passaríamos pela Argentina em nosso roteiro, prontamente colocou seu clube a nossa disposição em caso de necessidade. Também ali ficamos amigo de um menino, o qual me falta o nome, que se encantou com as motos.
Partimos de Piriapolis em direção a Montevideo, retornando à Ruta IB por mais cerca de 95 Km até chegarmos no hotel Las Gaviotas, em Montevideo. A Ruta IB é uma excelente auto-estrada totalmente duplicada, com pedágio isento para motos. No caminho paramos para abastecer. Minha NC fez 30,6 Km/litro de gasolina.
O hotel Las Gaviotas está localizado a uma quadra da rambla, avenida que está às margens do Rio da Prata, na rua Hipólito Yrigoyen, 1447, bairro Malvin. O local é um prédio bastante antigo, sem grande infra-estrutura, porém limpo, com bom banho, camas razoáveis, preço bastante em conta, bem localizado e com espaço para guardarmos as motos (não tem garagem). Pagamos cerca de R$ 20,00 a diária, em quarto quádruplo. O café da manhã está incluído porém, como de costume no Uruguai e Argentina, são bastante simples se comparados aos hotéis brasileiros. Na noite em que chegamos jantamos em um restaurante próximo ao hotel, chamado Boca Amada, tendo o prazer da companhia dos primos uruguaios Roxana e Franco. O local é bastante simples porém com comida muito boa e barata. Comemos “bife de vacio con guarnición”, o que corresponde a uma carne macia acompanhada de batatas fritas ou salada mista ou arroz e refrigerantes. O valor ficou em torno de R$ 37,50 por pessoa. Saímos bastante satisfeitos.
Neste dia rodamos 195 Km.

Expedição 2014 - 3º dia.



Terceiro dia: Segunda-feira, 08 de Dezembro de 2014.

Montevideo é a capital e maior cidade do Uruguai, além de ser a sede do MERCOSUL. A população é de cerca de 1,3 milhões de habitantes.
Após o café da manhã no hotel, fomos até uma loja de motos, representante da marca Royal Enfield, na Av. Gral. Rivera, 4406, onde o Álvaro solicitou ajuda para um ajuste na corrente de sua moto. Fomos muito bem recebidos e, embora não fosse uma oficina, muito menos uma concessionária Yamaha, a atenção dispensada a nós foi muito boa. Ali, além das Royal Enfield,  vendem acessórios para motocicletas e motociclistas.
De lá fomos ao Shopping Tres Cruces, localizado na Av. Italia com Blvr. Artigas, na loja de vendas da Buquebus, para comprarmos as passagens de Colonia del Sacramento para Buenos Aires. Resolvemos deixar as motos em Colonia e irmos sem nossas companheiras para Buenos Aires, já que fomos informados que, além de ter um trânsito complicado para motos, principalmente estrangeiras, o índice de roubos é bastante grande por lá. A loja da Buquebus fica no subsolo do Shopping e tem um atendimento muito bom. Ali foi possível não só comprarmos as passagens como também fazermos as reservas do hotel. Existem mais de um tipo de embarcações, sendo que o tempo de viagem pode variar entre 1 a 3 horas de viagem. O custo da viagem, em embarcação rápida, ida e volta (1 hora de viagem entre Colonia del Sacramento e Buenos Aires), transfer para o hotel e retorno ao porto,  e três noites de hotel em Buenos Aires foi de, aproximadamente, R$ 440,00 por pessoa.
Após sairmos do Shopping Tres Cruces fomos ao Estádio Centenário. O estádio, localizado na rua Turquia, 3302, entre Inglaterra e Mejico, pertence à Intendencia Municipal de Montevideo e destina-se a receber as partidas de futebol dos times locais, principalmente Peñarol e Nacional. Foi inaugurado em 1930, para sediar a copa do mundo aquele ano ocorrida no Uruguai. No seu interior há o museu do futebol, visitado pelo Jorge e pelo Renan. O estado de conservação do estádio está muito aquém do que se poderia esperar. O valor para visitar o Centenário é de 50 pesos uruguaios (cerca de R$ 5,00). Com a visita ao museu incluída sai por 100 pesos (cerca de R$ 10,00).

Estádio Centenario
Saímos do Estádio Centenário e fomos passear pela cidade. Fomos, inicialmente, ao Parque Rodó, localizado no bairro de Punta Carretas. O nome é uma homenagem ao escritor uruguaio José Enrique Rodó. Em frente há o Casino Parque Hotel, um dos cassinos mais importantes de Montevideo. Almoçamos por ali, em um restaurante muito simples, com comida razoável e preço um pouco abaixo da média. Não é um lugar que eu recomendaria.
Após almoçarmos continuamos nosso passeio pela capital Uruguaia. Fomos à Cidade Velha (Ciudad Vieja), que é um bairro que abriga a região onde iniciou a cidade, no ano de 1724. Deixamos as motos estacionadas na rua, em local prórpio para motocicletas, já que não encontramos estacionamento fechado que aceitasse motos nas redondezas e, no único que conseguimos, solicitaram para deixarmos as motos soltas, o que não nos inspirou confiança em relação à possibilidade de danos, não necessariamente a furto.

Rua Sarandi com os Portones de la Cidadela ao fundo
Na Cidade Velha está a Plaza Constitucón, onde se encontra a Catedral Metropolitana de Montevideo, antiga Igreja Matriz, construída a partir de 1790. Na praça existe uma feira de artesanatos uruguaios. Esta praça foi o centro do início da cidade. Em posição oposta à Catedral, está o Cabildo de Montevideo, sede do governo colonial. Seguindo pela rua Sarandi por duas quadras, se chega à Plaza Independencia onde, no período colonial, foi um forte chamado Cidadela. Ainda existe no local parte da construção onde foi um dos portões do forte, conhecido por Portones de la Ciudadela, localizado no cruzamento da rua Sarandi com a rua Juncal.
Atravessando a rua Juncal e o Portone de la Ciudadela, no término da Sarandi, se entra na Plaza Independência. Ali está localizado uma imponente estátua do Gen. Artigas, montado sobre cavalo, e seu mausoleo. José Artigas era um soldado espanhol, com ideais iluministas, que liderou um movimento popular na margem esquerda do Rio da Prata, a chamada Banda Oriental,  contra Espanha e Portugal, para libertar a região do domínio europeu. Devido suas ações em defesa dos pobres, até hoje é conhecido como “El protector de los pueblos libres”. Em 1816 tropas luso-brasileiras invadem o Uruguai e, após quatro anos de resistência, as tropas de Artigas são derrotadas e Portugal anexa ao Brasil as terras retomadas, com o nome de Província Cisplatina. Derrotado, Artigas vai para o exílio, onde morre em 1850, sem jamais retornar ao Uruguai. A Província Cisplatina permaneceu anexada a Portugal e, depois ao Brasil, até 1828, quando obtém sua independência.

Plaza Independencia


Seguimos nosso passeio a pé pela Av. 18 de Julio, que é um dos principais centros comerciais de Montevideo. Na esquina desta avenida com a Rua Yi está localizada a Fuente de los Candados (Fonte dos Cadeados), uma fonte onde casais prendem cadeados com seus nomes gravados e colocam as chaves fora, na crença que assim o amor entre o eles jamais acabará. Em frente à fonte está o restaurante Facal, um local tradicional de Montevideo e com um atendimento muito simpático.



Retornamos às motos e fomos passear pela Rambla, onde seguimos até o Hotel Casino Carrasco, no bairro Carrasco, por uma distância aproximada de 19 Km. O hotel, em estilo francês, foi inaugurado em 1921 como um balneário para a elite do início co século XX. É uma das construções mais tradicionais de Montevideo. Hoje, revitalizado, está sob domínio do grupo Sofitel.
À noite jantamos com os primos Roxana e Franco em sua residência. Um típico jantar uruguaio, com “ensaladas, papas e milanesas”, além de uma excelente cerveja. É claro que estávamos sem as motos.
Neste dia rodamos exatos 67 Km dentro de Montevideo.



Rambla

Rambla

Teatro Solis, em frente à Plaza Independencia

Expedição 2014 - 4º dia.






Quarto dia: Terça-feira, 09 de Dezembro de 2014
Partimos para Colonia del Sacramento às 9:45 h da manhã.
Ainda dentro de Montevideo abastemos as motos. A NC fez 22,7 Km/l desta vez, com 138,5 Km rodados desde a última reabastecida. Seguimos pela Ruta 1 em direção à Colonia. A estrada é de boa pavimentação, como de costume no Uruguai. No Km 85 paramos para um cafezinho em uma lanchonete à beira da estrada, muito simples e atendida por uma senhora extremamente amável, que fez questão de fotografar nossas motos e ser fotografada junto a nós. Nos indicou visitar um museu de carros antigos localizado um Km atrás, no Km 84, no lado oposto ao que nos encontrávamos na estrada.  Retornamos e encontramos o lugar. Ali existem dezenas de veículo antigos, quase amontoados, entre motocicletas, dezenas penduradas nas paredes, carros, tratores e até um carro fúnebre com dois caixões que, segundo o senhor que nos recebeu, o proprietário do local comprou para ser usado em seu funeral.  Fomos muito bem recebidos, sendo permitido tirar fotografias sobre as motos e dentro dos carros. A entrada é franca e o atendente faz questão de mostrar tudo o que ali existe além de explicar cada uma das peças. É um local que não pode deixar de ser visitado nesta rodovia.

Museu de veículos antigos

Chegando em Colonia del Sacramento

Chegamos em Colonia del Sacramento em torno das 13 horas e fomos procurar a casa de amigos da prima Roxana,  local onde deixaríamos as motos. Ao lado do porto de Colônia existe um estacionamento que se pode deixar as motos porém, por termos disponível a garagem da residência de pessoas recomendadas, obviamente não utilizamos o estacionamento do porto. O casal que nos recebeu, o senhor Carlos e a senhora Elsa, são pessoas incríveis.  Registro aqui nossa gratidão.
Após nos apresentarmos e deixarmos nossas bagagens, fomos até o centro da cidade. Fizemos um lanche em uma lanchonete junto à estação venda de passagens de transporte fluvial entre Colonia e Buenos Aires. O local é bom e com preços compatíveis, porém atendido por uma jovem não muito simpática. Tudo bem, nós estávamos em um excelente astral, o que não atrapalhou em nada.
A cidade é a capital do Departamento de Colonia. Orginada da Colonia do Santíssimo Sacramento, fundada em em 1680. A coroa prtuguesa, com intensão de expandir seus domínios até o Rio da Prata, determinou ao governador e capitão-mor da Capitania do Rio de Janeiro, Dom Manuel Lobo, que edificasse uma fortificação na margem esquerda deste rio. Em poucos meses os espanhóis, que ocupavam Buenos Aires, na margem oposta do Rio da Prata, reagiram e tomaram a Colonia do Santíssimo Sacramento em episódio conhecido como “Noite Trágica”, a 7 de agosto do mesmo ano. No ano seguinte, através de negociações diplomaticas, retornou ao domínio português até 1705, retornando ao domínio espanhol até 1715. O local tinha importância bélica e mercantil no Rio da Prata. Desde então foi alvo de disputas entre Portugal e Espanha, sendo incorporado à Província Cisplatina no século XIX e permanecendo junto ao Uruguai com sua independência.
As ruas e as casas são peculiares e nos remetem aos séculos XVIII e XIX. Connhecemos lá um jovem casal de brasileiros, vindos de Porto Alegre, que resolveram mudar para Colonia del Sacramento em busca de uma vida mais tranquila. Abriram uma pequena loja e lá vivem. O apelo ao turismo é bastante grande, com diversas lojinhas de souvenirs espalhadas pela cidade, em meio às antigas construções e uma história muito rica.


Colonia del Sacramento - Uruguai

Colonia del Sacramento - Uruguai

Colonia del Sacramento - Uruguai
No final da tarde retornamos à casa de nossos anfitriões, onde deixamos as motos. De lá fomos para o porto de Colonia, onde se faz a imigracão entre Uruguai e Argentina. Deve-se comparecer ao embarque com uma hora de antecedência à saída da embarcação. A saída do Uruguai e a entrada na Argentina se dá em um terminal no porto, em guichês conjuntos, sem qualquer separação entre eles, com os funcionários dos dois países trabalhando lado a lado.
Saímos de Colonia às 20:30 h, horário de verão uruguaio. A viagem foi muito tranquila emu ma embarcação muito confortável, inclusive com um pequeno free shop a bordo.
Desmbarcamos em Buenos Aires às 20:30 h, horário Argentino, onde não existe horário de verão.  O nosso transfer nos levou para o hotel San Antonio, localizado na rua Paraguay. Um hotel muito bom, limpo, com banho excelente, camas confortáveis e um café da manhã muito bom. Levando-se em consideração o custo de R$ 440,00 pelos dois trechos de transporte marítmo, transfer para o hotel e retorno ao porto, e três noites de hotel, o valor pago não se pode dizer que foi caro. Nesta noite jantamos em um restaurante próximo ao hotel, chamado El Carbón. O local é muito legal, com um astral argentino marcante. Comemos bife ancho e bife de chorizo (bons) e assado de tira, este último meio duro, sem corresponder ao que se esperava. O custo, com refirgerantes, foi de R$ 60,00 por pessoa. 

Expedição 2014 - 5º dia.





Quinto dia: Quarta-feira, 10 de Dezembro de 2014
Buenos Aires é a capital da Argentina e sua maior cidade, com uma população aproximada de três milhões de habitantes. É a segunda maior área metropolitana da América do Sul, ficando atrás apenas da grande São Paulo ao lado da qual é considerada Cidade Global Alfa. A cidade não faz parte da província de Buenos Aires, sendo um distrito autônomo.  É um dos principais destinos turísticos do mundo, com arquitetura em estilo europeu e uma vida cultural bastante intensa e rica, o que lhe atribui a denominação de A Paris da América Latina. A origem do nome vem da devoção à Nossa Senhora dos Bons Ares que tinham  os marinheiros sevilhanos no século XVI.
O tempo que programamos para fircarmos em Buenos Aires foi de apenas dois dias, período no qual teríamos tentar visitar o maior número possível de pontos turísticos e termos uma idéia geral da cidade. Para isso, optamos por fazer um passeio em um ônibus de turismo (Bus Turistico ou Buenos Aires Bus). O ônibus, com dois andares sendo o de cima aberto, sai da Diagonal Norte, próximo à Florida, passando por diversos pontos turísticos, onde se pode descer e conhecer o local, retornando ao próximo ônibus que passar para continuarmos o passeio. Durante o percursso se pode acompanhar uma gravação em diversos idiomas, inclusive português, com fones de ouvido, que serve como guia dos locais por onde o ônibus passa. É uma excelente opção para se conhecer a capital argentina. O único problema está em relação à pontualidade do ônibus em seus pontos de passagem, a qual não é muito respeitada. Mas, em se tratando de um passeio sem pressa, não chega a comprometer a programação. O custo para o pesseio é de 390 pesos argentinos para um dia e de 450 pesos para dois dias, o que significa cerca de R$ 98,00 para um dia e R$ 110,00 para dois dias, por pessoa. Esta foi, com certeza, uma excelente escolha.
Nossa primeira parada foi no estádio Bombonera, do Club Atletico Boca Juniors, no bairro La Boca, pois os amigos Jorge e Renan são amantes do futebol e, para os que curtem e acompanham o esporte, este é um ponto obrigatório a ser visitado.  O nome Bombonera se origina da semelhança a uma caixa de bombons. O ingresso nas dependências do estádio sai pelo valor de 95 pesos argentinos para visita sem guia e 115 com guia (cerca de R$ 24 e R$ 29,00), esta última durando cerca de uma hora e meia e em horários definidos. Devido ao tempo, optamos por fazer a visita sem guia. O estádio, com o tamanho mínimo exigido pela FIFA, foi construído em 1923 e tem três anéis de arquibancadas muito próximas ao gramado, o que faz com que quem assista aos jogos da arquibancada superior tenha uma visão com sensação de verticalidade.
Ao saírmos do estádio, caminhamos por cerca de quatro quadras até chegarmos ao Caminito, que também é um dos pontos cultural e turístico mais importantes de Buenos Aires, tendo inspirado o tango Caminito, composto em 1926 por Juan de Dios Filiberto. O caminho turístico é formado por uma rua em curva com cerca de 150 m. As casas são construídas em Madeira com a parte externa coberta por chapa metálica de cores diversas, um tipo de construção precária que caracterizou o bairro desde sua construção, no final do século XIX. Deve-se ter atenção com os objetos como celulares e cameras fotgráficas para evitar furtos. Também se deve cuidar para não ir às ruas afastadas da área de turismo, pois o bairro é conhecido por ser uma região de muitos assaltos.

El Caminito

Continuamos nosso passeio e fomos até o bairro chinês, onde almoçamos. Não é um lugar que se possa dizer que é  um passeio diferente e legal. Não há nada de mais por lá. O restaurante no qual amoçamos, apesar de ser chinês, oferece apenas talheres e, caso deseje utilizar hashi terá que solicitar. Comida ruim.
Nossa próxima parada foi no bairro da Recoleta. É um bairro nobre, com imóveis muito valorizados. A origem do bairro vem do Convento dos Padres Recoletos, da ordem Franciscana, que ali se instalaram no início do século XVIII.  O lugar é muito bonito e inspirador. Ali está o Cemitério da Recoleta que, por incrível que pareça, é também um ponto turístico de Buenos Aires, onde estão estão sepultados diversas personalidades argentinas, com destaque ao mausoléu da família Duarte, onde está sepultada Eva Perón. Como característica, este cemitério abriga verdadeiras obras de arte no que se refere às esculturas sobre os túmulos além de deixar à mostra os caixões no interior dos mausoléus. Mórbido, porém interessante.  No bairro existem diversos cafés que compõem um cenário típico da capital argentina. A parada em um deles é obrigatória.


Recoleta
Saímos da Recoleta já no final da tarde, retomando o ônibus de turismo. Descemos na Calle Florida já anoitecendo. A rua é um centro comercial e ponto turístico, com acesso exclusivo a pedestres, sem passagem de veículos, com uma extensão aproximada de 1 km. Sempre se encontra diversos artistas de rua, principalmente músicos e artesões e, como não poderia deixar de ser, show de tango na rua. Aliás, em quase todos os pontos turísticos de Buenos Aires se encontra dançarinos de tango pela rua prontos para serem fotografados junto aos turistas, sempre com muita sensualidade mediante, é claro, o pagamento de algum valor.
O jantar, mais tarde, foi em um restaurante chamado La Posada, localizado em um prédio construído em 1820, na rua Tucuman 501, esquina com a rua San Martin. O local tem um bom atendimento e com uma comida de boa qualidade. Pedimos uma parrillada para três pessoas, que serviu muito bem aos quatro, além de refigerantes. Custou cerca de R$ 38,00 por pessoa.


Endereço mais famoso de Buenos Aires

Mafalda e Álvaro, no Caminito.


Expedição 2014 - 6º dia.





Sexto dia: Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2014.
Pela manhã retomamos o ônibus de turismo e fomos à Praça de Mayo, localizada no bairro de Monserrat. Esta é a principal praça de Buenos Aires, sendo centro politico desde o período colonial até os dias de hoje. O nome se dá em relação à revolução de Maio de 1810, que desencadeou o processo de independência das colônias do sul da América do Sul. Ao seu redor estão construções importantes de Buenos Aires, como a Casa Rosada, sede do governo argentino, a Catedral Metropolitana, cujo início da construção se deu em 1692 e o Cabildo, que foi sede administrativa, juridical e prisão, no período colonial. No centro da praça existe a Pirâmide de Maio, construído em 1811, para comemorar o primeiro ano da Revolução de Maio. É na Praça de Maio que se reunem as Mães da Praça de Maio, grupo de senhoras que tiveram seus filhos desaparecidos no período da ditadura military argentina.

Catedral de Buenos Aires

Praça de Mayo - Buenos Aires 

Neste dia optamos por retornar ao Caminito para almoçarmos. Optamos pelo restaurante Parrillada Club Zarate, localizado na rua Enrique Del Valle Iberlucea, 1257. Comida boa e com show de tango ao vivo, com preço de 227 pesos argentinos, cerca de R$ 57,00 por pessoa. Os garçons são extremamente simpáticos com um atendimento muito divertido. Ali não aceitam cartões de crédito, potrém se pode efetuar o pagamento com cartão em um açougue próximo, cujo proprietário parece ser o mesmo do restaurante. Um cara extremamente antipático e arrogante que faz com que não queiramos retornar ao local.
Saímos do Caminito e fomos ao Puerto Madero, que é um centro financeiro e gastronômico de Buenos Aires. O porto foi construído em 1882, pelo engenheiro Eduardo Madero, sendo restaurado nos anos 90 do século XX.
Buenos Aires é uma cidade que vale muito a pena ser visitada.



Puerto Madero - Buenos Aires