Sexta-feira, dia 7 de setembro de
2018.
Marcos André – moto Triumph Tiger
Explorer 1200 XCX
Humberto - moto Triumph Tiger
Explorer 1200 XCA
Saímos de Porto Alegre às 6 horas da
manhã com destino à cidade de Bagé, na região da Campanha do Rio Grande do Sul.
Seguimos pela BR 290, paralelo à BR 116, no sentido sul por cerca de 14 Km, quando a
rodovia se desvia para oeste. Continuamos pela BR 290 por 123 Km até o
município de Pantano Grande onde paramos para tomarmos café em um paradouro
chamado Raabelândia. Aproveitamos para abastecermos as motos. Seguimos por mais
125 Km até o entroncamento com a BR 153, já no município de Cachoeira do Sul.
Naquele ponto entramos na BR 153 em direção sul onde andamos por mais 114 Km até
a BR 293. Ali encontramos o amigo Jorge Moreira (Honda CB 500), de Pinheiro
Machado, que nos aguardava para continuar o passeio conosco. Seguindo pela BR
293 por mais 10 Km está a entrada da cidade de Bagé, onde chegamos às 11 horas.
Estas rodovias são todas pavimentadas, porém com trechos que estão um pouco
danificados, com alguns buracos.
Fizemos um breve passeio pelo centro
da cidade de Bagé para tirarmos algumas fotos. Por se tratar do feriado
comemorativo à Independência do Brasil, o centro da cidade estava bastante
movimentado.
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Chegando em Bagé |
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Bagé |
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Bagé |
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Bagé |
O município de Bagé está localizado
no Sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul, na região da Campanha, fazendo
fronteira com o Uruguai. Bagé está inserido na região do Pampa Gaúcho, que foi
ocupada pelos índios Charruas até o século XVI. Tem uma população de 121.986
habitantes, segundo IBGE 2016. A cidade é conhecida como Rainha da Fronteira. Está
a uma altitude de 212 metros, o que lhe configura um clima com temperaturas
mais baixas. Seu início se dá a partir do ano de 1683, quando jesuítas fundaram
a Redução de São André de Guenoas. Nos anos subsequentes, as disputas entre
portugueses e espanhóis, assim como a revolução Farroupilha, foram fazendo com que se desenvolvesse uma
comunidade na região que hoje é Bagé. Sua fundação se deu no ano de 1811 e em
1846 foi elevado à condição de Freguesia e Município, no mesmo dia. A economia
se baseia na pecuária, agricultura e comércio local.
Saímos de Bagé em direção à Aceguá.
Após cerca de 10 Km por uma rodovia estadual, a qual no Google Maps consta com
BR 473, se entra na BR 153 pela qual se segue até a cidade de Aceguá, na
fronteira com o Uruguai. A distância entre Bagé e Aceguá é de 67 Km em uma
estrada de pista simples e com excelente pavimentação, percorrendo os campos do
Pampa Gaúcho, com um visual fantástico. Chegamos em Aceguá em torno das
12h50min, tendo percorrido 441 Km desde Porto Alegre. Logo na entrada da cidade
paramos para almoçar no restaurante Sabor da Colônia, um local com atendimento
e comida muito bons e preço justo.
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Entrada de Aceguá |
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Aceguá - divisa entre Brasil e Uruguai |
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Aceguá - divisa entre Brasil e Uruguai |
Aceguá foi distrito de Bagé até
1996, quando foi elevado à condição de município, porém sua implantação somente
se deu em janeiro de 2001 o que faz com sua história se confunda com a de Bagé.
O município é chamado de Princesa da Fronteira e faz divisa com a cidade
homônima uruguaia Acegua, sendo separada apenas por um canteiro central. A população
da Aceguá brasileira é de 4.671 pessoas (IBGE 2014), sendo que 75% estão na
área rural. A economia se baseia na agropecuária e hoje é uma das maiores
bacias leiteiras do Rio Grande do Sul. A Acegua uruguaia foi considerada zona
de livre comércio, levando à abertura de alguns poucos Free Shops.
Após um passeio pela pequena cidade
e algumas compras, saímos de Aceguá em direção à Candiota para vermos a usina
termoelétrica lá localizada. Voltamos pela BR 153 por cerca de 55 Km até o
entroncamento com a BR 473. Naquele ponto a BR 153 faz uma curva para a
direita, por onde se continua por mais 16 Km até a BR 293. A partir dali se
continua pela BR 293 em direção leste, à direita da rodovia.
Rodamos por mais cerca de 35 Km pela
BR 293 até a entrada de Candiota.
O início da cidade de Candiota é
atribuído a imigrantes gregos vindos da ilha de Cândia, hoje Ilha de Creta,
chamados de candiotos, no século XVIII. Na região do município foi travada a
Batalha de Seival, em setembro de 1836, quando as tropas do general farroupilha
Antônio de Souza Neto derrotaram as tropas Imperiais, iniciando a Revolução
Farroupilha. Ainda hoje existe o bairro de Seival no município. Em 1992 o município
se emancipou de Bagé. Segundo dados do IBGE de 2016, a população é de 9.362
habitantes. O subsolo do município é rico em minérios como calcário e carvão, o
que faz com que tenha grande importância na economia a produção de cimento e a geração
de energia termelétrica. A agropecuária também tem uma grande importância na
economia local. O município é sede da Usina Termelétrica Presidente Médici. A
cidade tem a peculiaridade de ter três sedes distintas, próximas uma da outra.
A história do complexo termelétrico
de Candiota se inicia no ano de 1950 quando se iniciaram as pesquisas sobre a
geração de energia elétrica a partir do carvão mineral, sendo a primeira usina
do complexo inaugurada em 1961, a Candiota I. A atual usina, a Usina
Termelétrica Presidente Médici ou Candiota II, foi construída em duas etapas,
sendo a primeira inaugurada em 1974, gerando 126 MW de energia, e a segunda
inaugurada em 1986, gerando mais 320MW, totalizando 446 MW de energia gerada.
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Usina Termelétrica Presidente Médici - Candiota II. |
Saímos de Candiota já no final da
tarde, pela BR 293, em direção à Pinheiro Machado, distante cerca de 31 Km,
onde chegamos em torno das 18h20min, com 613 Km rodados. Lá ficamos hospedados
no hotel Dal Cortivo, localizado logo na entrada oeste da cidade. Em Pinheiro
Machado, os moradores dizem que é a “entrada de Bagé”, por ser a mais próxima
para quem chega daquela cidade pela BR 293. O hotel é bastante simples, com
acomodações razoáveis, boa higienização, porém sem café da manhã nos feriados e
com chuveiro elétrico.
Fui morador de Pinheiro Machado
durante os anos de 1974 a 1978, onde passei dos meus 9 aos 13 anos de idade. Lá
vivi os primeiros anos de liberdade da infância, onde nossas maiores
preocupações eram poder brincar na rua com os amigos, andar de bicicleta e
sermos aprovados na escola. Os dias eram
cheios de alegria e da inocência da infância. Embora eu vá à “Pinheiro” cerca
de uma vez ao ano, quase nunca encontro os amigos com quem convivi na época em
que lá morei, exceto o Jorge que é meu compadre e parceiro de viagens de moto.
Sem dúvida, um grande irmão que conheci no ano de 1974. Sempre que vou à
Pinheiro Machado vem à memória aqueles tempos, há mais de 40 anos atrás. Lembro
dos amigos, dos nossos pais, das casas que frequentávamos, dos hábitos da
cidade. Em especial lembro de um grande amigo que estava sempre comigo e com o
Jorge, o qual Deus o levou para si aos 12 anos de idade, o Anolino, acometido
por determinada doença.
Naquela noite fomos recebidos por
amigos de infância que há muito não encontrávamos, quando saboreamos um churrasco
de carne de ovelha, típico da região e pelo qual tenho um grande apreço. O
encontro foi na casa do Alex, filho do proprietário de uma pequena livraria que
havia quase ao lado de minha casa nos anos 70, onde sempre comprávamos os
materiais escolares. Estavam presentes também o Richard, o André, o Fábio, o
Idar, o Gustavo, o Jorge e seu filho Renan (meu afilhado), além de mim e do
Humberto. As horas em que estivemos juntos passaram rápido, regadas à conversas
e lembranças da infância. Estar com aqueles amigos e ver os rumos que suas
vidas tiveram, suas histórias e tudo o que passaram até aqui faz parecer que
nunca estivemos afastados. O tempo
passou e os 40 anos que ficaram para trás voltam hoje naquelas vivências do
passado. Muita coisa mudou nestes anos, onde muitos amigos seguiram caminhos
hoje desconhecidos para nós. Outros até sabemos um pouco, porém são rostos
desconhecidos na multidão, além de alguns que foram levados pela morte. Os anos
vividos em Pinheiro Machado e as memórias que de lá trazemos permanecem vivas e
são parte importante de nossa essência. Não existem palavras que possam
expressar a gratidão e alegria de poder ter estado com estes amigos nesta
noite.
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Escola onde estudei entre 1974 e 1978 |
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Jorge e Humberto |
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Praça e Igreja Nossa Senhora da Luz |
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Casa onde morei entre 1974 e 1978 |
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Churrasco com os amigos |
Pinheiro Machado também está
localizado no Pampa Gaúcho entre a Serra das Asperezas, Serra do Velleda e
Serra do Passarinho, a 436 metros de altitude sendo um dos mais antigos
municípios do Rio Grande do Sul. Os primeiros registros de Pinheiro Machado
datam do ano de 1765 e tendo como os primeiros habitantes José Dutra de Andrade
e Tomás Antônio de Oliveira, açorianos que
ali chegaram em 1790. A região, por ter água em cacimbas naturais, era ponto de
descanso dos carreteiros que por ali passavam. Isto fez com que se criasse um
pequeno agrupamento que passou a se chamar Cacimbinhas. Segundo a lenda, José
Dutra de Andrade construiu uma capela à Nossa Senhora da Luz como pagamento de
promessa feita após ter ficado cego, tendo recuperado sua visão ao lavar os
olhos nas águas consideradas milagrosas das cacimbinhas. A cidade pertenceu ao
município de Rio Grande até o ano de 1830 quando passou a integrar o município
de Piratini, sendo emancipado em 1878 e desmembrado deste município em 1879,
passando a se chamar Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas. No ano de 1915, com
o assassinato do Senador José Gomes Pinheiro Machado, no Rio de Janeiro por
Mânsio Paiva, que era morador de Cacimbinhas, a cidade teve seu nome trocado
para Pinheiro Machado o qual mantém até hoje. Em 1938 foi elevado à categoria
de cidade, com um crescimento econômico importante que durou até os anos 60
quando, quando foi construída a rodovia e o transporte de mercadorias passou a
não mais entrar na cidade, o que acabou por tirar a participação de Pinheiro
Machado neste roteiro, contribuindo para seu declínio econômico. Aliado a isto,
nos anos 70, com a mecanização da agricultura e da pecuária, muitos
trabalhadores rurais perdem suas atividades, agravando ainda mais a crise que
se instalara. A população do município, segundo dados do IBGE de 2016, é de
12.944 habitantes.
Na manhã seguinte, após tomarmos
café da manhã na Padaria da Aninha, a qual nos foi recomendado como sendo a
melhor da cidade, em torno das 10 horas saímos em direção ao município de Pedras
Altas com objetivo de visitar o castelo lá construído pelo escritor e político
Assis Brasil. O caminho até Pedras Altas se dá pela antiga Estrada das Tropas, hoje RS 608, uma rodovia não pavimentada e com trechos muito ruins, distante cerca de 32 Km
do Pinheiro Machado. Em algum momento tentaram asfaltar a rodovia, ainda
restando trechos com pedaços de asfalto.
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A caminho de Pedras Altas - Rodovia RS 608 |
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A caminho de Pedras Altas - Rodovia RS 608 |
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A caminho de Pedras Altas - Rodovia RS 608 |
Pedras Altas é um pequeno município
do Pampa Gaúcho com uma população de 2.181 habitantes segundo IBGE em 2016. Junto
à cidade está o Castelo da Granja de Pedras Altas, construído pelo politico e
escritor Joaquim Francisco de Assis Brasil, no início do século XX, em estilo
medieval, entre os anos de 1907 e 1913. A granja era uma propriedade à frete de
seu tempo, passando a ter um importante papel na agricultura e pecuária do
Estado do Rio Grande do Sul. O castelo com mais de 40 cômodos foi todo construído
em granito rosa, pedra encontrada na região e escolhidas pelo próprio Assis
Brasil e por três construtores espanhóis trazidos da Europa. O motivo da construção
do castelo foi uma forma de dar a sua segunda esposa, dona Lídia, que era
europeia, proximidade às suas origens. Também, após sua carreira política e
diplomática, Assis Brasil queria se dedicar à agricultura e à pecuária, com
constante melhoramento destas atividades em sua propriedade. Seu objetivo era
unir a vida no campo com seu grande desenvolvimento cultural. Para tal, montou
uma imensa biblioteca com milhares de livros os quais colocava à disposição de
todos. Na Granja de Pedras Altas se falavam diversos idiomas e os trabalhadores
se utilizavam das obras da biblioteca. O prestígio intelectual e político de
Assis Brasil fez com que Pedras Altas se tornasse uma referência. Ali iniciou a
Revolução de 1923 contra a ditadura de Borges de Medeiros, sendo também o local
onde foi assinado o Tratado de Paz que terminou com o conflito, assim como
cenário de outros fatos marcantes da história gaúcha.
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Caminho para o castelo, dentro da Granja de Pedras Altas |
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Castelo da Granja de Pedras Altas |
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Castelo da Granja de Pedras Altas |
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Castelo da Granja de Pedras Altas |
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Castelo da Granja de Pedras Altas |
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Automóvel do início do século XX |
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Castelo da Granja de Pedras Altas |
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Piso da entrada do jardim do castelo |
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Área de trabalho do castelo |
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Área de trabalho do castelo |
O castelo não está mais aberto à
visitação. A propriedade está localizada dentro da cidade de Pedras Altas, junto
à antiga estação férrea. Logo na entrada da granja existe uma casa onde reside
a Senhora Adriane, bisneta de Assis Brasil. Ali fomos recepcionados pela senhora
Lídia, neta de Assis Brasil, com quem tivemos a oportunidade de conversar um
pouco, nos contando a atual situação do castelo. A propriedade, tombada como
Patrimônio Histórico, foi colocada à venda para que se tornasse um ponto
cultural e turístico, porém dos hoje 20 herdeiros da propriedade apenas seis se
colocaram à favor da negociação. Isso faz com que esteja cada vez mais
depreciada. Nem mesmo a visitação por fora do castelo é permitida, pois os
visitantes estavam depredando ainda mais o local, quebrando janelas para
poderem visualizar o interior do castelo. Até mesmo o cemitério onde estão enterrados
Assis Brasil e seus familiares, próximo ao castelo, teve seus túmulos
profanados em busca de possíveis jóias. Tivemos nossa entrada na propriedade
gentilmente franqueada pela senhora Lídia. O castelo fica cerca de 400 metros
distante da entrada granja, por um caminho pelo campo. Logo na entrada se
consegue enxergar a construção ao longe, em meio às árvores. À medida que nos
aproximamos, o castelo surge imponente à nossa frente, porém cercado de grande solidão. Na entrada
do jardim que está à frente do castelo, junto aos dois portões de cada lado do
castelo, desgastadas pelo tempo, está escrito nas pedras do piso a frase “Bemvindo a mansão que encerra bora lida e
doce calma: o arado, que educa a terra, o livro, que amânha a alma”. Estas
palavras nos mostram um pouco do espírito intelectual e trabalhador de Assis
Brasil. Não se observa qualquer
resquício da vida que outrora ali existiu, nos anos iniciais do século XX.
Ainda se percebe os desenhos dos jardins, hoje tomados pela vegetação do campo.
Algumas janelas quebradas dão passagem às intempéries, além de permitirem que
se observe o interior destes cômodos, com restos do que um dia foi a vida do
castelo. Ao redor ainda existem o que restou do que seriam locais para o
trabalho com o gado, também em meio ao mato e à destruição pelo tempo. Em uma
garagem, através de grades, se pode observar uma antigo automóvel do início do
século XX com placas da cidade de Pinheiro Machado. Parece que está ali, em um eterno
repouso do seu tempo de glória quando conduzia importantes personagens da
história do Rio Grande do Sul. O silêncio ao redor do castelo parece abafar as
vozes que muito ecoaram por ali. Fico imaginando os dias de festas e conflitos,
as gargalhadas e os choros, os momentos ali vividos e os fatos presenciados que
mudaram as vidas em toda uma região. As flores que um dia enfeitaram aqueles
jardins, hoje não passam de um imaginário em nossa mente. Saímos de lá com um
sentimento dicotomizado: felizes por termos conhecido o castelo construído por
Assis Brasil e muito tristes por vermos o abandono e descaso com um marco
importante de nossa história. Um local que tem muito a nos contar e encerra um
silêncio ensurdecedor. Fomos informados, em conversa informal com o pessoal de
Pinheiro Machado, que o valor da propriedade e o custo para seu restauro somaria
algo em torno de vinte milhões de Reais. Não sabemos o quanto essa informação é
precisa mas, em um país onde se encontra políticos com mais de cinquenta
milhões de Reais em dinheiro roubados dos cofres públicos e guardados e caixas
de papelão no interior de sua casa, assim como outros tantos milhões desviados
ilicitamente, não me parece que seja algo absurdo o Estado abraçar a causa da
Granja de Pedras Altas e transformar o lugar em um centro histórico e cultural.
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Pedras Altas - antiga estação de trem |
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Pedras Altas |
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Pedras Altas |
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Pedras Altas |
Retornamos para Pinheiro Machado
onde chegamos em torno das 14 horas. Almoçamos na padaria da Aninha, onde
também servem almoço. Abastecemos as
motos e saímos em torno das 15 horas com destino à cidade de São Lourenço do
Sul. Seguimos pela BR 293 em direção à cidade de Pelotas, distante cerca de 100
Km de Pinheiro Machado. No caminho passamos na propriedade rural de familiares
do Humberto, no município de Piratini, onde fomos recebidos com o nosso
tradicional chimarrão e uma café da tarde sensacional, com produtos
alimentícios feitos em casa.
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Propriedade dos familiares do Humberto - município de Piratini |
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Restos da Ponte do Império, sobre o Rio Piratini - construção da segunda metade do século XIX |
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Atual Ponte sobre o Rio Piratini, ao lado da Ponte do Império |
No final da tarde continuamos pela
BR 293 até Pelotas, onde entramos na BR 116 por mais 50 Km até chegarmos na
cidade de São Lourenço do Sul, às 20 horas, com 273,1 Km rodados no dia. Em São
Lourenço nos hospedamos no hotel Plaza Center, no centro da cidade. Um lugar
bastante agradável, com café da manhã, estacionamento fechado a cerca de 70
metros do hotel, chuveiro elétrico e com preço justo. Jantamos em uma
lanchonete a uma quadra do hotel, na mesma rua, chamada Comilão Lanches. O lugar é bastante
movimentado, com um atendimento que deixa muito a desejar e, pelo menos os
lanches que pedimos, com um sabor sem qualquer diferencial. Após fomos tomar um
chopp no Coach Pub, um bar muito legal, com música ao vivo e um pessoal com
altíssimo astral.
Em outra viagem aqui do blog está um
pouco da descrição do município de São Lourenço do Sul, com o título de 18º Moto Lagoa (São Lourenço do Sul) e
Pelotas, publicado em 04 de Abril de 2015, a qual transcrevo aqui. “São Lourenço do Sul é uma
cidade às margens da Lagoa dos Patos, cuja colonização alemã dá uma
característica completamente diferente em relação às cidades do sul do Rio
Grande do Sul, onde há predomínio da colonização portuguesa e espanhola. A
origem do município se deu no final do século XVIII, quando Portugal doou
terras às margens da Lagoa dos Patos, aos militares que lutaram na guerra
contra os espanhóis. No início do século XIX os moradores da Fazenda do
Boqueirão construíram a capela Nossa Senhora da Conceição, ao redor da qual
surgiu um povoado que foi o início do município, pertencente à Vila de Rio
Grande. Em 1830 o povoado da Fazenda do Boqueirão foi elevado à categoria de
freguesia, separado da Vila de Rio Grande e incorporado à Vila de São Francisco
de Paula, hoje Pelotas. Em 1815, na fazenda de São Lourenço, às margens do
arroio com o mesmo nome, foi erguida uma capela a São Lourenço.
A
colonização alemã data de 1858, quando realizado acordo entre o coronel
José Antônio de Oliveira Guimarães e Jacob Rheingantz. Em 1884 a
freguesia de Boqueirão é emancipada de Pelotas e, em 1890, a sede do município
é transferida para São Lourenço, passando a ser cidade em 1938. São Lourenço do
Sul foi local de diversas batalhas da Revolução Farroupilha no século XIX, com
uma importante participação neste conflito.
A
economia do município é basicamente agropecuária tendo, também, o turismo como
um ponto bastante forte. O carnaval e o Reponte da Canção, festival de música
nativista, também são eventos de bastante destaque. As belezas naturais
conferidas pela Lagoa dos Patos faz com que seja uma das mais belas praias da
região, sendo a cidade também conhecida como a Pérola da Lagoa. Segundo dados
do IBGE, a população de São Lourenço conta com um pouco mais de 43.000
habitantes”.
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São Lourenço do Sul - praça central |
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São Lourenço do Sul |
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São Lourenço do Sul - praia |
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São Lourenço do Sul - praia |
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São Lourenço do Sul - praia |
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São Lourenço do Sul - praia |
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São Lourenço do Sul - praia |
Na manhã seguinte, após passearmos
um pouco pela cidade, saímos para Porto Alegre, pela BR 116. Foram mais 202,2
Km até a chegada em casa, em torno das 15 horas.
Neste passeio rodamos 1.101,5 Km em
três dias. Andar de moto pelo Pampa Gaúcho faz com que voltemos no tempo e
revivamos um pouco da história do Rio Grande do Sul, passando por lugares que
foram palco de acontecimentos que nortearam o rumo do que hoje é nosso Estado.
Porém, acima de tudo e como um sentimento muito pessoal, estar junto aos amigos
de infância após 40 anos, faz com que a emoção seja bastante grande. Ver a vida
de cada um, tomar conhecimento dos acontecimentos e relembrar o passado com
memórias de fatos que parecem recentes, faz com que tenhamos a certeza de que
os vínculos plantados com solidez jamais se perdem, independente do tempo e da
distância. A nossa essência de menino permanece viva em cada um, hoje
acrescida da maturidade que os anos nos deram. Muito obrigado pela acolhida e
carinho, meus amigos.
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Congestionamento na chegada à Porto Alegre - fim de viagem |
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Rota |
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