sábado, 28 de março de 2020

Porto Alegre em meio à Pandemia de Coronavirus.


Marcos – BMW R 1250 GS HD Adventure

Sábado, dia 21 de março de 2020.
O mundo vive um momento tenso, onde uma pandemia nos faz temer os acontecimentos que virão. Todos estamos perdidos, sem saber o que fazer e como serão as próximas semanas. Nos últimos dias as ruas estão cada vez mais vazias. Os órgãos de saúde clamam para que a população se recolha em suas casas, saindo apenas por necessidade. No sábado anterior, dia 14 de março, havíamos feito um passeio de moto até a cidade de Monte Belo do Sul e sequer imaginávamos que em poucos dias passaríamos por uma mudança tão significativa de comportamento.
O dia de hoje estava reservado a um pequeno passeio de moto por perto de Porto Alegre, onde eu e o Humberto iríamos visitar o amigo André Vargas. Por prudência resolvemos desistir da visita a permanecermos recolhidos em nossos lares.
Olhando pela janela era possível observar um dia lindo de sol e uma temperatura bastante agradável para um passeio de moto. Um dia perfeito para sairmos cedo e pilotarmos para qualquer lugar, porém uma sensação de vazio me invadia. Não resisti à tentação e resolvi dar uma volta de moto pela cidade.
Saí de casa pontualmente às 14h09min, sem um destino certo. Apenas queria andar de moto. Hoje estou só, pilotando apenas com meus pensamentos. Os primeiros metros foram dentro do meu bairro, meio sem rumo. Aos poucos fui me afastando da região e quase de forma inconsciente me dirigi à zona central de Porto Alegre, onde mora meu filho André. Como um imã, fui atraído para seu apartamento. Os dias impossibilitado de encontrá-lo, embora poucos, se fizeram eternos. Passei alguns minutos com meu filho, mantendo a distância, sem poder dar o abraço e o beijo que jamais dispenso quando estou com ele ou com meus outros filhos.
Sigo meu caminho pelas ruas da cidade. A vida está diferente e o movimento habitual dos sábados na capital gaúcha não é o mesmo. Os restaurantes, tão frequentados aos finais de semana, hoje estão todos fechados e já não se encontram lojas abertas, exceto os mercados e farmácias. Parece um domingo? Não! Até poderia parecer, mas a cara de tristeza não deixa surgir a imagem de descanso dos finais de semana ou feriados. O que houve com minha cidade? O que houve com meu país? O que está acontecendo?
Continuei andando bastante devagar. Desta vez começo a me dirigir para a zona sul da cidade para tentar ver um pouco meu filho mais jovem, o Fabrício. Já faz uma semana que eu não o vejo e a saudade também aperta o peito. Nosso encontro se deu à distância conversando apenas pela sacada da casa onde mora com sua mãe, permanecendo separados por cerca de 10 metros. Uma conversa breve, sem o meu beijo e meu abraço. Saio com os olhos lacrimejando e não consigo conter a tristeza desta distância.
Lentamente tomo o caminho de volta para casa. Antes paro em um posto de combustíveis para encher o tanque da moto. Embora eu não tenha o hábito de deixá-la com o tanque cheio na garagem, nunca se sabe o que vai acontecer nos próximos dias e não quero ser pego desprevenido sem gasolina.
Desligo a moto pontualmente às 16h12min.
O que falar de Porto Alegre? Teria muito a comentar, mas não acho que este seja o momento para isso. A Porto Alegre hoje está triste e apreensiva com os acontecimentos que virão. Conversei algumas vezes com o Humberto para fazermos um passeio pela cidade, destacando seus pontos turísticos, história e tudo mais para escrevermos aqui. É um projeto que já deveria ter saído apenas da ideia. Após passarmos pela grande turbulência que virá nos próximos dias, esperando a ela sobrevivermos, certamente este projeto será escrito aqui.

Condução: 1h16min.
Pausa: 45 min.
Distância percorrida: 33 Km.
Odômetro total: 490 Km.
Velocidade média: 36 Km/h.
Consumo: 16,6 Km/l.






terça-feira, 17 de março de 2020

Monte Belo do Sul



Marcos - BMW R 1250 GS HP Adventure.
Humberto – Triumph Tiger Explorer 1200 XCA.

Saímos de Porto Alegre no sábado, dia 14 de março de 2020, em torno das 10 horas da manhã em direção à cidade de Monte Belo do Sul, na serra gaúcha.
Nosso roteiro iniciou pela BR 116 em direção norte por cerca de 30 Km até a localidade de Scharlau, no município de São Leopoldo. Neste ponto se acessa a RS 240 à esquerda da via, cruzando sob o viaduto da BR 116, percorrendo mais 13 Km até a ERS 122 já no município de Portão, onde se continua por mais 38 Km até a ERS 446, em São Vendelino, mais 16 Km até a BR 470 e mais 11 Km até o acesso à ERS 444 à esquerda da via. Por esta rodovia se percorre mais 16 Km até a pequena cidade de Monte Belo do Sul. Nosso GPS nos indicou um caminho equivocado, nos conduzindo ao interior do município de Bento Gonçalves. Mesmo fora da rota, a localidade onde paramos é bastante bela, com arquitetura típica italiana, o que fez valer à pena termos nos perdidos.  Após obtermos informação do caminho correto, retornamos à BR 470 até chegarmos na ERS 444.
Neste último trajeto de 16 Km se passa pelo Vale dos Vinhedos, onde se pode observar diversas vinícolas inseridas em uma paisagem deslumbrante da serra gaúcha.  O Vale dos Vinhedos ocupa uma área triangular de 82 m2 entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. Os vinhos ali produzidos são os únicos no Brasil que apresentam Indicação de Procedência e Denominação de Origem, o que lhes confere garantia de qualidade. Dentre as muitas vinícolas, se destacam a Dom Laurindo, Miolo, Cave de Pedra, Larentis, Casa Valduga, dentre outras. A gastronomia italiana predomina com diversos restaurantes ao longo da rodovia. Ali também existem hotéis para quem deseja ficar hospedado no local, como o Spa do Vinho e o Vila Michelon, dentre outros. A ERS 444 é a principal via do Vale dos Vinhedos, inciando na BR 470 e terminando na localidade de Santa Tereza, com um total de 29 Km.
Chegamos na pequena cidade de Monte Belo do Sul em torno do meio-dia, quando fomos buscar um local para almoçarmos. Nos foi indicado o Ristorante Nonna Metilde, localizado na rua Sagrada Família, no centro da cidade. O local já se destaca pelo visual na chegada com uma grande pipa de vinho onde, em seu interior, está o ambiente de entrada do restaurante. O local é bastante acolhedor, com um atendimento muito simpático e atencioso. A comida, típica italiana, é sensacional e com duas opções de serviços a preço bastante justo.
Monte Belo do Sul é uma pequena cidade da serra gaúcha em uma altitude de 618 metros acima do nível do mar e com uma população aproximada de 2700 habitantes. Mantém o Gemellaggio, termo de convênio cultural, social e econômico com a cidade italiana de Schiavon, província de Vicenza.
A colonização se deu em 1877 por imigrantes italianos. Em 1890, com a emancipação do município de Bento Gonçalves, a então localidade de Linha Zamith passou a ser seu segundo maior distrito, vindo a se chamar Montebello em 1932, em alusão à batalha de Montebello, na Itália. Em 1945 teve seu nome modificado para Caturetã, que na língua indígena significa Povoado Bonito e em 1949 mais uma vez teve seu nome modificado, passando a se chamar Monte Bello. A emancipação se deu em 1992 recebendo, então, a atual denominação de Monte Belo do Sul.
O apelo religioso é muito grande no município, com sua divisão geográfica separada em linhas com suas respectivas capelas. Na sede está a Igreja Matriz São Francisco de Assis que leva o nome do santo padroeiro do município, localizada na praça central. A igreja, inaugurada em 1965, pode ser avistada de longe por suas torres com 65 metros de altura. Nelas estão seus três sinos trazidos de Padova no ano de 1920 e que tocam a cada 15 minutos durante as 24 horas do dia. O som por eles emitidos servem como orientação para os agricultores locais quando em suas atividades diárias no campo.
A principal fonte econômica de Monte Belo do Sul é a agricultura, com predomínio da viticultura. Uma pequena parte de sua economia fica dividida entre indústria, comércio e serviços. A Associação dos Vitivinicultores de Monte Belo do Sul conta com 12 produtores de uvas e vinhos, oferecendo produtos de qualidade elevada, sendo considerado município com maior produção de uvas per capita da América Latina.
Saindo do restaurante fomos procurar a Tanoaria Mesacaza, a qual produz barris para armazenamento de vinhos e cachaças. A fábrica fica bastante próxima ao restaurante, na rua Dom Luis Colussi, não sendo difícil localizá-la, porém tivemos o azar de a encontrarmos fechada. Seguimos em frente até a praça da cidade para umas fotografias em frente à igreja. Ali parados resolvemos telefonar para a Mesacaza na tentativa improvável de sermos atendidos. Para nossa surpresa fomos recebidos pelo Mauro que nos levou a uma visita à fábrica, além de nos contar muito a respeito da história da Tanoaria Mesacaza e da produção dos barris. A fabricação dos barris iniciou no ano de 1960 com o Sr. Miguel Mesacaza, avô do Mauro. No ano de 1981 o Sr. Eugênio Mezacasa, filho do fundador e pai do nosso anfitrião, registrou a empresa em seu nome levando a uma grande expansão de sua produção, inclusive criando tecnologia própria. Hoje a Mesacaza produz e exporta seus barris para França, Escócia, Irlanda e Estados Unidos, assim como para empresas nacionais de bebidas. Além dos barris, ali são fabricados tinas e baldes de madeira.
Após a vista à Tanoaria Mezacasa iniciamos nosso retorno para Porto Alegre pela mesma rodovia ERS 444, passando pelo Vale dos Vinhedos. No caminho paramos para conhecer a Vinícola Cave de Pedra, uma construção em pedra imitando um castelo medieval. O lugar é bastante bonito, porém com um atendimento um pouco impessoal e distante, quase tão frio quanto as pedras que compõem as paredes do castelo. Como estávamos de moto, não foi possível fazermos a visita guiada com degustação de vinhos.
Seguindo pelo Vale dos Vinhedos paramos para conhecer a Vinícola Miolo. O lugar é espetacular, com uma grande área de convivência nos jardins além de uma loja com seus vinhos e espumantes à venda, assim como outros produtos com referência à cultura vinícola.
Após a visitação à Vinícola Miolo, seguimos de volta para Porto Alegre pelo mesmo caminho que percorremos para irmos até Monte Belo do Sul. Chegamos em casa em torno das 19h40min, com exatos 302 Km rodados.
Esta foi minha primeira viagem com a motocicleta BMW R 1250 GS HP Adventure. A moto é bastante confortável, com uma ciclística fantástica, muito bem equilibrada e transmite uma sensação de segurança diferenciada. Excelente resposta nas retomadas assim como uma frenagem surpreendente. Ainda é muito cedo para ter uma opinião mais definitiva, pois a moto tem apenas 457 Km rodados sendo esta sua primeira viagem e em um trajeto bastante pequeno. Inicialmente impressões são as melhores possíveis.

Dados do computador de bordo:
Início: 9h04min.
Chegada: 19h43min.
Condução: 5h28min.
Pausa: 5h10min.
Distância percorrida: 302 Km.
Geral: 457 Km.
Velocidade média: 68 Km/h.
Consumo: 18,8 Km/l.



Interior de Bento Gonçalves

Monte Belo do Sul

Ristorante Nonna Metilde

Ristorante Nonna Metilde

Monte Belo do Sul - Praça Central

Monte Belo do Sul - Matriz São Francisco de Assis

Monte Belo do Sul

Monte Belo do Sul - Tanoaria Mesacaza

Monte Belo do Sul - Tanoaria Mesacaza

Monte Belo do Sul - Tanoaria Mesacaza

Monte Belo do Sul

Vinícola Cave de Pedra

Vinícola Miolo

Vinícola Miolo

Vinícola Miolo

Rota






Rota Google Maps: