Encontro dos
amigos Na Estrada 100 às 6:00 horas da manhã de Sábado, dia 25 de abril de
2015, no posto Shell da rua Edu chaves, na saída de Porto Alegre. O grupo: Adão e Maria (Triumph Tiger 800),
Gaston e Adriana (Honda CBR 600), Magno e Lia (BMW 1100 Touring), Kuze e Dagui
(Super Teneré 1200) e eu e a Renata (Honda NC 700). Saímos precisamente às 6:33
horas pela BR 116 até a BR 290 e, em seguida, acessamos a BR 448 (Rodovia do
Parque) até a BR 386, trajeto já detalhado em outras postagens aqui no blog.
Seguimos pela BR 386 até o município de Lajeado, onde fizemos nossa primeira
parada para abastecer no Km 347, no posto Fórmula, com cerca de 120 Km rodados.
Ali nos esperavam o Cavion e a Janice (BMW GS 1200).
Na Estrada 100 |
A BR 386 é
duplicada até o Km 363, sendo que após a localidade de Tabaí (79 Km de nossa
saída), a estrada tem uma pavimentação espetacular por mais 25 Km. Nos próximos
10 Km a pista passa a ser simples, de duas vias, com poucos pontos de
ultrapassagens. Depois temos apenas mais 2,5 Km de estrada duplicada após os
quais a pista volta a ser simples. Seguimos por mais cerca de 100 Km onde
entramos à esquerda na RS 332, rodando por mais 51 Km até a cidade de Espumoso,
onde fizemos outra parada de abastecimento no posto do Selvino, com 269 Km de
estrada.
Kuze, Gaston e Adão |
Magno e Lia |
Após a saída
de Espumoso seguimos por mais cerca de 10 Km até a BR 377, onde entramos à
esquerda e seguimos por mais 90 Km até a RS 342 onde rodamos por mais 136 Km
até a BR 285 onde paramos para almoçar no Restaurante Novo Mundo, no Km 377,
com 173 Km rodados depois de Espumoso. Ali estávamos no município de Entre
Ijuís. O restaurante é muito bom com grande variedade de comidas no Buffet. O
atendimento é feito com muita simpatia e o preço bastante em conta. O Buffet
livre com um refrigerante saiu R$ 30, 00 por pessoa.
Continuamos
pela BR 285 por cerca de 32 Km onde entramos na RS 536, a nossa esquerda. Esta
estrada leva direto a São Miguel das Missões, por cerca de mais 16 Km, passando
pelo pórtico de entrada, que é uma alusão às ruínas. Chegamos em São Miguel em
torno das 15:30 horas, nos dirigindo direto à pousada Missões, com 492,5 Km
rodados (223,5 Km desde nossa última parada, restaurante Novo Mundo).
Pórtico de São Miguel, com a frase de Sepé Tiaraju "Esta terra tem dono"em Guarani. |
Logo que
entramos em São Miguel das Missões dobramos à direita na avenida Antunes Ribas.
Poucos metros à frente nos deparamos com as ruínas de São Miguel. Para mim foi
uma grata e emocionante surpresa pois, não sei por qual motivo, sempre imaginei
que as ruínas seriam longe da cidade, em alguma zona rural do município.
Eu e Renata - Pórtico de São Miguel das Missões |
Após
trocarmos de roupas e um breve descanso na pousada, fomos até às ruínas. O
caminho foi feito a pé, já que a pousada está a cerca de 300 m do parque. O
ingresso no parque custa R$ 5,00 por pessoa. Lá dentro podemos ver peças de
arte sacra esculpidas em madeira da época das missões jesuíticas feitas, em sua
maioria, pelos índios e expostas no Museu das Missões. Este museu, de
arquitetura modernista, foi criado em 1940 por Lúcio Costa e está localizado a
poucos metros da entrada do parque. Ao lado do museu está a cruz missioneira.
Ao atravessar o parque se chega às ruínas da igreja de São Miguel. A construção
imponente tem suas paredes resistente ao tempo e no seu interior se pode ter
uma idéia do que foi nos séculos XVII e XVIII. As ruínas mostram bem o trabalho
realizado pelos jesuítas e pelos índios. Peças daquela época ali ainda
presentes, nos fazem fazer uma viagem imaginária no tempo. Caminhar por dentro
das ruínas daquele templo e por seus arredores, imaginando os fatos ali
acontecidos narrados em nossos livros de história, nos traz uma grande emoção
lembrando que, naquele local e naquelas construções, se passou um momento muito
importante da história da América do Sul e, em especial, do Rio Grande do Sul.
Igreja |
Detalhe da Torre da Igreja |
Após
explorarmos todo aquele sítio histórico, retornamos à pousada não sem antes
tomarmos um café em um bar próximo, muito simples porém com um pastel
delicioso.
À noite
retornamos às ruínas para assistir o famoso espetáculo de som e luzes, que ali
ocorre há mais de 30 anos. O custo do ingresso é de R$ 5,00 por pessoa. Este
conta a história das missões jesuíticas e a luta entre os índios contra os
espanhóis e portugueses. O espetáculo é muito bem feito e, levando-se em
consideração que já é apresentado há mais de 30 anos, não traz grandes efeitos
tecnológicos, o que acho que poderia ser modificado com a tecnologia disponível
nos dias de hoje. Mesmo assim, é bastante emocionante. A narrativa é feita com
som de ótima qualidade e iluminação com teatralidade. O show inicia
pontualmente às 20 horas e tem duração de 48 minutos.
Cruz Misioneira |
Detalhe da Igreja |
Sino da Igreja |
Entre o final
do século XVII e meados do XVIII, os padres jesuítas espanhóis fundaram
aldeamentos chamados reduções, onde abrigavam os índios Guarani, com a
finalidade de catequizá-los. Foram criados 30 povoados, dos quais sete ficam
hoje em território brasileiro, sendo os demais distribuídos entre o Uruguai,
Argentina e Paraguai.
Estas
reduções eram organizadas ao redor de uma praça, onde a igreja era a principal
construção. Junto à igreja, a sua direita, estavam a residência dos padres, o colégio e as oficinas e,
à esquerda, o cemitério e o hospital. Nos demais três lados da praça ficavam as
casas dos índios. Nos fundos da igreja, desde o colégio e as oficinas até o
cemitério, ficava a quinta dos padres, onde havia pomar, horta e jardim. Todas
as construções eram circundadas por avarandados, permitindo a circulação de
pessoas de maneira que sempre estavam abrigadas.
A Redução de
São Miguel Arcanjo, fundada em 1637, foi a maior e mais próspera das sete
reduções jesuíticas que compunham os Sete Povos das Missões (São Francisco de Borja, São
Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São
João Batista, São Luiz
Gonzaga e Santo Ângelo Custódio),
localizadas hoje em território brasileiro, no Rio Grande do Sul que, na época,
por força do Tratado de Tordesilhas, de 1494, pertenciam à Espanha. Chegou a
abrigar 6.000 índios.
A redução era
dirigida por um conselho de caciques, em regime cooperativo, reunidos no
cabildo (prefeitura), localizado em posição oposta à igreja.
A igreja da
redução de São Miguel tem sua construção atribuída ao arquiteto jesuíta Gian
Battista Primoli, de inspiração barroca, com data estimada de início da
construção em 1735 e a conclusão entre 1744 e 1747, inspirada na igreja de
Gesú, em Roma, que era a igreja central da Ordem dos Jesuítas. Sua construção
ocorreu em partes, sendo a nave primeira parte, depois a torre e, finalmente, o
pórtico, sendo este atribuído a José Grimau. Possuía ornamentação interna rica
e colorida, com entalhes e pinturas sacras.
Igreja |
Os padres
jesuítas utilizavam a dança, a música, o canto, o teatro, a escultura e o
desenho como forma de catequizar os nativos. Além de se tornarem cristãos, os
índios aprendiam espanhol e noções de economia, arte, ciências, música e a
confeccionar instrumentos musicais.
Em 1750, com
a assinatura do tratado de Madri, a região dos Sete Povos das Missões foi
trocada com Portugal pela Colônia do Sacramento, passando esta região ao
domínio português e a Colônia do Sacramento ficando de domínio espanhol. Os
Guarani se recusaram a entregar as reduções aos portugueses, oferecendo
resistência. Ficou famosa a frase do líder Guarani Sepé Tiaraju “Essa terra tem
dono!” (Co Yvy Oguereco Yara, em Guarani). Isto levou Portugal e Espanha a se unirem contra os
índios, causando o conflito conhecido como Guerras Guaraníticas (1754 a 1756),
que levou à matança dos índios e destruição das reduções, terminando com a
morte de Sepé Tiaraju, em 1756.
Renata no interior da Igreja |
A ação do tempo e a depredação humana,
levaram à destruição das construções. Em 1938 os remanescentes dos Sete Povos
foram tombados como Patrimônio Nacional e, em 1983, juntamente com as Missões localizadas em território
argentino de San Ignacio Mini, Santa Ana, Nuestra Señora de Loreto e Santa
María La Mayor, São Miguel das Missões foi declarada patrimônio cultural
mundial pela UNESCO.
Após o
espetáculo nas ruínas, fomos jantar em um restaurante próximo chamado Aldeia
Grill. O local é bom, com um Buffet de comida caseira com um custo de R$ 25,00
por pessoa, fora as bebidas.
Igreja |
Na manhã
seguinte, após o café da manhã, iniciamos a viagem de volta para casa. Antes de
sairmos de São Miguel abastecemos as moto. Saímos às 9:45 horas. Chegamos em
Espumoso às 12:30 horas e fomos direto ao posto de gasolina onde havíamos
abastecido as motos no dia anterior e, qual nossa surpresa que, na cidade, não
havia sequer um posto de combustível aberto. O local para abastecimento mais
perto seria a cidade de Soledade, distante cerca de 40 Km de onde estávamos.
Chegamos em Soledade às 13:05 horas e também encontramos diversos postos fechados.
Após alguma procura, encontramos o Posto Bellenzier, já tendo rodado 265,5 Km
desde São Miguel.
Almoçamos em
Soledade no restaurante Genova, localizado na Av. Marechal Floriano Peixoto,
808, sala 13. O local é bastante amplo e serve uma grande variedade de comidas
em seu buffet, incluído frutos do mar e iscas de jacaré à milanesa, todos com
muita qualidade. O único ponto negativo é a acessibilidade a qual não é
projetada em todo o prédio, não apenas no restaurante. O atendimento é muito
bom e o preço bastante justo pelo que oferece, saindo por R$ 32,00 por pessoa o
buffet livre ou R$ 48,00 / Kg. O proprietário nos informou que em dias úteis o
preço é mais barato.
Soledade |
Seguimos pela
BR 386 até o município de Lajeado, onde paramos para mais um cafezinho no
restaurante Charrua, com 103 Km rodados desde o abastecimento em Soledade.
Neste ponto o Cavion e a Janice já não estavam mais conosco, pois seguiram em
direção a Caxias do Sul através de outra estrada logo após Lajeado, no
município de Estrela.
Continuamos
pela BR 386 em direção a Porto Alegre, porém optamos por entrarmos por Canoas,
através da BR 116, ao invés de
entrarmos pela BR 448, pois esta termina na BR 290 em frente à arena do Grêmio
e era dia de Gre-Nal, sendo que a
hora prevista de chegada coincidiria com o término do jogo.
Chegamos em
Porto Alegre às 18:30 horas, com 226,3 Km desde o abastecimento em Soledade e
com um total de 995,6 Km rodados nestes dois dias de viagem.
Foram
momentos maravilhosos, com amigos cuja companhia nos enche de alegria e faz com
que tenhamos cada vez mais vontade de compartilhar novos momentos com este
grupo, na estrada. Além do mais, cada viagem feita também nos traz novos
conhecimentos e faz com que vejamos o mundo de forma que somente por trás da
viseira é possível entender.
Lugares impressionantes eu levo sempre a minha motocicleta.
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