Domingo, dia
17 de Maio de 2015.
Após término
do encontro comemorativo dos 10 anos da Facção Coração do Rio Grande do
motogrupo Bodes do Asfalto, em Santa Maria, permaneci na cidade. Resolvi, então, fazer uma passeio pela região chamada
de Quarta Colônia. Esta região, próxima à Santa
Maria, na região central do
estado, é assim chamada por ser o quarto núcleo da colonização italiana no Rio
Grande do Sul no século XIX e da qual fazem parte nove municípios: Silveira
Martins, Ivorá, Nova Palma, Faxinal do Soturno, São João do Polêsine, Pinhal
Grande, Dona Francisca, Agudo e Restinga Seca. Ali se pode encontrar diversas
construções típicas italianas e igrejas, além de uma zona rural e costumes
bastante característicos deste tipo de colonização.
Saí de Santa Maria em torno das 12:20 horas pela RS 287 em
direção leste. Rodei por cerca de 9 Km até chegar no entroncamento com a VRS
804 (Estrada dos Imigrantes), estrada que leva até a cidade de Silveira
Martins. É uma rodovia de pista
simples, com asfalto de qualidade bem razoável e com algumas curvas, além de um
visual muito legal, o que é uma característica da região. Aos 10 Km na estrada
se encontra um mirante de onde se pode contemplar a paisagem. A cidade de
Silveira Martins fica mais 4 Km à frente.
Silveira Martins é considerado o berço da Quarta Colônia, pois
foi ali que chegaram os primeiros colonos italianos da região, na localidade de
Val de Buia, provenientes do norte da Itália, principalmente do Vêneto, em 19
de maio de 1877. Os imigrantes se instalaram no Barracão da Val de Buia, onde
hoje é o Monumento ao Imigrante, erguido em comemoração ao centenário da
imigração italiana, em 1977. A economia do município é baseada na plantação de
feijão, milho, batatinha e soja, além do turismo e da gastronomia. Segundo
dados do IBGE, a população de Silveira Martins é de 2.449 habitantes.
Monumento ao Italiano |
Silveira Martins |
Em Silveira Martins me foi indicado um restaurante chamado
La Sorella, referenciado como culinária italiana de muito boa qualidade. Não
foi difícil localizá-lo porém, ao chegar lá, percebi que estava lotado e que o
atendimento ocorre apenas com reserva antecipada. A atendente, muito simpática,
explicou que naquele dia estavam com duas “sessões” de reservas, sendo que a
segunda iniciaria às 14 horas e que também já estava com capacidade esgotada.
Embora não tenha provado a comida, fiquei com excelente impressão do local.
Saí de Silveira Martins e rumei em direção à localidade de Vale Vêneto, distante 7
Km, por estrada não pavimentada. Vale Vêneto é distrito de outro pequeno
município chamado São João do Polêsine. Ali chegaram, em 1878, os primeiros
imigrantes provenientes, em sua maioria, da região do Vêneto, na Itália, o que
deu origem ao nome da localidade. Foram cerca de 11 famílias que iniciaram a
localidade. Ali chegando encontrei um discreto restaurante em um antigo sobrado
de esquina em frente à igreja, sem qualquer placa que o indique. A entrada do
lugar é apenas um bar simples porém, lá dentro existe um salão com as mesas do
restaurante. Fiquei surpreso ao saber que este também era somente com reserva
antecipada. Como eu estava só, fui acomodado em uma mesa onde pude almoçar. O
restaurante de culinária italiana, oferece uma sequência de pratos, com uma variedade
bastante reduzida porém com um sabor inigualável e com quantas repetições
desejar. Inicia com uma tábua de frios, seguida de sopa de capeletti, salada
verde, rizoto, filé à milanesa e nhoques recheados cobertos por um molho
sensacional. Como sobremesa um sagu com creme feito com vinho bordeux produzido
artesanalmente na região. Por mais que eu queira explicar, não tem como
expressar o sabor e a qualidade da comida, que é feita pela senhora Romilda,
que dá o nome ao restaurante (Restaurante Romilda). O atendimento é feito pelos
proprietários e que fazem do lugar um recanto familiar. Conversando com dona
Romilda, me contou que o restaurante iniciou devido aos motociclistas
trilheiros da região que, ao ali chegarem, gritavam sob a janela que estavam com fome, o que a fazia descer do sobrado e preparar alguma comida
improvisada. Assim nasceu o Restaurante Romilda. O preço é bastante justo. A
sequência sai por R$ 45,00 por pessoa. Não dá para perder o suco de uvas, que é
servido em uma jarra pelo valor de R$ 15,00. Para completar, não há sinal de
celular nem de internet no telefone, o que faz com que se possa saborear a
comida com tranquilidade e, para quem estiver acompanhado, deixar o celular de
lado e interagir com outras pessoas. O telefone para contato é (55)32891095.
Igreja de Vale Vêneto |
Restaurante Romilda |
Saindo de Vale Vêneto, segui em direção à cidade de São
João do Polêsine. Foram mais cerca de 11 Km de estrada não pavimentada até
chegarmos na ERS 149, onde se acessa à esquerda por mais 6 Km até chegar na
cidade.
São João do
Polêsine recebeu esta denominação como forma de agradecimento a São João
Batista pela acolhida que ali tiveram os imigrantes italianos e para manter
viva a memória da localidade de Polêsine, no norte da Itália. Tem uma população
de 2.700 habitantes
Neste dia estava acontecendo a 60ª Festa Regional do Arroz,
em comemoração à colheita de arroz, com um desfile na rua principal com carros
alegóricos representando o motivo da festa. A cidade é muito simpática e bonita porém, devido ao evento
do dia, não foi possível circular mais pelo local.
Ao sair de São João do Polêsine, percebi que havia perdido
meu telefone celular, o que me fez retornar. Busquei ajuda em dois policiais
militares que estavam no controle do trânsito (que saudades do tempo em que a
Polícia Militar cuidava do trânsito de Porto Alegre) os quais prontamente me
socorreram. O soldado Martinazzo ligou de seu próprio celular para meu número
e, após algumas tentativas, conseguiu falar com o senhor que o encontrou. O
policial me acompanhou até o local onde estava o senhor com meu telefone o qual
me devolveu, recusando qualquer tipo de gratificação. Atitude como esta é que
nos faz acreditar que ainda existe solução para a falta de moral que assola
nossa sociedade. Deixo aqui o meu
agradecimento aos policiais militares, soldado Martinazzo e sargento Cardoso,
da Polícia Militar da cidade de São João do Polêsine.
Estrada |
Igreja de SãoJoão do Polêsine |
Saí de São João do Polêsine já no final da tarde, de volta
para Santa Maria, pela mesma ERS 149 até
chegar na RS 287. Foram cerca de 40 Km entre São João do Polêsine e o
bairro Camobi, em Santa Maria. Ao todo o passeio foi de cerca de 90 Km. Em
outro momento pretendo retornar com mais tempo e passar por outras cidades da
Quarta Colônia.
Quanto mais eu ando com a minha motocicleta mais lugares bonitos eu contro.
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